quarta-feira, 13 de julho de 2016

PRISÃO DE BARBOSA, DA DIMENSÃO ENGENHARIA, É O FIO DA MEADA PARA INVESTIGAR AS EMPREITEIRAS NO MARANHÃO

Antonio Barbosa Alencar, expoente dos negócios imobiliários, é alvo de investigação da PF
A Polícia Federal (PF) deu o primeiro passo para desvendar o vertiginoso crescimento do patrimônio das empreiteiras no Maranhão.

Dono da Dimensão Engenharia, Antonio Barbosa Alencar foi preso por suposta liderança em uma organização criminosa, envolvendo auditores da Receita Federal e outros operadores.

A empreiteira de Barbosa disputa o mercado imobiliário e outros negócios em São Luís, onde os prédios de luxo crescem numa velocidade espantadora e são facilmente vendidos.

Algumas perguntas são necessárias:

1) Por que os valores dos apartamentos são tão caros, às vezes muito acima do mercado imobiliário nacional?

2) Qual o critério adotado para valorizar tanto um imóvel em São Luis, se alguns condomínios de alto padrão sequer tem água potável, tendo de recorrer a carros pipa?

3) Por quê esses imóveis têm preços tão elevados, em áreas com esgoto a céu aberto, nas ruas sem calçada e sujas?

4) Quem compra esses apartamentos de luxo com tanta frequência?

5) Como as empreiteiras conseguem construir atropelando a legislação ambiental e o Plano Diretor?

Há suspeitas de que alguns empreendimentos imobiliários luxuosos são plataformas de lavagem de dinheiro oriundo da agiotagem, prática comum no Maranhão, que resultou no assassinado do jornalista Décio Sá, em 2012.

No mercado imobiliário de São Luís, o território da cidade é altamente cobiçado pelas empreiteiras interessadas nas construções horizontais e nos condomínios de luxo.

As primeiras visam o programa Minha Casa, Minha Vida. As segundas focam a chamada área nobre, nas proximidades da praia, no eixo da avenida dos Holandeses em direção ao Olho d'Água.

Nesse contexto, outros fatos merecem atenção, a exemplo do processo de revisão da Lei de Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo Urbano, marcado por um forte posicionamento da Prefeitura para autorizar a construção de prédios de 30 andares (sendo cinco de garagem).

Ao fim das audiências públicas esvaziadas e atropelando o Conselho da Cidade, a Prefeitura de São Luís revalidou o Plano Diretor, focado em facilitar os empreendimentos imobiliários na região nobre da cidade, principalmente.

A proposta de revisão da legislação urbanística também visa reduzir a zona rural de São Luís e ampliar o Distrito Industrial.

Pode haver, portanto, algum tipo de afinidade entre o poder público, muito interessado em flexibilizar a legislação urbanística; e a iniciativa privada, voraz no controle dos territórios para fins do mercado imobiliário e expansão industrial.

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