Denunciado na operação Lava Jato, o deputado Waldir Maranhão tirou Kátia Bogéa do Iphan |
A superintendente do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico) no Maranhão, Kátia Bogéa, despediu-se do cargo atirando.
"O Iphan é moeda de troca", criticou a demissionária, referindo-se à captura do órgão pelo deputado federal Waldir Maranhão (PP), padrinho do arquiteto Alfredo Costa, indicado para assumir o posto de Bogéa.
A superintendente fez a declaração à rádio Difusora AM, durante a cerimônia em que foi homenageada pela Câmara Municipal, referindo-se aos "relevantes serviços" prestados ao patrimônio do Maranhão.
Ao entregar o cargo, homenageada pelos vereadores, Kátia Bogéa criticou o balcão de negócios que a retirou da direção do Iphan no Maranhão.
Bogéa creditou sua demissão ao jogo político nacional e à crise de governabilidade no país. Traduzindo, quis dizer que seu apadrinhamento político - o PMDB de José Sarney - falhou na manutenção dos cargos federais no Maranhão.
Enfim, a crítica de Bogéa é um lamento, ecoado na coluna social do Pergentino Holanda (PH) e na Academia Maranhense de Letras (AML), com o aval da Câmara dos Vereadores. Todos enxergaram em Bogéa apenas virtudes, como se ela fosse a unanimidade na gestão do patrimônio histórico de toda a humanidade.
A declaração de Bogéa chega a ser irônica e absurda, porque todos os órgãos federais no Maranhão resultam de indicação política. Se ela foi mantida no cargo durante mais de uma década, teve padrinho forte! Qualquer paralelepípedo da Praia Grande sabe disso.
Quer dizer que antes de Waldir Maranhão o Iphan era um reduto da meritocracia exclusiva da incomensurável competência de Kátia Bogéa?
Quer dizer que nenhum outro ser humano seria capaz de gerenciar o patrimônio histórico do Maranhão?
Quer dizer que há mais de uma década apenas Kátia Bogéa era capaz de conduzir o Iphan?
Infelizmente, o Iphan agora estará a serviço de Waldir Maranhão, mas é fundamental que os organismos de controle e fiscalização façam um apanhado na gestão de Kátia Bogéa e acompanhem a nova administração.
Kátia Bogéa não é Deus! Está prestes a ser exonerada.
Existe alguma inconsistência nessa suposta unanimidade em torno da sua competência exacerbada? Afinal, por que o Centro Histórico vive tão abandonado, tomado por escombros e desprezo?
É preciso verificar quantas obras de recuperação dos prédios foram realizadas ao longo dos 12 anos de Kátia Bogéa à frente do Iphan.
Quantas obras foram realizadas?
Quanto dinheiro foi aplicado?
Quais empreiteiras foram contratadas para fazer os serviços?
Por que o Centro Histórico, apesar de tantos elogios a Kátia Bogéa, é um dos conjuntos arquitetônicos mais desprezados no país?
Quais as razões de tanta bajulação à ex-quase-superintendente do Iphan?
Como explicar que, ao longo de 12 anos à frente do Iphan, o Centro Histórico de São Luís esteja tão abandonado e sujo?
Essas perguntas precisam ser respondidas pelos órgãos fiscalizadores, para além das bajulações da Câmara dos Vereadores.
Waldir Maranhão é o pior padrinho do mundo para indicar um substituto de Kátia Bogéa, mas também não podemos tomá-la como unanimidade e referência de máxima competência na gestão do patrimônio histórico do Maranhão.
Por que o Iphan é moeda de troca apenas para atender aos interesses de Waldir Maranhão? Antes não era?
Existe algo de estranho em tanta bajulação, lamento e saudosismo a Kátia Bogéa.
O patrimônio histórico do Maranhão precisa ser passado a limpo!
2 comentários:
Qualquer paralelepípedo da Praia Grande sabe disso, não é mesmo surpreendente?
Com ela à frente, houve plena decadência do nosso Centro Histórico.
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