domingo, 2 de setembro de 2012

AVATARES ELEITORAIS

Lula transferiu votos para Dilma em 2010

Está escrito na Bíblia Sagrada que o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus. No princípio, já havia a intencionalidade de fazer da criatura uma cópia do criador.

Na mitologia grega, Narciso vê a si próprio (o outro de si mesmo) refletido no espelho d’água.

A televisão criou uma nova cultura do olhar, através da qual se pode ver a realidade construída ou replicada.

Os cientistas buscam copiar os seres vivos, na busca incessante pela clonagem.

Na ficção, especialmente no cinema, há vários exemplos de situações em que a cópia ganha status de autenticidade, sem que se consiga diferenciar a imitação do imitado.

O filme “Blade Runner: o caçador de andróides” é uma boa referência ficcional sobre os replicantes.

Em “Avatar”, dirigido por James Cameron, o princípio da cópia é substituído pela hibridização de seres humanos, controlados por técnicas que permitem aplicar comandos mentais no corpo do Avatar.

Grosso modo, o conceito de Avatar significa encarnação. Do sânscrito, Avatar quer dizer “aquele que descende de Deus” e materializa-se quando um espírito ocupa um corpo de carne e osso.
Comício de Timon em 2006: Lula implorou por Roseana, mas Jackson Lago ganhou a eleição

No sentido estritamente religioso, avatar significa “encarnação”, ou seja, a manifestação do divino em um corpo material.

Guardadas as devidas proporções e exageros de interpretação, podemos sugerir que o sentido primeiro, religioso, turbinado pelas sofisticadas técnicas de associação por imagens, desemboca no campo da política fazendo algum sentido.

Nas campanhas eleitorais é comum um candidato associar-se a outro, tentando criar identidades e semelhanças, com o objetivo de potencializar as imagens nos cartazes e na televisão.

O princípio da imagem e semelhança, hoje tão pertinente com as cópias digitalizadas, é o refinamento da política midiatizada.

Dilma como avatar (encarnação) de Lula funcionou bem na eleição presidencial.

Nestas eleições há exemplos em todo o país.

O fenômeno da associação entre candidatos e “padrinhos” não é novo. Faz tempo que os políticos encostam-se uns nos outros para buscar a transferência de votos.

É o fenômeno da “encarnação” eleitoral, com o suporte das sofisticadas técnicas de marketing, propaganda e publicidade.

Determinado político apresenta-se à imagem e semelhança do outro, permitindo ao eleitor fazer as associações entre ambos.

Nos jogos de computador, o termo Avatar popularizou-se com o game “Habitat” para representar corpos virtuais.

Com as novas tecnologias digitais, a projeção de uma criatura em outra ganha dimensões cada vez mais fortes, através dos mecanismos de simulação.

As fronteiras entre natural/artificial, real/simulacro, orgânico/mecânico são efêmeras, revolucionando a hibridização do ser humano pela tecnologia.

Há até quem diga que o real não existe. Tudo é simulação, virtualidade e imaginário.

Na eleição de São Luís observam-se alguns candidatos à Prefeitura funcionando nos moldes do Avatar. É o caso de Edvaldo Holanda Junior (PTC) como encarnação de Flavio Dino (PCdoB).

Flavio Dino e Holanda Junior: em busca das semelhanças

Washington Oliveira (WO), candidato do PT, encarna três avatares de uma só vez: Lula, Dilma e Roseana.

Esse é um caso atípico que precisa ser estudado, não como avatar, mas como um monstro político diluído em três ou quatro identidades, sem que o eleitor consiga filtrar nada.

WO não é ele nem consegue ser ninguém dos encarnados. O candidato do PT não fala o que pensa e nem acredita no que diz.

Quanto mais Roseana rema para WO, mais o barco afunda

Todas as referências sobre ele vêm das entidades superiores Lula-Dilma-Roseana, com o aporte de Ricardo Murad & Cia.

A candidata Eliziane Gama (PPS) tenta ser a encarnação de Marina Silva. Ambas são evangélicas e guardam algumas semelhanças, mas o efeito avatar só poderá ser percebido com mais clareza quando Marina Silva vier a São Luís.

As imagens das duas, multiplicadas em cartazes e na televisão, podem surtir algum efeito.

Tadeu Palácio (PP) não tem referência local ou nacional para encarnar. João Castelo (PSDB) idem.

Os candidatos dos partidos de esquerda – Haroldo Sabóia (PSOL) e Marcos Silva (PSTU) – dispensam encarnações de lideranças, bem como Ednaldo Neves (PRTB).

Por enquanto, apenas Edivaldo Holanda Junior, Washington Oliveira (WO) e Eliziane Gama encarnam suas referências maiores.

No espectro da eleição midiatizada, as forças políticas dependem da convergência de muitos fatores, entre elas o poder de transferência de votos através da associação de imagens e conceitos.

Os avatares eleitorais estão de olho em você (eleitor).

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