Lula transferiu votos para Dilma em 2010 |
Está escrito na Bíblia Sagrada
que o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus. No princípio, já havia a
intencionalidade de fazer da criatura uma cópia do criador.
Na mitologia grega, Narciso
vê a si próprio (o outro de si mesmo) refletido no espelho d’água.
A televisão criou uma nova
cultura do olhar, através da qual se pode ver a realidade construída ou
replicada.
Os cientistas buscam copiar os
seres vivos, na busca incessante pela clonagem.
Na ficção, especialmente no
cinema, há vários exemplos de situações em que a cópia ganha status de
autenticidade, sem que se consiga diferenciar a imitação do imitado.
O filme “Blade Runner: o
caçador de andróides” é uma boa referência ficcional sobre os replicantes.
Em “Avatar”, dirigido por
James Cameron, o princípio da cópia é substituído pela hibridização de seres humanos,
controlados por técnicas que permitem aplicar comandos mentais no corpo do
Avatar.
Grosso modo, o conceito de
Avatar significa encarnação. Do sânscrito, Avatar quer dizer “aquele que
descende de Deus” e materializa-se quando um espírito ocupa um corpo de carne e
osso.
Comício de Timon em 2006: Lula implorou por Roseana, mas Jackson Lago ganhou a eleição |
No sentido estritamente
religioso, avatar significa “encarnação”, ou seja, a manifestação do divino em
um corpo material.
Guardadas as devidas proporções
e exageros de interpretação, podemos sugerir que o sentido primeiro, religioso,
turbinado pelas sofisticadas técnicas de associação por imagens, desemboca no
campo da política fazendo algum sentido.
Nas campanhas eleitorais é
comum um candidato associar-se a outro, tentando criar identidades e
semelhanças, com o objetivo de potencializar as imagens nos cartazes e na
televisão.
O princípio da imagem e
semelhança, hoje tão pertinente com as cópias digitalizadas, é o refinamento da
política midiatizada.
Dilma como avatar
(encarnação) de Lula funcionou bem na eleição presidencial.
Nestas eleições há exemplos
em todo o país.
O fenômeno da associação entre
candidatos e “padrinhos” não é novo. Faz tempo que os políticos encostam-se uns
nos outros para buscar a transferência de votos.
É o fenômeno da “encarnação”
eleitoral, com o suporte das sofisticadas técnicas de marketing, propaganda e
publicidade.
Determinado político
apresenta-se à imagem e semelhança do outro, permitindo ao eleitor fazer as associações
entre ambos.
Nos jogos de computador, o
termo Avatar popularizou-se com o game “Habitat” para representar corpos
virtuais.
Com as novas tecnologias
digitais, a projeção de uma criatura em outra ganha dimensões cada vez mais
fortes, através dos mecanismos de simulação.
As fronteiras entre
natural/artificial, real/simulacro, orgânico/mecânico são efêmeras,
revolucionando a hibridização do ser humano pela tecnologia.
Há até quem diga que o real
não existe. Tudo é simulação, virtualidade e imaginário.
Na eleição de São Luís
observam-se alguns candidatos à Prefeitura funcionando nos moldes do Avatar. É
o caso de Edvaldo Holanda Junior (PTC) como encarnação de Flavio Dino (PCdoB).
Flavio Dino e Holanda Junior: em busca das semelhanças |
Washington Oliveira (WO),
candidato do PT, encarna três avatares de uma só vez: Lula, Dilma e Roseana.
Esse é um caso atípico que
precisa ser estudado, não como avatar, mas como um monstro político diluído em
três ou quatro identidades, sem que o eleitor consiga filtrar nada.
WO não é ele nem consegue ser
ninguém dos encarnados. O candidato do PT não fala o que pensa e nem acredita
no que diz.
Quanto mais Roseana rema para WO, mais o barco afunda |
Todas as referências sobre
ele vêm das entidades superiores Lula-Dilma-Roseana, com o aporte de Ricardo
Murad & Cia.
A candidata Eliziane Gama
(PPS) tenta ser a encarnação de Marina Silva. Ambas são evangélicas e guardam
algumas semelhanças, mas o efeito avatar só poderá ser percebido com mais
clareza quando Marina Silva vier a São Luís.
As imagens das duas,
multiplicadas em cartazes e na televisão, podem surtir algum efeito.
Tadeu Palácio (PP) não tem
referência local ou nacional para encarnar. João Castelo (PSDB) idem.
Os candidatos dos partidos de
esquerda – Haroldo Sabóia (PSOL) e Marcos Silva (PSTU) – dispensam encarnações
de lideranças, bem como Ednaldo Neves (PRTB).
Por enquanto, apenas Edivaldo
Holanda Junior, Washington Oliveira (WO) e Eliziane Gama encarnam suas
referências maiores.
No espectro da eleição
midiatizada, as forças políticas dependem da convergência de muitos fatores,
entre elas o poder de transferência de votos através da associação de imagens e
conceitos.
Os avatares eleitorais estão
de olho em você (eleitor).
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