Fico imaginando que tipo pessoa estaria em Hills interessada
nas coisas do Maranhão, este lugar rico e belo, cheio de gente boa, mas
dominado por maléficas políticas de poder.
Suponho que o(a) internauta de Beverly seja apreciador da
literatura fantástica de Gabriel Garcia Marquez e tenha lido o clássico “Cem
anos de solidão”, com suas personagens exóticas e narrativas mirabolantes.
Macondo, a cidade imaginária de Marquez, tem traços das
peripécias maranhenses. Aqui é um dos poucos lugares do mundo onde as praias
estão e não estão poluídas, como se houvesse duas verdades ao mesmo tempo.
A nossa Macondo é o lugar onde sempre falta água porque o
“sistema” está em manutenção e na semana seguinte há velhas notícias sobre os
mesmos assuntos há várias décadas e a água nunca chega regularmente nas casas.
É como a chuva sem parar da Macondo imaginária de Marquez.
Porém, aqui, são torrentes de mentiras.
O(a) leitor(a) de Hills deve ficar impressionado ao ver que no Maranhão sempre há “uma revolução na
educação” durante as campanhas eleitorais. Algo parecido com as 32 guerras
civis vivenciadas pelo coronel Aureliano Buendía na obra de Marquez.
O(A) internauta de Hills deve ficar ainda mais impactado(a) com as
prefeituras dominadas pela agiotagem, depois da privatização do Banco do Estado
do Maranhão.
E mais! Enquanto o mundo inteiro preocupa-se com o meio ambiente,
São Luís recebe uma termelétrica a carvão mineral e a região tocantina festeja
uma gigantesca plantação de eucalipto.
Parece literatura, mas não é. O noticiário do Maranhão é
previsível. Logo pela manhã os repórteres de rádio anunciam os semáforos que
não funcionam, as crateras nos bairros e os acampamentos de guerra no hospital
Socorrão II.
À noite, o Jornal Nacional completa. Há sempre um instituto
de pesquisa com novos indicadores sociais em que o Maranhão está sempre nos
últimos lugares.
Lá de Hills, o(a) navegante da internet deve ficar embasbacado
com o abandono do Centro Histórico e a derrubada do Ginásio Costa Rodrigues.
E estupefato diante das duas coisas absurdas: o prefeito
da capital é do tempo da ditadura militar e o governo estadual uma instituição
familiar.
Só muito exotismo para atrair a este blogue um(a) leitor(a)
em Beverly Hills. Se você estiver lendo essa postagem, por gentileza passe um
email para: edwilson_araujo@yahoo.com.br
E, por favor, mande boas notícias! Aqui estamos cansados de
tanta coisa ruim.
Fantástico, Ed. Fiquei fascinada com o seu texto. Incrível como até os problemas ficaram bonitos no texto. Pena que essa seja a nossa realidade, seria revigorante falar apenas de nossas belezas, o ruim é que são tantos problemas que a gente até esquece das coisas boas.
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