quinta-feira, 21 de maio de 2015

JORNALISMO DE NECROTÉRIO PRECISA SER CONTIDO

Exposição de cadáveres é um atentado à ética
Alguma instituição atuante no Maranhão deve tomar providências para regular o jornal "Itaqui-Bacanga".

Na edição de domingo 14 a 20 de maio, o semanário extrapolou todos os limites da ética ao exibir, na capa, um mosaico de 12 fotografias de corpos de pessoas assassinadas em São Luís.

Nenhuma delas tem a tarja eletrônica para omitir a identificação visual.

A manchete da capa chama atenção para a “bandidagem” morta, expondo corpos esfaqueados, perfurados por bala, rostos desfigurados e mutilações de toda ordem.

São Luís já é violentada demais com tanta indiferença do poder público. É violentada pela carnificina diária dos crimes comuns. E agora violentada pela forma como o Itaqui-Bacanga expõe as fotos de pessoas mortas.
Cinco títulos exaltam ação do prefeito Holandinha. No rodapé, anúncios do governo Flávio Dino
Jornais não existem para piorar a humanidade. São instituições que devem informar, opinar, interpretar e analisar a realidade, instruindo e educando seus leitores.

Nota-se também nas páginas do Itaqui-Bacanga uma expressiva quantidade de matérias da Prefeitura de São Luís, dando muita margem para desconfiar que o jornal é bancado com dinheiro público.

Em várias páginas do jornal observam-se anúncios de publicidade legal do Governo do Estado: comunicados, citação e avisos de licitação da Secretaria da Saúde, da Educação e da Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap).

O Itaqui-Bacanga comete um abuso estético e um despautério ético ao exibir cadáveres de forma acintosa, expondo as imagens de maneira grotesca, sem levar em consideração os amigos, pais, familiares e demais parentes das vítimas.

A postura do jornal incita a violência, promove a barbárie e estimula o desejo de vingança nos leitores.

Não estamos pedindo o fechamento do jornal, que deve gerar empregos e alimentar os seus donos. Estamos reivindicando o mínimo de bom senso e ética para não violentar ainda mais as famílias das vítimas e os leitores.

Página com quatro anúncios do Governo do Estado
OAB, Ministério Público, Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) e a quem mais interessar possa, entrem em ação!

O jornalista Lúcio Flávio Pinto, editor do Jornal Pessoal, também condenou a exposição de cadáveres no jornal Diário do Pará, do ex-governador Jader Barbalho.

Leia no link Crime chamado imprensa, de Lúcio Pinto.

2 comentários:

  1. A Ditadura acabou mas os grupos de extermínio continuam a agir no Brasil. Esse é o resultado de anos de falta de políticas públicas para com as pessoas que não se enquadram no Capetalismo.

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  2. Muito bom que trate deste tema. Também penso que é grave que tanto dinheiro público sustente essas publicações e programas de TV similares. Que haja providências!

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