terça-feira, 14 de outubro de 2008

O ESPANTALHO SARNEÍSTA NAS ELEIÇÕES 2008

Jackson venceu Roseana em 2006, mas reestruturou a oligarquia com várias facções do grupo Sarney. João Castelo é a síntese do autêntico sarneísmo no Maranhão
Imagine a seguinte cena: “o senador José Sarney (PMDB), aos setenta e poucos anos, tomando a caneta do eventual prefeito Flavio Dino (PC do B-PT) para comandar a administração de São Luís”. Pois é essa ficção política que o governo Jackson Lago (PDT), hegemonizado pelo PSDB, tenta construir para associar a provável vitória de Flavio Dino ao grupo Sarney.


Essa cantilena é repetida todos os dias em boatos e no programa de televisão do candidato governista, João Castelo (PSDB), tentando levar o eleitor a absorver uma tese sem fundamento nem base na realidade eleitoral.


O grupo Sarney teve quatro candidatos à Prefeitura de São Luís: Gastão Vieira (PMDB), Raimundo Cutrim (DEM), Pedro Fernandes (PTB) e Waldir Maranhão (PP). Somados, não chegaram a 8% do total de votos válidos.


Estamos a duas semanas do segundo turno e até agora somente Gastão Vieira declarou apoio a Flavio Dino, enfatizando sua opção pessoal de cidadão e deputado federal. “A minha decisão não representa o PMDB, que pode tomar outro caminho na eleição”, frisou Gastão Vieira durante a entrevista na qual anunciou o apoio a Dino.


Os demais candidatos do grupo Sarney até agora sequer tomaram posição no segundo turno. Lembrando ainda que Raimundo Cutrim foi um dos maiores críticos do candidato da Unidade Popular (PC do B – PT) na primeira etapa da campanha.


Os artífices da tese Dino/Sarney são os mesmos que proclamaram a luta do bem contra o mal na eleição de 2006, quando o governador Jackson Lago foi eleito com o apoio de várias facções do sarneísmo (principalmente do PSDB), em torno da Frente de Libertação do Maranhão.


Eleito, Jackson Lago incorporou não só a base parlamentar do sarneísmo, herdada do seu antecessor José Reinaldo (PSB), como também as práticas do nepotismo, clientelismo, corrupção e outras. E mais: Lago colocou no comando do seu governo os tucanos herdeiros de Sarney.


Além disso, o governo Jackson priorizou a eleição dos tucanos João Castelo em São Luís e Sebastião Madeira (já eleito) em Imperatriz para entregar os dois principais colégios eleitorais do Maranhão ao PSDB, o maior adversário do governo Lula.


Para vencer em São Luís, os tucano-pedetistas tentam ressuscitar o grupo Sarney, agora como um espantalho, visando afugentar o eleitorado de Flavio Dino, sob o argumento de que a provável vitória da coligação Unidade Popular significa “a volta do sarneísmo”.


É preciso deixar claro que a eleição em São Luís tem dois palcos ideológicos bem distintos: as forças progressistas representadas pela candidatura de Flavio Dino e a direita retrógrada com João Castelo.


Castelo milita na oligarquia desde a Ditadura Militar, quando foi governador biônico indicado por José Sarney.


Nesse momento político de fratura dos grupos dominantes (municipal e estadual), a coligação Unidade Popular (PC do B – PT) é a opção real da construção de um pólo democrático-popular no Maranhão, alinhado ao sentimento nacional de mudança que iniciou em 1989 com a primeira campanha de Lula.


A candidatura de Castelo, historicamente, está na contra-mão de todas as forças democráticas que lutaram pela reconstrução política do Brasil. E no Maranhão sintetiza a hegemonia do PSDB, da extrema direita.


“A volta do sarneísmo”, nesse contexto, não passa de um bordão surrado, um engodo da nova oligarquia para confundir o eleitorado. É o espantalho fincado no milharal da propaganda dos tucanos.

Um comentário:

  1. Ed Wilson, li seu artigo e fiquei aqui matutando.
    De qualquer forma nós apoiamos, em 2006, a tal Frente de Libertação do Maranhão que elegeu Jackson. Algumas figuras de esquerda, como Joaozinho Ribeiro, até o secretariam. Acreditávamos que com isso estaríamos derrotando a oligarquia Sarney.
    Ocorre que já detinhamos a informação e toda a pinta de que Jackson buscaria formar uma nova oligarquia, pois desde que elegeu-se prefeito de São Luís começou a criá-la pelo enriquecimento do Teles que o acompanham politicamente desde criancinha.
    E esse foi o sentido da distribuição de renda que o socialismo moreno pregou por aqui: aumente-se o quantitativo de famílias mais ricas no Maranhão pela inclusão de mais uma.
    Esse cenário já era claro e não o levamos em conta em nossa análise de conjuntura da época. Deu no deu - o recrudescimento de novas oligarquias em união às velhas dissidentes que era algo mais que provável.
    De alguma forma, portanto, favorecemos ao fortalecimento da política oligarca no Maranhão, pois a história está provando que só se trocou os nome das figuras do maniqueismo político local.
    É necessário superar essa fase e torço muito ( mas não tenho certeza ) para que as relações políticas estabelicidas a partir da candidatura de Flávio Dino contribuam para tanto.

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