Genilson Alves *
A menos de quatro meses de
iniciar a campanha eleitoral de 2014, o Partido dos Trabalhadores (PT) caminha
para decidir seu rumo nas eleições deste ano: desempenhará decisivo e
importante papel em eventual aliança com a oposição, em adesão ao PMDB ou
apresentando uma candidatura própria, posto que possui base social e inserção
partidária estadualizada, o maior tempo de televisão na propaganda partidária,
o legado dos governos Lula/Dilma (pleno emprego, inclusão social com redução da
miséria, valorização do salário mínimo, aumento do mercado consumidor, acesso
ao ensino superior (Prouni, Fies, Sisu, Brasil sem Fronteiras), UPAs, Mais
Médicos e o Bolsa Família), e o maior patrimônio do partido, sua aguerrida
militância.
Na perspectiva de abrir o debate,
advogo a tese de o partido apresentar uma candidatura própria a governador para
disputar as eleições de outubro. Assim, o PT se reinseriria com altivez no debate
político estadual, fortaleceria a disputa proporcional com a entrada de mais
candidatos petistas e com possibilidade de eleger três estaduais e dois
federais, garantia efetividade na campanha de reeleição da Presidenta Dilma e
apresentaria um projeto democrático e popular para o Maranhão, alternativo à
disputa plebiscitária anunciada (PMDB x PC do B).
O PT tem calendário e fóruns
próprios para definir sua tática eleitoral. Nos dias 28 e 29 de março o
colegiado de 260 delegados, representando todas as forças políticas internas de
diferentes regiões do estado, definirá, no Encontro de Tática Eleitoral, seu
caminho nestas eleições: apoio a candidato de fora (PC do B ou PMDB) ou lançar
candidatura própria.
Muito embora o Diretório Nacional
avoque para si os poderes de definição da política de alianças nos estados,
cabe aos petistas das terras de Negro Cosme resistir à imposição da aliança com
o PMDB. O PT/MA já cumpriu sua cota de sacrifício em 2010, quando da
intervenção favorável ao Sarney. Fazer o que Rondônia, Goiás, Amapá e Pará já
fazem, construindo candidaturas majoritárias em oposição ao PMDB. E compreender
que em muitos estados os peemedebistas serão nossos adversários como no Rio de
Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Bahia e Ceará.
Não prospera o argumento de que
não há mais tempo ou de que essa eleição se resume a um plebiscito, de quem é a
favor ou contra o sarneísmo. Em 2002, somente em junho o PT apresentou sua
candidatura e obteve mais de 6% dos votos válidos (Monteiro); em 2006 a força
política do PT provocou a realização do 2º turno com o alcance de mais de 14%
na chapa Vidigal/Terezinha Fernandes (PT), que levou a vitória do Dr. Jackson
Lago, além dos mais de meio milhão de votos dados ao Bira para o senado. Como
se falar em plebiscito com as candidaturas já colocadas de Eliziane Gama (PPS),
Luis Pedrosa (PSOL) e Saulo Arcangeli (PSTU)? No Maranhão a eleição é de dois
turnos e, em última análise, o partido dialogaria em outro patamar no 2º turno.
Uma proposta capaz de superar os indicadores
sociais negativos do estado, universalizar os direitos, ampliar o alcance e a
qualidade das políticas públicas implantadas nestes 10 anos de governo federal
no Maranhão, resgatar o protagonismo juvenil, inserindo a juventude nos espaços
de decisão. Um modelo de desenvolvimento econômico sustentável, com
distribuição de renda e inclusão social, enfrentando as enormes desigualdades
de gênero, racial e social, combatendo a homofobia e qualquer forma de
discriminação.
Se, por um lado, o nome que representará
esse projeto não pode ser vinculado à prática do mandonismo, que marca a vida
política do estado nas últimas décadas, produzindo pobreza e concentração de
renda, por outro, este nome não pode ser atrelado ao projeto que reúne setores atrasados
da política maranhense. Do contrário, a eventual candidatura petista não terá o
respeito da sociedade maranhense.
A única certeza nesse cenário é a
disposição do povo maranhense em abrir uma nova janela política para o estado,
na perspectiva da universalização dos direitos e da promoção da cidadania. Cabe
à militância petista refletir profundamente seu papel nessa nova possibilidade
histórica. O PT não pode abrir mão de contribuir na construção de um estado
livre, justo e fraterno.
*Genilson Alves é
jornalista e membro da Executiva Estadual do PT/MA
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