quarta-feira, 17 de outubro de 2012

CAEMA: A FALTA D’ÁGUA E O ESGOTO DA NOTÍCIA

Todos os dias quando acordo, ligo o rádio, leio jornais ou acesso sites, o noticiário é sempre o mesmo, especialmente uma lista de bairros que ficarão com as torneiras vazias.

A cada 15 dias a Companhia de Saneamento Ambiental (Caema) anuncia a falta d’água em 40 bairros ou mais. Aquilo que deveria ser um critério de imprevisibilidade, a falta, passa a ser notícia corriqueira em São Luís.

Os releases distribuídos aos meios de comunicação também são padronizados. Ao final da lista dos bairros penalizados, a direção da Caema afirma que a suspensão no fornecimento d’água está ocorrendo para fazer a manutenção da rede de abastecimento.

Quinze dias depois, a notícia repete, falta água e a manutenção continua. A notícia se esgota e deixa os moradores de São Luís esgotados em dois sentidos: pelo cansaço físico ao ter de carregar água em baldes e pelo abuso de ler, ver e ouvir a mesma conversa fiada o ano inteiro.

Mais grave é ter de pagar a conta inteira por um serviço oferecido pela metade. O governo/Caema cobra a população sem fornecer com regularidade um insumo básico – água – para a dignidade de um ser humano.

Há mais de 50 anos no poder, a oligarquia Sarney não fornece sequer água à maioria da população, mas cobra a conta. Trata-se de algo tão deplorável e, portanto, difícil de definir como miséria política ou política miserável.

O mesmo ocorre com a despoluição milagrosa das praias de São Luís. De repente, como num passe de mágica, o secretário de Saúde Ricardo Murad (PMDB) mergulha no Calhau para anunciar a balneabilidade do mar da ilha.

Semanas antes, o noticiário do próprio governo Roseana Sarney (PMDB), com intensas reportagens do Sistema Mirante, apresentava as praias tomadas por coliformes fecais.

A despoluição instantânea ocorreu sem que a Caema construísse nenhuma estação de tratamento de esgoto ou fizesse qualquer fiscalização sobre os pontos de lançamento de esgoto.

Em qualquer parte da grande orla de São Luís os esgotos são jogados in natura no mar, embora o noticiário oficial tente enganar a população.

As notícias sobre falta d’água conseguem pelo menos esgotar/cansar a população, mas as notas e fotos sobre a despoluição das praias entraram para o anedotário da cidade.

Ninguém acreditou no mergulho limpo de Ricardo Murad no Calhau. Virou piada a conversa fiada sobre as praias despoluídas.

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