O saudoso jornalista Walter Rodrigues (WR) escreveu em abril de 2007, ainda no Colunão impresso, um artigo intitulado “Não se mate por causa deles”.
WR discorria sobre os encontros e desencontros, alianças e separações, acordos e traições entre as principais lideranças políticas do Maranhão.
Walter recuperou as alianças dos últimos 10 anos para concluir que Jackson Lago, Roseana Sarney, Epitácio Cafeteira, João Castelo e Roberto Rocha “se aliam uns com os outros, ou se repelem, conforme o interesse na ocasião”.
É uma pena que WR tenha morrido tão cedo, a ponto de não acompanhar agora o que se passa na política maranhense.
São cada vez mais fortes os indícios de uma aliança subterrânea entre o grupo liderado por José Sarney (PMDB) e o deputado federal Roberto Rocha (PSDB).
As primeiras revelações vieram à tona através dos jornalistas Luís Cardoso e Roberto Kenard, dando conta de pontes religando os Sarney aos Rocha, sob o intermédio do empresário Fernando Sarney.
De articulista do Jornal Pequeno aos domingos, onde escrevia artigos “anti-oligarquia”, o deputado tucano passou a ser bem tratado no Sistema Mirante de Comunicação. Subitamente, ganhou até entrevista no programa Ponto Final, da Mirante AM, o maior em audiência no Maranhão.
Outro fato novo foi a demissão do advogado César Belo da rádio Capital AM, de propriedade dos Rocha. Âncora do programa “Questão de Ordem”, veiculado das 20h às 22h na Capital, César Belo proferia todo tipo de insulto à família Sarney.
O programa de Belo era uma espécie de versão radiofônica do Jornal Pequeno, tradicional impresso anti-sarneísta no Maranhão.
Soma-se aos fatos anteriores a nova postura de um assessor de Roberto Rocha filiado ao PT. Alinhado simultaneamente aos radicais petistas e aos tucanos, o assessor calou-se em todo o processo de intervenção do PT Nacional no Maranhão.
Na lista de debates do PT na blogosfera, quando fervilhavam os argumentos contra a intervenção, o outrora detonador da “oligarquia” ficou quase calado.
O ventríloco do tucano na arena petista mantinha também um blogue no portal do Jornal Pequeno. Recentemente, passou a seguir carreira solo na Internet e cessou os ataques aos Sarney.
Circula ainda a informação, publicada no blogue de Luís Cardoso, dando conta da participação de Duda Mendonça na campanha de Roberto Rocha ao Senado. Mendonça é o marqueteiro oficial de Roseana Sarney.
Este conjunto de fatos pode revelar o acordo entre Sarney & Rocha com o objetivo de fritar a candidatura do ex-governador José Reinaldo (PSB) ao Senado, prejudicando também a campanha de Flavio Dino (PC do B) ao governo do Maranhão.
Reinaldo lutou o quanto pode para ser o candidato único ao Senado, pela oposição, mas terá de dividir os votos anti-Sarney com os tucanos Roberto Rocha e Edison Vidigal.
Rocha e Dino, expoentes da nova geração de políticos maranhenses, destacam-se no cenário pós-Sarney.
Enquanto Flávio Dino vai para a guerra, Roberto Rocha fica na sombra dos Sarney, preferindo uma transição lenta e gradual.
Se Roseana ganhar a eleição, pode haver uma recomposição geral da direita conservadora no Maranhão. Com a participação de quem? Do PT de Washington Oliveira e do PSDB de Roberto Rocha.
Para cumprir esta tarefa, Rocha dialoga com o grupo Sarney para dificultar e evitar a eleição de José Reinaldo (PSB) ao Senado.
Roberto Rocha conhece a fundo a força da máquina governamental em eleições maranhenses. Além disso, observa o crescimento de Dilma Roussef. E sabe que, sem o apoio do PSDB nacional, com uma eventual derrota de José Serra, dificilmente vencerá Sarney no Maranhão.
No confronto com os tucanos de São Paulo, Sarney conseguiu sobreviver colando em Lula. Resistiu ao caso Lunnus, em 2002, perdeu a eleição estadual em 2006, cassou Jackson Lago em 2009 e deu a volta por cima na recente devassa nos atos secretos do Senado.
Rocha viu ruírem os planos de derrotar Sarney pelo confronto. Conferiu seu exército e vai pedir a paz.
Enquanto isso, Sarney amola com paciência uma faca com a qual pretende cortar a cabeça de um homem em especial: José Reinaldo Tavares, considerado traidor.
Para o morubixaba maranhense, não basta Roseana ganhar o governo. José Reinaldo tem de ficar sem mandato, vulnerável, para futuras investidas da Justiça.
Enfraquecendo José Reinaldo, Roberto Rocha cumpre outro papel: abalar a candidatura de Flávio Dino.
E lá no fundo, Rocha faz jogo triplo. Negocia com Sarney, mas posa no palanque de Jackson Lago. Tem ainda a chance de chegar-se a Flavio Dino, caso o comunista passe ao segundo turno contra Roseana. Tudo em nome da unidade das oposições.
Na hipótese mais forte, de aproximação com o grupo Sarney, não há nada de incoerente na posição do tucano. Ele está em casa, onde sempre esteve, junto com as elites conservadoras do Maranhão.
Suas origens não negam. O pai de Roberto, Luiz Rocha, foi governador pelo PDS (ex-Arena) sob as bênçãos de Sarney.
E assim segue a política dominada pelo pragmatismo. Tolo é quem se mata por causa deles ou acredita em esquerda (verdadeira!) e direita como pressupostos religiosos.
Vamos aguardar os próximos capítulos das eleições 2010. Por enquanto, a audiência fica na expectativa: estaria Roberto Rocha de volta ao trabalho?
WR discorria sobre os encontros e desencontros, alianças e separações, acordos e traições entre as principais lideranças políticas do Maranhão.
Walter recuperou as alianças dos últimos 10 anos para concluir que Jackson Lago, Roseana Sarney, Epitácio Cafeteira, João Castelo e Roberto Rocha “se aliam uns com os outros, ou se repelem, conforme o interesse na ocasião”.
É uma pena que WR tenha morrido tão cedo, a ponto de não acompanhar agora o que se passa na política maranhense.
São cada vez mais fortes os indícios de uma aliança subterrânea entre o grupo liderado por José Sarney (PMDB) e o deputado federal Roberto Rocha (PSDB).
As primeiras revelações vieram à tona através dos jornalistas Luís Cardoso e Roberto Kenard, dando conta de pontes religando os Sarney aos Rocha, sob o intermédio do empresário Fernando Sarney.
De articulista do Jornal Pequeno aos domingos, onde escrevia artigos “anti-oligarquia”, o deputado tucano passou a ser bem tratado no Sistema Mirante de Comunicação. Subitamente, ganhou até entrevista no programa Ponto Final, da Mirante AM, o maior em audiência no Maranhão.
Outro fato novo foi a demissão do advogado César Belo da rádio Capital AM, de propriedade dos Rocha. Âncora do programa “Questão de Ordem”, veiculado das 20h às 22h na Capital, César Belo proferia todo tipo de insulto à família Sarney.
O programa de Belo era uma espécie de versão radiofônica do Jornal Pequeno, tradicional impresso anti-sarneísta no Maranhão.
Soma-se aos fatos anteriores a nova postura de um assessor de Roberto Rocha filiado ao PT. Alinhado simultaneamente aos radicais petistas e aos tucanos, o assessor calou-se em todo o processo de intervenção do PT Nacional no Maranhão.
Na lista de debates do PT na blogosfera, quando fervilhavam os argumentos contra a intervenção, o outrora detonador da “oligarquia” ficou quase calado.
O ventríloco do tucano na arena petista mantinha também um blogue no portal do Jornal Pequeno. Recentemente, passou a seguir carreira solo na Internet e cessou os ataques aos Sarney.
Circula ainda a informação, publicada no blogue de Luís Cardoso, dando conta da participação de Duda Mendonça na campanha de Roberto Rocha ao Senado. Mendonça é o marqueteiro oficial de Roseana Sarney.
Este conjunto de fatos pode revelar o acordo entre Sarney & Rocha com o objetivo de fritar a candidatura do ex-governador José Reinaldo (PSB) ao Senado, prejudicando também a campanha de Flavio Dino (PC do B) ao governo do Maranhão.
Reinaldo lutou o quanto pode para ser o candidato único ao Senado, pela oposição, mas terá de dividir os votos anti-Sarney com os tucanos Roberto Rocha e Edison Vidigal.
Rocha e Dino, expoentes da nova geração de políticos maranhenses, destacam-se no cenário pós-Sarney.
Enquanto Flávio Dino vai para a guerra, Roberto Rocha fica na sombra dos Sarney, preferindo uma transição lenta e gradual.
Se Roseana ganhar a eleição, pode haver uma recomposição geral da direita conservadora no Maranhão. Com a participação de quem? Do PT de Washington Oliveira e do PSDB de Roberto Rocha.
Para cumprir esta tarefa, Rocha dialoga com o grupo Sarney para dificultar e evitar a eleição de José Reinaldo (PSB) ao Senado.
Roberto Rocha conhece a fundo a força da máquina governamental em eleições maranhenses. Além disso, observa o crescimento de Dilma Roussef. E sabe que, sem o apoio do PSDB nacional, com uma eventual derrota de José Serra, dificilmente vencerá Sarney no Maranhão.
No confronto com os tucanos de São Paulo, Sarney conseguiu sobreviver colando em Lula. Resistiu ao caso Lunnus, em 2002, perdeu a eleição estadual em 2006, cassou Jackson Lago em 2009 e deu a volta por cima na recente devassa nos atos secretos do Senado.
Rocha viu ruírem os planos de derrotar Sarney pelo confronto. Conferiu seu exército e vai pedir a paz.
Enquanto isso, Sarney amola com paciência uma faca com a qual pretende cortar a cabeça de um homem em especial: José Reinaldo Tavares, considerado traidor.
Para o morubixaba maranhense, não basta Roseana ganhar o governo. José Reinaldo tem de ficar sem mandato, vulnerável, para futuras investidas da Justiça.
Enfraquecendo José Reinaldo, Roberto Rocha cumpre outro papel: abalar a candidatura de Flávio Dino.
E lá no fundo, Rocha faz jogo triplo. Negocia com Sarney, mas posa no palanque de Jackson Lago. Tem ainda a chance de chegar-se a Flavio Dino, caso o comunista passe ao segundo turno contra Roseana. Tudo em nome da unidade das oposições.
Na hipótese mais forte, de aproximação com o grupo Sarney, não há nada de incoerente na posição do tucano. Ele está em casa, onde sempre esteve, junto com as elites conservadoras do Maranhão.
Suas origens não negam. O pai de Roberto, Luiz Rocha, foi governador pelo PDS (ex-Arena) sob as bênçãos de Sarney.
E assim segue a política dominada pelo pragmatismo. Tolo é quem se mata por causa deles ou acredita em esquerda (verdadeira!) e direita como pressupostos religiosos.
Vamos aguardar os próximos capítulos das eleições 2010. Por enquanto, a audiência fica na expectativa: estaria Roberto Rocha de volta ao trabalho?
Caro Ed,
ResponderExcluirMuito bem articulado esssa estratégia(golpe),bem parecida com a unidade das oposições de 2006 que fizeram com que a esquerdalha petista fortalecesse nas eleições de 2008 o principal partido adversário do PT.
Abs,
Jorge Furtado.
o prefeito sebastiao madeira de Imperatriz, esta traindo o grupo liderado por jackson lago ontem a governadora roseana sarney estava em imperatriz com ele andando pela ruas da cidade e vistoriando obras, veja as fotos e materias no blog do pinheiro http://noticiadafoto.blogspot.com/, e no blog do secretario de comunicação da prefeitura elson araujo com seguinte titulo e imagens “Flavio e Roseana em Campanha pela região” http://porelsonaraujo.blogspot.com/
ResponderExcluirO problema Ed Wilson tem fundo mais profundo. Fernando Henrique Cardoso foi presidente por oito anos. Roberto Rocha era, como continua sendo, do PSDB. Quando foi que ele se destacou na política nacional? Nunca. Sempre foi coadjuvante. E assim será. Flávio Dino, ao contrário, soube mostrar que tem pernas próprias e cérebro de esquerda respeitável. Quanto assessor lulo-peessedebista, sei de quem se trata. Inclusive, quando da disputa pela coligação (PCdoB ou PMDB), essa figura começou a escrever artigo em que pedia calma, porque ganhasse quem ganhasse, estava tudo bem. Deixei um comentário no blog dele, dizendo que isso era jogo de quem estava com Roseana. Surpresa: após o PT decidir por coligar com Flávio Dino, Washington vei a minha casa, era um domingo, e disse-me: Kenard, esses vagabundos ficam falando de mim e do PT que quis fazser aliança com Roseana, mas fulano de Tal (o tal assessor que você cita) estava na lista dos que votariam favorável à aliança com o PMDB. Mas, como a votação foi aberta, ele traiu. E disse mais: não sei quem o comprou, mas ele estava na nossa lista.
ResponderExcluirAbraços,
Roberto Kenard
Caro Kenard,
ResponderExcluirVocê tem razão. Roberto Rocha é baixo clero no PSDB nacional. Madeira tem melhor patente. Chegou a dirigir o Instituto Teotonio Vilela.
Quando ao assessor petista-tucano, também ouvi estórias parecidas.
Grande abraço,
Ed Wilson