Quem acompanha o noticiário da Internet produzido no Maranhão deve ter ficado surpreendido com um furioso ataque dos blogues do Sistema Mirante de Comunicação à Vale (ex-Vale do Rio Doce). Veja no final dessa postagem uma lista de links com matérias sobre o tema.
A Vale sempre teve boas relações com os governos Sarney no Maranhão. Agora, a mineradora está sob fogo cerrado no portal Imirante. Motivo: a empresa teria cometido irregularidades que levaram várias empresas maranhenses à “quebradeira”.
Depura-se do noticiário que os negócios com a Vale começaram a gerar estragos da mina, em Parauapebas, ao porto do Itaqui, em São Luís, mexendo com interesses poderosos no Maranhão.
É relevante a iniciativa de denunciar a Vale nesse episódio. As informações expostas pelos blogues do Imirante acenderam uma grande fogueira. Melhor seria se aproveitássemos a oportunidade para fazer um debate mais profundo sobre a atuação da Vale no Pará e no Maranhão.
Desde a implantação, nos anos 1980, a Vale vem gerando problemas ambientais, econômicos e sociais graves. Deixou ao longo dos anos um rastro de destruição e miséria no Corredor Carajás, denunciados em artigos, revistas, livros, vídeos etc.
Tudo isso pode ser observado no site da campanha Justiça nos Trilhos (http://www.justicanostrilhos.org/), composta por várias organizações da sociedade civil atentas aos problemas causados pela mineradora e tentando soluções para amenizá-los.
Assistir ao vídeo “Não Vale” dá uma versão interessante sobre a mineradora, muito diferente dos informes publicitários veiculados na mídia. Recomenda-se também umas viagens no trem da Vale para ver de perto os impactos da mineração predatória no eixo Pará-Maranhão.
As raízes mais profundas para um debate sobre a Vale podem chegar ao arremedo de desenvolvimento do Maranhão imposto nos últimos 40 anos, baseado no latifúndio e na atração de enclaves econômicos como a Vale e a Alumar, nos anos 1980, e recentemente o espetáculo pirotécnico anunciando a aterrissagem da Suzano para produzir celulose na região tocantina.
O Maranhão não produz um pé de tomate, não beneficia o caju, não faz benfeitoria nos pescados e mariscos, não produz sal nem frutas para exportação. A bacia hidrográfica do rio Itapecuru banha 40 cidades, mas não se vê uma cultura irrigada nesse mar de água.
Não fosse o esforço da agricultura familiar viveríamos como uma Manaus em pleno Nordeste: tudo teria de ser importado.
Na contramão da produção de alimentos, as terras maranhenses estão infestadas de eucalipto para produzir celulose e alimentar os fornos das usinas siderúrgicas instaladas na ferrovia da Vale.
No Maranhão, quando existe projeto de irrigação, a exemplo do Salangô, os dutos só serviram para abastecer as contas bancárias dos interessados. Irrigaram a corrupção.
Esse exemplo da agricultura é um pequeno recorte sobre a economia do Maranhão. Não há plano de desenvolvimento. Nunca houve. Aqui é um eldorado exótico, típico do capitalismo mais selvagem, onde as crianças, em vez de frequentar escolas, trabalham e mutilam-se nas carvoarias que abastecem as siderúrgicas da Vale.
A visão míope e interesseira de desenvolvimento festeja a Vale, a Alumar e a Suzano com o mesmo foguetório que anuncia a construção de shopping(s) center(s) em São Luís, onde não tem praças decentes, nem parques ambientais, nem calçadas, ruas e avenidas pavimentadas.
O Maranhão inteiro vive um faroeste.
A Vale ficou pior depois da privatização criminosa do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Na lógica cega e onipotente do mercado, ela sobe no ranking entre as maiores mineradoras do mundo.
Esse gigante assusta e afasta a fiscalização da DRT, do Ministério do Meio Ambiente e o Ministério Público do Trabalho. A força da Vale silencia também o debate público nas casas legislativas.
Salvo raras exceções, qual deputado ou vereador toca no assunto?
Ninguém é tolo para menosprezar a importância do minério nas relações comerciais do Brasil com o mercado asiático.
Mas não é possível ainda suportar todo tipo de desatino cometido pela Vale. Da poluição sonora aos acidentes e mortes de trabalhadores na mina, passando pela ferrovia até chegar ao porto, há um vale de lamentações ao longo dos trilhos.
Quem olha o por do sol da praça Gonçalves Dias, um dos mais belos espetáculos de São Luís, não imagina que a única praça conservada de nossa cidade foi reformada pela Vale.
Sabe por quê? A mineradora teve de recuperar o logradouro para cumprir um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), por conta de um desastre ambiental provocado no Gapara, na zona rural de São Luís.
Veja no link
http://www.piratininga.org.br/artigos/2005/69/reportagem-edwilsonaraujo.html
a nossa reportagem de maio de 2005 sobre o derramamento de óleo no Gapara.
Seria a hora de mandar a Vale plantar batatas, em vez de eucaliptos.
VEJA O FOGO CERRADO CONTRA A VALE NO IMIRANTE:
http://marcoaureliodeca.com/2011/02/18/a-vale-e-a-quebradeira-das-empresas-maranhenses
http://marcoaureliodeca.com/2011/02/22/o-silencio-arrogante-da-vale
A Vale sempre teve boas relações com os governos Sarney no Maranhão. Agora, a mineradora está sob fogo cerrado no portal Imirante. Motivo: a empresa teria cometido irregularidades que levaram várias empresas maranhenses à “quebradeira”.
Depura-se do noticiário que os negócios com a Vale começaram a gerar estragos da mina, em Parauapebas, ao porto do Itaqui, em São Luís, mexendo com interesses poderosos no Maranhão.
É relevante a iniciativa de denunciar a Vale nesse episódio. As informações expostas pelos blogues do Imirante acenderam uma grande fogueira. Melhor seria se aproveitássemos a oportunidade para fazer um debate mais profundo sobre a atuação da Vale no Pará e no Maranhão.
Desde a implantação, nos anos 1980, a Vale vem gerando problemas ambientais, econômicos e sociais graves. Deixou ao longo dos anos um rastro de destruição e miséria no Corredor Carajás, denunciados em artigos, revistas, livros, vídeos etc.
Tudo isso pode ser observado no site da campanha Justiça nos Trilhos (http://www.justicanostrilhos.org/), composta por várias organizações da sociedade civil atentas aos problemas causados pela mineradora e tentando soluções para amenizá-los.
Assistir ao vídeo “Não Vale” dá uma versão interessante sobre a mineradora, muito diferente dos informes publicitários veiculados na mídia. Recomenda-se também umas viagens no trem da Vale para ver de perto os impactos da mineração predatória no eixo Pará-Maranhão.
As raízes mais profundas para um debate sobre a Vale podem chegar ao arremedo de desenvolvimento do Maranhão imposto nos últimos 40 anos, baseado no latifúndio e na atração de enclaves econômicos como a Vale e a Alumar, nos anos 1980, e recentemente o espetáculo pirotécnico anunciando a aterrissagem da Suzano para produzir celulose na região tocantina.
O Maranhão não produz um pé de tomate, não beneficia o caju, não faz benfeitoria nos pescados e mariscos, não produz sal nem frutas para exportação. A bacia hidrográfica do rio Itapecuru banha 40 cidades, mas não se vê uma cultura irrigada nesse mar de água.
Não fosse o esforço da agricultura familiar viveríamos como uma Manaus em pleno Nordeste: tudo teria de ser importado.
Na contramão da produção de alimentos, as terras maranhenses estão infestadas de eucalipto para produzir celulose e alimentar os fornos das usinas siderúrgicas instaladas na ferrovia da Vale.
No Maranhão, quando existe projeto de irrigação, a exemplo do Salangô, os dutos só serviram para abastecer as contas bancárias dos interessados. Irrigaram a corrupção.
Esse exemplo da agricultura é um pequeno recorte sobre a economia do Maranhão. Não há plano de desenvolvimento. Nunca houve. Aqui é um eldorado exótico, típico do capitalismo mais selvagem, onde as crianças, em vez de frequentar escolas, trabalham e mutilam-se nas carvoarias que abastecem as siderúrgicas da Vale.
A visão míope e interesseira de desenvolvimento festeja a Vale, a Alumar e a Suzano com o mesmo foguetório que anuncia a construção de shopping(s) center(s) em São Luís, onde não tem praças decentes, nem parques ambientais, nem calçadas, ruas e avenidas pavimentadas.
O Maranhão inteiro vive um faroeste.
A Vale ficou pior depois da privatização criminosa do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Na lógica cega e onipotente do mercado, ela sobe no ranking entre as maiores mineradoras do mundo.
Esse gigante assusta e afasta a fiscalização da DRT, do Ministério do Meio Ambiente e o Ministério Público do Trabalho. A força da Vale silencia também o debate público nas casas legislativas.
Salvo raras exceções, qual deputado ou vereador toca no assunto?
Ninguém é tolo para menosprezar a importância do minério nas relações comerciais do Brasil com o mercado asiático.
Mas não é possível ainda suportar todo tipo de desatino cometido pela Vale. Da poluição sonora aos acidentes e mortes de trabalhadores na mina, passando pela ferrovia até chegar ao porto, há um vale de lamentações ao longo dos trilhos.
Quem olha o por do sol da praça Gonçalves Dias, um dos mais belos espetáculos de São Luís, não imagina que a única praça conservada de nossa cidade foi reformada pela Vale.
Sabe por quê? A mineradora teve de recuperar o logradouro para cumprir um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), por conta de um desastre ambiental provocado no Gapara, na zona rural de São Luís.
Veja no link
http://www.piratininga.org.br/artigos/2005/69/reportagem-edwilsonaraujo.html
a nossa reportagem de maio de 2005 sobre o derramamento de óleo no Gapara.
Seria a hora de mandar a Vale plantar batatas, em vez de eucaliptos.
VEJA O FOGO CERRADO CONTRA A VALE NO IMIRANTE:
http://marcoaureliodeca.com/2011/02/18/a-vale-e-a-quebradeira-das-empresas-maranhenses
http://marcoaureliodeca.com/2011/02/22/o-silencio-arrogante-da-vale
Se informe melhor. Nenhum dos blogs que você cita está no imirante. Mania de querer atacar os Sarneys.
ResponderExcluirPerfeito.Eu também já tinha pensado, porque tanto intereesse dos blogueiros principalmente os mirantianos em dar ênfase as mazelas da Vale.
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