Lula e Dilma criaram uma nova
categoria de professor
universitário – o barnabé com título de doutor.
universitário – o barnabé com título de doutor.
A greve dos professores e técnicos
administrativos das instituições federais de ensino superior (IFES) é um
momento importante para refletir sobre as mudanças operadas na política
educacional dos governos Lula/Dilma e seus impactos na comunidade
universitária.
Nesse contexto, um dos fatos
sob análise é o Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais (REUNI), criado para ampliar as vagas na graduação,
cujos resultados imediatos estão a olhos vistos.
A riqueza do ensino superior
é o ingresso da população pobre nas IFES. É gratificante ver, nas salas de aula
da UFMA, estudantes dos mais longínquos bairros de São Luís freqüentando a academia.
Não há dúvidas de que o
REUNI, associado ao Enem, democratizou o acesso ao ensino superior, associado a
um considerável investimento na estrutura física da Universidade.
Basta observar as aparências
no campus da UFMA, transformado em um canteiro de obras, com prédios novos
erguidos nos arredores dos velhos escombros de 1970, com salas de aula
inviáveis.
Os governos Lula/Dilma
criaram também o Pró-UNI, com o objetivo de custear o ensino dos estudantes
pobres em faculdades privadas, contrariando os velhos discursos petistas sobre
educação pública de qualidade.
Observa-se aí uma
contradição.
Se o governo criou o REUNI
para expandir vagas na graduação das instituições públicas, não há sentido em
financiar a lucrativa e farta rede privada do ensino superior.
Melhor seria concentrar o
bolo de recursos no ensino público, tanto no aumento das vagas quanto na
remuneração justa dos professores e técnicos administrativos.
Ao tentar contemplar
simultaneamente os interesses público e privado, o governo acabou deixando o
serviço pela metade. É o que se vê nas obras adiadas das cidades
universitárias, não se sabe até quando.
Mas as obras são só um
detalhe. Os impactos do REUNI ainda estão por vir com mais força daqui por
diante.
A carga pesada recairá sobre
os professores e técnicos administrativos, para atender à ampliação sem as devidas remuneração e condições de trabalho.
Nas especificidades do corpo
docente, a situação é grave!
Face aos baixos salários e às
precárias condições de trabalho, o professor universitário vive à caça dos
concorridos editais, onde pode adicionar uma bolsa ao orçamento.
A pesquisa e a extensão
fizeram do professor um burocrata dos editais.
Pendurado na internet, o
docente transforma o notebook na extensão dos seus braços e dedos, trabalhando
triplicado para atender às demandas de sala de aula, orientação de monografias,
reuniões departamentais, tarefas administrativas, pesquisa e extensão com
respectivos relatórios e prestações de contas cada vez mais kafkianos.
Além de competir nos editais,
como tábua de salvação para adicionar uma bolsa ao salário, o professor tem de
ser uma máquina de produção de papers – os famosos artigos científicos que
pontuam no currículo Lattes e agregam valor na progressão funcional.
O professor é, assim, uma
espécie de triatleta da educação: ensina, administra e corre para subir na
carreira.
E o que faz o governo diante
desse cenário?
Nega o básico das
reivindicações na pauta da greve– a reestruturação da carreira.
Lula e Dilma criaram uma nova
categoria de professor universitário – o barnabé com título de doutor.
Se é louvável o ingresso das
camadas populares nas IFES, enriquecendo o sentido da educação pública, é
reprovável o tratamento dado pelos dois governos petistas aos docentes do
ensino superior.
Cada vez mais rica com o
ingresso dos pobres, a Universidade empobrece o professor.
Mas quem assiste ao
noticiário do Jornal Nacional pensa o contrário. Lá na TV o professor é um
marajá.
No noticiário simples, sem
aprofundamento, William Bonner diz que o menor salário, pela proposta do
governo, será em torno de R$ 5.750,00 e a maior remuneração chegando a R$ 18
mil.
A notícia na TV só não conta
que “o aumento” será parcelado em três anos e devorado pela inflação. O jornal também não diz que só por um milagre um professor atingirá o topo da carreira para ganhar R$ 18 mil.
Com fama de marajá, o
professor universitário não passa de um barnabé titulado.
Democratizar é criar oportunidades iguais. Imaginar que os alunos filhos da classe trabalhadora vão permanecer em cursos caros, a exemplo de Odontologia (muitíssimo caro mesmo numa IFE), apesar das cotas para a entrada, não me convence. E como explicar que, em 2008, na UFMA, aproximadamente 60% dos alunos concluíam seus cursos em tempo hábil e agora são apenas 40%? Alunos de escolas particulares não brancos passam nas cotas, sabemos. Temos uma banco de vagas. Escolhem o curso e a IFE de maior impacto no mercado. E trocam, se passam numa considerada melhor. E quem pode fazer o concurso em regiões tão distantes, com um pesado gasto? Quanto aos docentes, se não houvesse tanta "bolsa", especialmente através das fundações, estaríamos mais fortes em nossa luta. Nos "matamos" porque ainda temos o compromisso com a docência e não com o mercado.
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