A exposição “Herança” acontece a partir do dia 14 de julho
(quinta-feira) na Galeria de Arte do Sesc. Pensada a partir da colaboração
entre as artistas Carolina Libério e Aurea Maranhão, a exposição aborda as
ideias de memória afetiva e herança familiar. “Herança” parte da experiência
familiar das artistas para uma reflexão mais geral sobre a importância dos
objetos, presenças e lendas de família como parte integrante da constituição dos
indivíduos e suas memórias.
Em um momento histórico em que parecemos cada vez mais
atropelados pela velocidade de substituição dos registros, sejam eles em texto,
áudio ou imagem, “Herança” traz como proposta o resgate da ideia de memória a
partir de um ideal afetivo. Ao voltar o olhar não apenas para o passado, mas
também para o presente que está além do momento passageiro, a exposição lança
como provocação a pergunta de que memórias queremos guardar para o futuro, e de
como as memórias do passado influenciam nosso presente. Qual o peso ou leveza
de uma memória e como esta se relaciona com quem somos hoje? Como lidamos com
as mitologias familiares, as histórias pessoais de parentes próximos ou
distantes, conhecidos ou apenas lembrados?
“Herança” busca assim
traçar um paralelo entre a doçura, leveza e alegria da memória, e também o peso
ou gravidade que por tantas vezes atravessa parte de nossa vivência em família.
O desenvolvimento de quem somos passa inevitavelmente pela atmosfera em que
somos criados: os espaços em que crescemos, as pessoas com quem convivemos, em
especial quando mais novos, tem um papel essencial em nossa formação, e por
vezes nos marcam de formas que mal podemos compreender, a não ser que
empreendamos um processo de reflexão pessoal sobre elas. Considerando que a
experiência familiar, independente de sua conformação ou não a um padrão exato,
é um terreno comum a todos, a exposição sugere um exercício reflexivo em que a memória
familiar figura como principal matéria.
A permanência ou perda de determinados materiais de
lembrança familiar, como fotografias, objetos e relatos orais foi um dos motes
para o processo criativo da exposição, enquanto esfera reflexiva. A exposição trata
tanto da memória afetiva de espaços específicos, como na série fotográfica “Casa
da vó”, quanto da reflexão e busca de traços comuns de uma herança genética
familiar, como nas imagens da série fotográfica “Trajetória”. A questão dos
objetos de convívio familiar e os pequenos traços que perfazem nossa memória de
pessoas e vivências são colocados em foco na instalação em técnica mista “Memorabília”,
em que se misturam pelo espaço expositivo objetos familiares, fotografias
instantâneas e registros em áudio e vídeo.
O desenvolvimento da concepção da exposição partiu de uma
série de colaborações entre as artistas, que se iniciaram ainda em 2014 e que
seguem até o presente momento. A partir do trabalho “Fissura no Tempo”,
apresentado por Aurea Maranhão no 5º Salão de Artes Visuais de São Luís, a
ideia da exposição começou a ser gestada, a partir da reflexão de como
incorporar enquanto artistas a questão da vivência familiar nos trabalhos e
produções pessoais. Esta reflexão, lançada quase como uma provocação acabou
resultando na série fotográfica “Herança – Trajetória” de Carolina Libério, série
premiada no 6º Salão de Artes Visuais da cidade. Desde então, a colaboração tem
se firmado na busca de encontrar na expressão artística uma forma de vincular
vivências pessoais a reflexões mais amplas, encontrando um terreno comum da
memória, em que as obras não se restrinjam apenas a uma verve biográfica, mas
consigam criar elos de ligação com a experiência mais ampla possível,
convidando o público a refletir também sobre a presença da trajetória familiar
na memória e constituição de cada um.
SOBRE AS AUTORAS:
CAROLINA LIBÉRIO (São Luís - MA)
Fotógrafa, pesquisadora, videoasta e professora na área de
Produção Audiovisual do curso de Rádio e TV da UFMA. Doutoranda em Comunicação
e Cultura na UFRJ, na linha de Tecnologias da Comunicação e Estética, onde
desenvolve pesquisa na área da fotografia, tendo como interesse as tecnologias
digitais e as relações entre modos de subjetivação e produção de imagens na
contemporaneidade. Foi uma das proponentes e participantes da exposição
“Documentos da Cultura” (2013) e da instalação fotográfica “Imagens
Descartáveis (ou um diálogo com o erro)” (2015). Participou da coletiva
fotográfica “Fronteiriças” (2016). Premiada no 6º Salão de Artes Visuais de São
Luís. É membro fundadora do NUPPI (Núcleo de Pesquisa e Produção de Imagem)
desde 2007.
ÁUREA MARANHÃO
Atriz formada pela Escola de Arte Dramática (EAD/ ECA/ USP).
Ganhou recentemente, os prêmios de melhor atriz e melhor curta pelo júri
popular no Festival Maranhão na Tela (2016) com o curta-metragem “Carnavalha”
(2016), no qual produziu, roteirizou, atuou e dirigiu. Performer na premiada
exposição “Visões do Poema Sujo” (2015), do fotógrafo Márcio Vasconcelos.
Dirige a peça “Para Uma Avenca Partindo” (2015), recentemente selecionada para
o Festival de Teatro de Guaramiranga (CE). Atuou nos filmes “Prova de Coragem”
(2016), de Roberto Gervitz e “Maranhão 669” (2015), de Ramusyo Brasil. Integra
o grupo de Pesquisa em cinema “AP43”, dirigido por Nara Sakarê. É pesquisadora
residente no projeto “Conexão Espaço Habitação”. Fundadora da Ordinária
Companhia, grupo teatral com sede em São Paulo – SP.. Participou do 5º Salão de
Artes Visuais de São Luís, com a performance “Fissura no Tempo” (2014).
SERVIÇO
O quê: Abertura da exposição “Herança” na Galeria SESC
Quando: Abertura Dia 14/07/2016 as 18:30h – Quinta-feira
A exposição fica em cartaz até o dia 10 de agosto, com
visitação entre 09 e 17h, durante dias úteis
Onde: Galeria SESC - Av. Gomes de Castro, 132 – Centro, São
Luís – MA
Custo de entrada: Gratuito
Contatos: Galeria SESC - (98) 3216-3800; Artistas: Aurea
Maranhão (98) 985144646; (11) 974468337 – aureatriz@hotmail.com ; Carolina
Libério: (98) 98119 4420 – cgliberio@hotmail.com
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