domingo, 30 de março de 2014

ABRIL TENSO: CORRUPÇÃO ABALA, MAS NÃO DERRUBA DILMA

Lula, Hadad e Maluf: "rouba, mas faz" parece ter sido naturalizado pelo eleitor. Foto: Agência Estado
O mês de abril vai começar com o agendamento da CPI da Petrobras. A oposição, cumprindo seu papel, tenta esgarçar o governo requentando a corrupção no PT, espalhada nas gestões de Lula e Dilma Roussef.

A batalha oposicionista tem tudo para ser perdida. O Mensalão, cunhado como o maior escândalo de corrupção da República, colocou na cadeia metade da cúpula petista, mas Dilma ficou na liderança tranquila.

Se o Mensalão, que tinha tudo para ser um tsunami, virou marolinha, imagine a CPI da Petrobras! Essa não ameaça nem os seguranças do Palácio do Planalto.

A queda de 3 pontos na aprovação da presidente Dilma não significa muito. Faz parte dos efeitos sazonais da popularidade. Nenhum político consegue manter aceitação exagerada, absoluto, durante muito tempo.

Boa parte da cúpula petista é presidiária, o governo é bombardeado por denúncias de corrupção e Dilma ainda é favorita à vitória no primeiro turno.

O brasileiro parece ter naturalizado a corrupção, elevando à máxima potência um ditado atribuído ao malufismo: "rouba, mas faz!" Paulo Maluf, aliás, foi abraçado e elogiado por Lula na eleição de 2012 para a Prefeitura de São Paulo.

O bordão "rouba, mas faz! só é explicado por uma frase mais complexa, cunhada pelo consultor norte-americano James Carville: "é a economia, estúpido!"

Na campanha eleitoral de 1992, Carville formulou o mote que levaria Bill Clinton à vitória contra George Bush (pai). Traduzindo, o marqueteiro Carville quis dizer que se a economia vai bem, é isso que importa aos eleitores.

Para a disputa eleitoral de 2014 o fator mais importante é a estabilidade econômica. Corrupção é pauta fria. O brasileiro médio quer saber se vai continuar comprando carros, motos, eletrodomésticos e celulares de última geração a cada três meses.

E a massa do eleitorado pobre, alimentado pelo Bolsa Família, aspira entrar no mercado consumidor mais sofisticado.

Segurança na estabilidade econômica é o principal marketing de Dilma. À lá Carville, a presidente petista pode até adaptar a frase célebre: "é o cartão de crédito, estúpido!"

Esse é o mote eleitoral que tranquiliza Dilma. Nesse cenário, não tem qualquer importância a corrupção dentro e fora do governo.

Se os candidatos da oposição atacarem os governos do PT, perderão tempo. A economia estável, onde surfa Dilma, amplia o sonho de consumo do eleitor.

Fora disso, a oposição provoca dúvidas, principalmente se bombardear muito o governo que nutre o sonho da vida a crédito (Zygmunt Bauman) do brasileiro.

Não se sabe até quando o governo Dilma vai segurar a popularidade em alta. No momento, o cenário é favorável à vitória tranquila no primeiro turno.

Porém, não descartemos os protestos da Copa do Mundo. Se eles vierem, terão um forte componente ético nas ruas. Aí sim, corrupção voltará a ser tema de campanha eleitoral.

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