A cobertura dos protestos contra os investimentos exagerados na Copa no Brasil geralmente vê com discriminação os manifestantes, taxados de vândalos.
Qualquer tumulto é logo estigmatizado pela grande mícia, como se fosse um empecilho para a realização da Copa.
O empecilho maior, no entanto, foi gerado pelo próprio governo, ao não concluir as obras a tempo e desperdiçar bilhões de dólares em arenas inúteis, hotéis de luxo e outros privilégios para a Fifa.
Brasileiros em geral, organizados ou não em grupos ou entidades, estão insatisfeitos com a maior derrama de dinheiro público em um evento privado, para beneficiar a Fifa e as multinacionais envolvidas no esquema do futebol.
Entre estes brasileiros estão aqueles que quebram placas e semáforos, considerados vândalos e veementemente reprovados nos comentários das TVs.
Ninguém aprova o quebra-quebra do patrimônio público. Nem dos black bocs nem dos outros tipos de depredadores.
Há vários tipos de vandalismo. Desviar verbas públicas é um deles. Talvez o mais grave.
Os ladões de paletó que roubam o dinheiro público são piores que os black bocs.
O prefeito ou governador que superfatura uma obra é um bandido mais perigoso que um mascarado.
O secretário que manda derrubar um ginásio esportivo apenas para beneficiar um esquema de empreiteira é mais nocivo que os black bocs que derrubam uma placa de trânsito.
Roubar o dinheiro público é o pior tipo de vandalismo.
Os ladrões de gravata são seres decrépitos que deviam ser execrados da sociedade. Políticos bandidos são o lixo humano, o subproduto da civilização, a escória.
Muito piores que os balck bocs são os congressistas que desviam as verbas públicas que deveriam construir hospitais, escolas e universidades.
Mais deploráveis que os mascarados são os deputados e senadores caras de pau, usurpadores das esperanças de milhões de pessoas.
Esses são os piores tipos de vândalos, viventes do esgoto da política, o chorume da República.
Atribuir APENAS aos black bocs os atos de vandalismo é absurdo.
Pior que quebrar uma placa de trânsito é quebrar um banco para se beneficiar das transações financeiras subterrâneas nas bolsas de valores.
Pior que destruir um chafariz é devastar o dinheiro da merenda escolar, corroer o dinheiro dos remédios e dos livros.
Obstruir as verbas de um hospital ou escola é mais repugnante que interromper o trânsito com uma passeata.
Mais grave que apedrejar a sede de uma prefeitura é apedrejar a ética, desonrar os princípios da administração e corromper a nação.
Roubar o Brasil é o pior típo de vandalismo. É contra esses ladrões que o povo está nas ruas, protestando com dignidade e muitas vezes com excesso, porque estão cansados de ver os ratos de paletó escapando pelos bueiros e sempre voltando cada vez mais gordos.
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