Emissão de substâncias tóxicas por usina termelétrica na zona rural de São Luís é um dos temas da revisão da Lei de Zoneamento |
Para fazer a revisão, a Prefeitura deveria realizar ampla divulgação
e convocar a população para participar das audiências públicas, o que não foi
feito.
Até agora foram realizadas 13 audiências, do total de 15
previstas. As audiências foram suspensas, após um acordo celebrado com a mediação
do Ministério Público Estadual (MPE) e Ministério Público Federal (MPF).Ambos ficaram de emitir uma nota técnica sobre o processo de revisão da Lei de Zoneamento, no prazo de 60 dias, período em que as audiências restantes não seriam realizadas.
Ocorre que a Prefeitura vem divulgando nas redes sociais uma audiência para o dia 4 de novembro, no Parque Bom Menino, quebrando o acordo celebrado sob a mediação do MPE e MPF.
Veja a carta dos movimentos sociais sobre o tema:
Os movimentos sociais que lutam pela construção de uma
cidade mais humana vêm à público apresentar a denúncia que segue abaixo:
A Prefeitura de São Luís, por meio do Instituto das Cidades
– INCID, vêm realizando audiências públicas para pretensamente discutir
alterações no Plano Diretor da cidade. Críticas de várias naturezas foram
feitas ao processo desencadeado pela prefeitura no que diz respeito à agenda,
metodologia e objeto das audiências. O atual calendário de audiências proposto
pelo INCID é resultado do acolhimento de parte destas críticas. Contudo, as
audiências têm sido marcadas por falta de ampla publicidade, baixo índice de
participação popular e uma metodologia de realização que prejudica o debate
aprofundado de questões complexas.
Ciente dessa situação, o Ministério Público Estadual e o Ministério Público Federal realizaram reunião com representantes de movimentos sociais, professores, estudantes, pesquisadores, juntamente com representantes do Governo do Estado (Secretaria de Cidades) e da Prefeitura (INCID) para arbitrar os problemas levantados. A reunião foi resultado das denúncias apresentadas pela Comissão Pastoral da Terra (CPT/MA) sobre irregularidades no processo de condução das audiências e nas propostas para alteração do Plano Diretor.
Como resultado desta reunião, foi emanado um acordo de suspensão da agenda de realização das audiências até a emissão de Nota Técnica dos Ministérios Públicos Estadual e Federal sobre os problemas levantados, nota essa que seria produzida em cerca de 60 dias.
Fomos surpreendidos agora com a convocação por parte do INCID de audiência pública para o próximo dia 4 de novembro, no parque do Bom Menino, com convocação em redes sociais, para continuar a agenda de realização das mesmas, em clara atitude de quebra do acordo proposto pelos Ministérios Públicos Estadual e Federal. Denunciamos, portanto, à toda a sociedade, a atitude autoritária da Prefeitura de São Luís em querer realizar as audiências públicas a qualquer custo, apenas para atender aos interesses dos empresários do setor imobiliário e do setor industrial em promover alterações no macrozoneamento da cidade que permitirão a construção de prédios de maior gabarito e alterações na demarcação da Zona Rural transformando-a em Zona Industrial com imensos prejuízos sociais e ambientais envolvidos.
Se a Prefeitura de São Luís não respeita a recomendação feita pelo Ministério Público Estadual e pelo Ministério Público Federal, imaginem o que a Prefeitura não é capaz de fazer para atender aos interesses de empresários dos setores imobiliário e industrial.
Assim, vimos denunciar o descumprimento, por parte da Prefeitura de São Luís, da recomendação feita pelos fiscais da aplicação da lei, reivindicando ainda que estes dois órgãos, Ministério Público Estadual e Ministério Público Federal, acompanhem essa situação, tomando as medidas exigidas por esse desrespeito, que é direcionado não apenas à sua atuação, mas que atinge, também, toda a população, impedida de debater em profundidade as alterações propostas pela prefeitura.
São Luís 02 de novembro de 2015
Assinam esta Carta:
- APRUMA SEÇÃO SINDICAL DO ANDES/SINDICATO NACIONAL
- ASSEMBLEIA NACIONAL DOS ESTUDANTES LIVRE ANEL
- CARABINA FILMES
- CARITAS BRASILEIRA REGIONAL MARANHÃO
- CENTRO ACADÊMICO DE GEOGRAFIA (CAGEO UFMA)
- COLETIVO MANDACARU
- COMITÊ GESTOR DA RESERVA EXTRATIVISTA DE TAUÁ-MIRIM
- COMISSÃO PASTORAL DA TERRA (CPT/MA)
- CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO (CIMI/MA)
- CSP – CONLUTAS
- FÓRUM CARAJÁS
- FRENTE DE LUTAS PELA MOBILIDADE URBANA NA GRANDE ILHA
- GRUPO DE ESTUDOS DESENVOLVIMENTO, MODERNIDADE E MEIO
AMBIENTE – GEDMMA UFMA
- GRUPO DE ESTUDOS DE POLÍTICA, LUTAS SOCIAIS E IDEOLOGIAS
GEPOLIS UFMA
- IRMÃS DE NOTRE DAME DE NAMUR COMUNIDADE SÃO LUÍS
- JORNAL VIAS DE FATO
- LABORATÓRIOS DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE ESPAÇO AGRÁRIO E
CAMPESINATO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO LEPEC UFPE
- MOVIMENTO DE RESISTÊNCIA DOS PROFESSORES DO ENSINO BÁSICO
DE SÃO LUÍS
- MOVIMENTO DE SAÚDE DOS POVOS (MSP)
- MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (MST)
- MOVIMENTO MULHERES EM LUTA (MML)
- MOVIMENTO UFMA DEMOCRÁTICA (MUDe)
- NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM QUESTÕES AGRÁRIAS NERA
UFMA
- NÚCLEO TRAMAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
- PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES UNIFICADO PSTU
- QUILOMBO RAÇA E CLASSE
- QUILOMBO URBANO
- RAIZ – MOVIMENTO CIDADANISTA – MARANHÃO
- REDE JUSTIÇA NOS TRILHOS
- SINASEFE SEÇÃO MARACANÃ
- SINASEFE SEÇÃO MONTE CASTELO
- SINDICATO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS RURAIS DE SÃO
LUÍS
- SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MPU NO
MARANHÃO (SINTRAJUFE)
- SOCIEDADE MARANHENSE DE DIREITOS HUMANOS (SMDH)
- TEIA DOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS DO MARANHÃO
Veja aqui a lista completa das entidades que aderiram à carta.
Veja aqui a lista completa das entidades que aderiram à carta.
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