Setores da oposição ficaram eufóricos com um texto publicado neste final de semana, no jornal O Estado de São Paulo, dando conta de um suposto afastamento entre o Palácio do Planalto e o senador José Sarney (PMDB), tendo como consequência um alinhamento da máquina federal à candidatura de Flavio Dino (PCdoB).
Na leitura do Estadão, a manutenção da oligarquia Sarney no Maranhão chegou ao esgotamento e o PT (Lula/Dilma) estaria traçando outro caminho.
Em primeiro lugar, é preciso ver de onde vem a análise, ou seja, do Estadão censurado por Sarney. O jornal paulista torce pela derrocada do oligarca maranhense para livrar-se da mordaça que o impede de divulgar conversas telefônicas da Operação Boi Barrica, cujas revelações chegariam até o empresário Fernando Sarney.
Tirando-se a proteção do governo federal sobre o coronel, o Estadão fica livre para voltar as artilharias contra Fernando.
Em segundo lugar, o texto do Estadão está mais para uma torcida que para a análise dos movimentos reais da política, quais sejam: a reedição da aliança PT+PMDB e a submissão de Lula aos interesses de Sarney.
Nesse contexto, o fato concreto é o seguinte: no plano nacional está consolidado o consórcio entre petistas e peemedebistas. E essa empreitada passa pela influência de Sarney na cúpula peemedebista.
Se o Palácio do Planalto romper com Sarney, atrapalha a aliança central que representa o núcleo duro da reeleição de Dilma Roussef (PT). O morubixaba maranhense pode até estar fragilizado, mas ainda tem muito fôlego até a eleição de 2014 e é uma peça fundamental na costura da aliança entre o petismo e o peemedebismo.
Em 2010, com Lula no auge da popularidade e principal cabo eleitoral de Dilma, a direção nacional do PT obrigou o diretório estadual a desfazer o resultado de um encontro para apoiar a eleição de Roseana Sarney (PMDB), empurrando Washington Oliveira na vice.
Em 2014, com um cenário nebuloso, ainda incerto, podendo ser tumultuado pelos protestos à época da Copa do Mundo, o PT estará ainda mais dependente da aliança com o PMDB. E Sarney vai cobrar a fatura.
Portanto, fica difícil acreditar que o Palácio do Planalto vai deixar de apoiar a candidatura de Luís Fernando Silva (PMDB) para optar por Flavio Dino (PCdoB).
A ordem do diretório nacional petista já foi dada: todo apoio a José Sarney!
A candidatura de Eduardo Campos (PSB), com o apoio de Marina Silva, é outro fator a considerar. A reeleição de Dilma não será fácil. Vai depender fundamentalmente do apoio do PMDB, onde o coronel maranhense é forte.
Nesse cenário de fragilidade, por que Lula e Dilma iriam declarar rompimento com Sarney? Apenas para animar a torcida do Estadão.
A análise do jornal paulista está mais para sonho. O jogo pragmático da política é mais real que a realidade.
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