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quinta-feira, 1 de maio de 2014

MORTES EM BACURI E A MATANÇA NAS PREFEITURAS DO MARANHÃO

A morte de oito estudantes, transportados irregularmente na carroceria de uma caminhonete, no município de Bacuri, é um recorte da realidade na maioria das prefeituras do Maranhão.

Salvo as exceções, o que são os prefeitos maranhenses? O que fazem? Como vivem? O que comem?

Antes de se candidatarem, os potenciais prefeitos contratam empréstimos com os agiotas para o financiamento das campanhas eleitorais.

Eleito, o prefeito repassa parte do dinheiro do Fundo de Participação do Município (FPM) para pagar as dívidas e entrega as obras e serviços para as empresas controladas pelos agiotas.

Raramente uma Prefeitura compra máquinas ou adquire qualquer bem para o município. Os tratores, caçambas, carregadeiras, caminhões e caminhonetes comumente são alugadas pelos agiotas.

As administrações não têm interesse no transporte escolar financiado pelo governo federal, através do BNDES (veja aqui) e nem pelo Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE), do Ministério da Educação (veja aqui).

O aluguel de máquinas e caminhões é uma das formas de pagamento das dívidas contraídas no financiamento das campanhas eleitorais.

A tragédia de Bacuri é lamentável e repugnante ao mesmo tempo. Estudante não é bicho nem material de construção para ser transportado em traseira de caminhonete.

Com tanto dinheiro para o transporte escolar, é inadmissível que as prefeituras ainda usem caminhonetes para esta finalidade.

O transporte de estudantes em caminhonetes improvisadas é uma demonstração de desprezo pela Educação, um acinte à legislação e mais uma demonstração da barbárie no Maranhão.

As prefeituras maranhenses, na maioria, estão mortas. O dinheiro que sobra da dívida com os agiotas é investido nos apartamentos de R$ 5 milhões na praia da Ponta d'Areia, o metro quadrado mais caro do Brasil, com todos vendidos na planta.

Espalhou-se no Maranhão uma cultura da corrupção. Desviar o dinheiro público, usurpar, pilhar, maltratar as pessoas, transgredir a lei, cometer improbidade administrativa etc tudo isso é motivo de mérito e orgulho.

Os prefeitos, no geral, se olham no espelho e enxergam neles o tirano, o ditador, o boçal.

Esse é o sentido predominante da política e uma forma de governar que vem matando as pessoas.

A corrupção mata as oportunidades, a geração de empregos, os arranjos produtivos, o desenvolvimento econômico, a produção agrícola, a educação e a saúde.

As mortes de Bacuri são um detalhe. Todo dia se mata a esperança de milhares de jovens no Maranhão.

Um comentário:

Anônimo disse...

Senti sua revolta no texto com a uma situação que não envolve somente o Maranhão, mas todo o Brasil.