segunda-feira, 12 de maio de 2014

FLÁVIO DINO PÓS-MODERNO

Dino com os tucanos para enfrentar o filho de Lobão. Foto: Honório Moreira
O espaço deste artigo é curto (e o tempo do blogueiro também) para fazer uma exposição profunda sobre os sentidos da pós-modernidade.

Objetivamente, no foco da eleição de 2014, interessa uma leitura da mistura de partidos e pessoas em torno da frente liderada por Flavio Dino (PCdoB) para disputar o governo do Maranhão.
Dino com a Resistência Petista, que está com Lula e Dilma
Nesse sentido, o hibridismo das coligações reflete uma das características da pós-modernidade: a troca da fidelidade permanente pela sinceridade sucessiva.

Assim, o ex-prefeito João Castelo (PSDB), símbolo do atraso, vira progresso e motivo de orgulho; o feio passa a ser bonito, o velho é o novo e, sob o império do relativismo, esquerda e direita fazem pouca diferença.

A política na forma pragmática detesta coerência ideológica e prefere os atalhos. Coerência é crença e navegação em linha reta não encontra porto seguro.

MUTAÇÕES

Se o PCdoB esteve por oito anos com a governadora Roseana Sarney (1999-2004), quando ela era aliada ao presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), qual o problema para os comunistas casarem com Aécio Neves em 2014?

Flavio Dino pós-moderno é sinônimo de hibridismo e fragmentação de fronteiras: reúne PCdoB, PSDB, petistas lulistas, o espólio do PMDB de José Sarney e quem mais estiver interessado em “derrotar a oligarquia”.

Algo parecido com a Frente de Libertação, liderada por Jackson Lago (PDT), que Flavio Dino rebatizou de "Partido do Maranhão", cujas ideias estão sistematizadas em um manifesto, distribuído quando o comunista recebeu o apoio de Waldir Maranhão, Raimundo Cutrim, Zé Vieira e outros, em evento no hotel Rio Poty.

REAL POLITIK

Já escrevi e repeti outras vezes: sem uma aliança ampla a oposição perde. Do ponto de vista da tática eleitoral, em uma perspectiva pragmática, Dino capturou o PSDB e João Castelo por uma razão simples: o tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV. Em troca, deu a vice aos tucanos e uma vaga de deputado federal ao ex-prefeito Castelo.

Fora disso, Aécio Neves, os tucanos e o mau exemplo administrativo de Castelo só têm a manchar o projeto de mudança no Maranhão.

Porém, para a grande massa eleitoral, pouco importa o ziguezague dos partidos. O eleitor menos interessado até considera (pasmem!) Castelo oposição a Sarney.

Militando na política profissional, Flavio Dino só vence a eleição em uma aliança grande, mas a mudança pode ser pequena.

Na perspectiva da sinceridade sucessiva, não importa se Castelo transformou São Luís em um lixo de cidade, se enterrou dinheiro no canal mal feito do Coroadinho, se a drenagem do Mercado Central não funciona, se a enxurrada levou a fortuna do canal do Cohatrac, se abandonou material escolar em um galpão e se até hoje ninguém sabe onde foram parar os R$ 73 milhões para a construção do elevado da Forquilha.

O mesmo raciocínio serve para Waldir Maranhão, Raimundo Cutrim e Zé Vieira, espólio de Sarney, transformados em heróis da mudança.

Nessa forma de ver a política, Dino vai aplicando o bordão do líder comunista chinês Deng Xiaoping: “não importa a cor do gato, desde que ele pegue o rato”. Em outras palavras, todos que quiserem derrotar Sarney serão bem-vindos.

OUTRAS SINCERIDADES

Mas, a sinceridade sucessiva não é exclusiva de Flavio Dino. Exemplos recentes ilustram esta eleição pós-moderna no Maranhão. O prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira (PSDB), trocou a devoção por Luis Fernando pelo amor a Flavio.

Pior fez o prefeito de Barreirinhas, Léo Costa (PDT). Em 15 dias ele declarou apoio aos sarneístas Gastão Vieira para senador e Luis Fernando para governador. Em seguida, lançou-se candidato a vice-governador na chapa de Flavio Dino.

Em meio a tantas sinceridades sucessivas, atalhos e ziguezagues partidários, o povo do Maranhão aguarda o dia de votar, já tão calejado por essas mudanças prometidas bem antes de Vitorino Freire.

Se ganhar a eleição e não cumprir a promessa, Flavio Dino só não pode se queixar de uma coisa: falta de apoio. Já tem gente demais, de todo tipo, para mudar o Maranhão.

Um comentário:

  1. A oposição no Maranhão praticamente não existe. Basta observar a maioria dos que lá estão já passaram, e usufruíram, das benesses do grupo que tentam derrotar.
    O velho discurso de tirar o atraso de uma oligarquia que domina o Estado há mais de 40 anos fica meio sem sentido a partir do momento em que nos debruçamos sobre os prefeitos ludovicenses.
    Desde que iniciou-se a eleição direta para o cargo de prefeito que a oposição elege seus candidatos, são mais ou menos 25 a 30 anos de governo oposicionista na sofrida e maltratada São Luís. Bem aí o meu temor. Se a oposição, que nesse caso não podemos chamar de oligarquia pois houve alternância de poder, não conseguiu melhorar nossa cidade (acho que nem preciso comentar depois das últimas chuvas), que dirá o Estado inteiro.
    Bem, Flávio Dino está com a eleição nas mãos, se ganhar e não cumprir o que prometeu (o que acho bem provável), quero ver qual será o discurso.
    Precisamos de mudanças, mudanças sérias. O que não vislumbro a curto prazo, nem com Edson Lobão Filho e nem com Flávio Dino.

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