Beto
Ehongue, cantor, compositor e estudante de Comunicação Social da UFMA
Roubaram
meu rouxinol!
Na
calada da noite, sorrateiramente, ele, que sempre aparecia às 5h45min da manhã,
hoje foi ausente.
Mas,
quem poderia ter feito isso? E por que razão? Nas feiras clandestinas nem vale alguns
tostões. Pensei em ir à polícia, mas não teria ela mesma dado cabo da pequena
ave?
Afinal,
são tantas sirenes e tiros que rondam as ruas, que seria possível um desses
tê-lo levado.
E o
grande condomínio recém chegado na cidade? Eu não o via com bons olhos, pomposo
e esnobe, bem capaz de ter se achado dono do bicho e com sua ferocidade talvez
tivesse levado alguns bem-te-vis, quem sabe até outros sabiás.
Outro
suspeito é o asfalto que abre caminho por entre o progresso e a qualquer custo toma
pra si as ordens do dia por entre barracos e vielas.
E ele
ainda segue aliado ao esgoto. Esta dupla nunca se deu bem, mas ora e outra
apronta para cima de um desavisado que não engole sapos.
Notei,
dias antes, o sumiço de algumas árvores ainda sem reclames, e como diz um velho
ditado "fiquei com a pulga atrás da orelha", mas com o pouco alarde
nem imaginei tão importante assim o furto e só respirei fundo.
O fato é
que meu rouxinol foi levado e o que não faltam é suspeitos, mas com
pouquíssimas pistas ou provas.
Já
perguntei a alguns vizinhos se não viram por aí, quem sabe numa gaiola moderna,
cheia de palha e pó, e sempre encontro a mesma resposta.
Dizem
sempre que dormindo não escutam muito os sonhos e se esvaem com o ar
estreitando a lida.
Tenho medo de nunca mais
ouvi-lo, mas o meu maior temor é de nunca mais poder saber que horas são às 5h45min
da manhã.
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