Deputado cacique Juruna e o inseparável gravador marcaram época no Brasil |
Nos anos 1970, o cacique xavante Mario Juruna, primeiro deputado federal indígena do Brasil, ganhou visibilidade pelo uso do gravador para registrar e depois cobrar as promessas do homem "branco", quase nunca efetivadas.
Os audios de Juruna, obtidos em público nos corredores da Funai (Fundação Nacional do Índio), entraram para a História em tom hilário. Ele não se reelegeu e morreu precocemente, atacado pelo diabetes.
Na Lava-Jato, as gravações (autorizadas ou não pela Justiça) tornaram-se a fonte mais espetaculosa do noticiário.
Neste fim de maio, os audios de Sergio Machado ganharam a forma de um confessionário, garfando aliados e adversários nas traquinagens comuns de Brasília.
Entre xingamentos e segredos, a elite parlamentar do Brasil traduz a miséria da política, fonte das injustiças e desigualdade.
Como quem leva a boiada ao matadouro, o ex-diretor da Transpetro já pode ser chamado de gravador-geral da República, revelando os bizarros segredos dos podres poderes de Brasília.
Assim, Machado montou uma central informal de depoimentos para colher informações privilegiadas sobre o submundo da política e utilizá-las quando necessário.
As gravações constituem uma espécie de carta de seguro do delator. Pode-se especular, inclusive, que algumas conversas foram planejadas por Machado para eventuais chantagens e obtenção de atenuantes na Justiça.
Os segredos e atos secretos dos parlamentares revelaram também aquilo que já era de amplo conhecimento - a trama para derrubar a presidente Dilma Roussef (PT) e, ato contínuo, atrapalhar as investigações da Lava Jato.
O mal dos espertos, contudo, é considerar que nunca serão pegos.
No ambiente pantanoso de Brasília há espertos demais, cada qual na sua especialidade, nas infinitas práticas da bandidagem.
Agora, o submundo das espertezas está ameaçado e a manada inteira corre perigo.
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