José Antonio Pinheiro Junior (Catatau) *
Se devemos considerar que a FUNC avançou quando se propôs a
elaborar sua programação de São João por meio de edital que selecionou as
brincadeiras juninas, o mesmo não aconteceu com a distribuição dos 30 grupos de
tambor de crioula na grade de programação do arraial da Maria Aragão em 2014.
Se em anos anteriores se via pelo menos um tambor de crioula
por noite e no Dia Nacional do Tambor de Crioula vários grupos na praça, este
ano para nossa surpresa apenas alguns grupos compuseram a programa cultural do
evento batizado de Terreiro da Maria.
O mais contraditório é um terreiro sem
tambor de crioula, mas já não sabemos o que se passa pela cabeça dos nossos
atuais produtores culturais. E claro para quem acha que talvez isso não seja
nada, vejamos o seguinte: muitos grupos de tambor de crioula têm às vezes a
oportunidade única de mostrar o seu trabalho exatamente no São João que
acontece apenas uma vez no ano.
A concorrência frente a outras brincadeiras chega a ser
desleal, enquanto vemos por exemplo a ascensão cada vez mais de grupos
alternativos, os grupos tradicionais tanto de tambor de crioula como de boi de
zabumba dependem em muito das ações do poder público já que não possuem um
poder midiático e muito menos estão atrelados aos grandes padrinhos políticos
coronéis da produção cultural no Maranhão.
Não manter pelo menos 15 grupos na grade oficial de
apresentação na Maria Aragão foi um ato de desrespeito de quem não conhece a
cultura popular e o pior desconsidera que hoje o tambor de crioula é patrimônio
imaterial do Brasil. Neste sentido, fazemos um pedido ao atual presidente da
FUNC que reveja em sua equipe que está a fazer isso com o tambor de crioula.
Caso isso continue a acontecer teremos sérios problemas em
dialogar com o poder público municipal, nós não acreditamos que as mudanças
venham exatamente acontecer para prejudicar os segmentos da cultura popular
historicamente excluídos como o tambor de crioula. Por tudo isso, torno público
aqui a minha indignação como a falta de transparência e diálogo da FUNC com o
comitê gestor de salva guarda do Tambor de Crioula que este ano em momento
nenhum foi chamado para dialogar e contribuir já que possui experiência, talvez
assim poderíamos evitar mais este desgaste que gera na mente de muitos e muitos
tambozeiros a imagem de que está em execução mais uma forma de exclusão
cultural e social, afinal também temos o direito de participar da festança
municipal no Terreiro da Maria Aragão.
Neste sentido alertamos: Acorda Chico Gonçalves! Acorda
Prefeito! Respeitem o Tambor de Crioula do Maranhão! Respeitem a Cultura
Popular!
* José Antonio Pinheiro
Junior (Catatau) é tambozeiro, músico, coreiro e boiero, professor do IFMA,
mestrando em Cultura e Sociedade na UFMA, membro da Comissão Nacional dos
Pontos de Cultura do Brasil e do Comitê de Salva Guarda do Tambor de
Crioula do Maranhão.
Ed, acho que você está equivocado... pois olhando a programação eu vi que hoje mesmo tem tambor de crioula no arraial terreiro de maria
ResponderExcluirO Maranhão é rico é manifestações culturais, e apesar do nome em homenagem ser Terreiro de Maria, acredito que é preciso dar espaço para as outras atrações.
ResponderExcluirAcompanhei alguns dias de programação do terreiro. Acho interessante ter o tambor de crioula, é peça integrante e de suma importância do nosso folclore e cultura, mas ele não está tão extinto ou esquecido assim. Pode ser visto com muito mais frequência do que as danças do coco, do Lelê e tantas outras danças que eu vi se apresentarem no terreiro. O tambor de crioula é bonito, é bom, gostoso de se ver e dançar, mas é preciso dar também, visibilidade às outras brincadeiras, pois, elas sim, podem ser extintas. Parabéns prefeitura pela boa temporada junina.
ResponderExcluirOi Robson, o artigo é do Catatau. Opinião dele. Se a FUNC quiser publicar resposta, o blogue está aberto.
ResponderExcluirTambém acho bonito o tambor de crioula, no Carnaval e no São João. Não conheço os detalhes da organização das festas juninas. O artigo é de autoria de Catatau. Se vocês leitores ou a direção da FUNC quiserem contestar o artigo de Catatau, fiquem à vontade. Publico com prazer os artigos ou notas.
ResponderExcluirQuerido vc está equivocado, pois já presenciei algumas apresentações de Tambores de Crioulas lá no Terreiro de Maria. O nome do arraial já diz tudo e lógico q a FUNC ñ deixaria um patrimônio da cultura fora de sua programação.
ResponderExcluirEu aprecio muito o tambor de crioula e nos dias que visitei o arraial assisti a apresentações de tambor. Então não entendo a crítica, embora o arraial leve o nome de terreiro, lógico tem que dar espaços para todas as atrações no período de festas juninas. Aliás a programação está de parabéns!
ResponderExcluirMe desculpe pela opinião, mas o arraial está tendo sim tambor de crioula. Tenho ido muito lá e todas as vezes que fui teve apresentação de tambor. E fora isso, é o único arraial com maior diversidades de brincadeiras juninas esse ano em São Luís. É muito grupo que tem por ali, não teria mesmo como colocar todos no arraial.
ResponderExcluir