A METALINGUAGEM DA ARTE CONTEMPORÂNEA EM ZECA BALEIRO
por Samuel Marinho
O autor é contador e servidor público federal. Nesse texto, conta estórias com estilo sobre Baleiro e serve o blogue com uma ótima leitura. Aprecie sem moderação.
Nas entrevistas que antecederam o lançamento do seu mais recente trabalho, O Coração do Homem-Bomba, Zeca Baleiro costumava resumir: “É apenas mais um disco da boa e velha música popular brasileira. Espero que isso baste!”. Mero despiste do poeta-publicitário. É, na verdade, o disco mais pretensioso e conceitual (com o perdão da palavra) de um dos artistas que se propôs a reinventar a música popular brasileira na última década.
Mais que uma reverência à Tropicália, abaixo o rótulo que lhe insistiram de neo-tropicalista no início da carreira, Zeca Baleiro trilha caminhos muito próprios na chamada linha evolutiva do cancioneiro popular.
É uma (des)continuação ousada que propõe fim à dicotomia brega x chique e que festeja a um só tempo a maldição e a realeza da música popular brasileira, de Sérgio Sampaio a Roberto Carlos: uma pretensa intenção de unificar a nação.
Na poética, nota-se uma veia que representa uma brasilidade idealista, do jeito que deveria ser: é o baleiro que distribui balas, mas sem esquecer de dispará-las.
Para o desastre da crítica musical, essa evolução que ainda não encontrou denominação própria, se reafirma agora em seu trabalho mais (in)tenso, onde a metáfora das balas se maximiza na figura do homem-bomba.
O volume 1 é a festa, a explosão de diversidade, da alma multicolor e miscigenada a qualquer custo do brasileiro, tudo ao sabor do homem contemporâneo que é aquele nascido em Arari.
O volume 2 é a ressaca, ou melhor, a tempestade de uma tempo suicida, o olhar sobre o terror de uma era muito estranha, mas como falaria o próprio Zeca, não sem ironia.
A aparente despretensão do Baleiro se mostra logo na simplória vinheta que abre o volume 1: “O coração do homem-bomba faz tum tum / até o dia em que ele fizer bum”.
Estamos mais uma vez diante de uma das marcas da sua poética musical: a metalinguagem da arte contemporânea, explorada desde os primórdios de Por Onde Andara Stephen Fry? (1997), tão bem intensificada em Pet Shop Mundo Cão (2003), que rendeu temas de músicas inteiras como as emocionantes “Muzak”, “Telegrama” e “Mundo dos Negócios” e cuja síntese se extrai dos versos de “Fiz esta Canção” (2003): “Pra que que eu vou cantar / se você não vai escutar / a voz do coração deste compositor popular?”.
O problema da obra de Zeca parece sintetizar o anseio do artista de nossa era: em meio a tantas possibilidades midiáticas, cantar o quê, onde e para quem. O clichê de que o artista tem que ir aonde o povo está, ao menos aqui parece ter sido contrariado.
É um compositor, auto-intitulado popular, inquieto, sempre disposto a transpor as barreiras do público segmentado que a armadilha da comunicação de massas lhe impôs, e que a certa altura se denominou de forma bela e mórbida como a “um artista de balas perdidas que nunca encontrou seu público-alvo”.
O Coração do Homem-Bomba é essa esperança mais uma vez assumidamente fracassada de atingir as grandes multidões, o que justifica o mote de criação da saga que dá nome ao trabalho, algo parecido com o que Baleiro fizera no seu primeiro disco.
O músico-poeta, embora negue a forma conceitual, tem sua trama sintetizada a partir do questionamento presente no conto-release disponível em seu sítio “A saga do homem-bomba”.
O que faria um homem-bomba que, fracassado em sua razão existencial, envelhecesse e não pudesse cumprir sua vocação? Aqui a leitura é imediata: o que faria um compositor popular que tem a vocação para cair na boca do povo, se não conseguisse nunca atingir ao seu público-alvo, “explodir”? É ele, Zeca, o próprio homem-bomba, o próprio Stephen Fry. Esse o leitmotiv de toda a discografia do Baleiro, obviamente a ser discutida num futuro póstumo.
Em o Coração do Homem-Bomba encontramos o artista popular pronto pra mais uma vez alargar o alcance de sua música, para além do público universitário que sempre lota os seus shows frenéticos em São Paulo.
Por isso ele declara, cheio de auto-deboche, a um certo público inatingível: “Vou fazer canções de amor pra vender... Você não liga pra mim, mas eu ligo...:”. O que parece uma canção de amor boba aos moldes tribalistas de composição, acaba incorporando o modo genial de dizer o mundo nas entrelinhas cheias de intenções, resquício de uma música popular dita de resistência de épocas duras.
Mas livre de qualquer complexo de Caetano Veloso, as referências do compositor maranhense vão do escracho da Bossa Nova misturado ao auto-deboche d´Os Mutantes e Pato Fu, como em “Pastiche” e “Samba de um Janota Só”, a momentos solenes que exaltam personagens obscuros do cancioneiro popular como Odair José e Geraldo Vandré.
“Toca Raul”, uma das pérolas do cancioneiro popular da década atual, é bem figurativa da forma sutilíssima de expressão agora adotada pelo compositor.
É uma canção que tem mais a dizer no contexto, do que na própria letra: “Mal eu subo no palco, um mala um maluco já grita de lá: - Toca Raul”. Inserida após uma vinheta aparentemente sem nexo (Aí Beethoven! Será que ninguém me ouve?), que funciona na verdade como prelúdio, a música pode ser lida como um fracasso assumido da veia autoral de um compositor que se quer verdadeiramente popular.
Ciente dessa impossibilidade, só lhe resta reverenciar àquele que por último, carregado de idéias e ideologias, ao lado de Cazuza e Renato Russo, teve sua música alçada a índices indiscutíveis de popularidade. São reflexos do tempo fragmentado, sólido que se desmancha no ar, que angustia o artista contemporâneo e que já não comporta as mesmas concepções de vilão, herói ou gênio.
Ainda assim, “O Coração do Homem Bomba” não poderia se encerrar apenas em inflexões melancólicas e/ou devaneios existenciais de um mundo que nem sequer se dá conta disso. Não! Definitivamente, paremos por aqui.
“Tome uma atitude sua besta, seja uma besta com atitude, pode ser uma atitude besta, mas que seja uma atitude” são os versos de auto-ajuda que encerram o intervalo de propagandas recheado de vinhetas geniais do poeta-publicitário. Como fã inveterado que sou, só tenho a agradecer: Obrigado Zeca Baleiro, pela besta que você é.
Samuel Carvalho Marinho, Belém-PA, outubro de 2009
por Samuel Marinho
O autor é contador e servidor público federal. Nesse texto, conta estórias com estilo sobre Baleiro e serve o blogue com uma ótima leitura. Aprecie sem moderação.
Nas entrevistas que antecederam o lançamento do seu mais recente trabalho, O Coração do Homem-Bomba, Zeca Baleiro costumava resumir: “É apenas mais um disco da boa e velha música popular brasileira. Espero que isso baste!”. Mero despiste do poeta-publicitário. É, na verdade, o disco mais pretensioso e conceitual (com o perdão da palavra) de um dos artistas que se propôs a reinventar a música popular brasileira na última década.
Mais que uma reverência à Tropicália, abaixo o rótulo que lhe insistiram de neo-tropicalista no início da carreira, Zeca Baleiro trilha caminhos muito próprios na chamada linha evolutiva do cancioneiro popular.
É uma (des)continuação ousada que propõe fim à dicotomia brega x chique e que festeja a um só tempo a maldição e a realeza da música popular brasileira, de Sérgio Sampaio a Roberto Carlos: uma pretensa intenção de unificar a nação.
Na poética, nota-se uma veia que representa uma brasilidade idealista, do jeito que deveria ser: é o baleiro que distribui balas, mas sem esquecer de dispará-las.
Para o desastre da crítica musical, essa evolução que ainda não encontrou denominação própria, se reafirma agora em seu trabalho mais (in)tenso, onde a metáfora das balas se maximiza na figura do homem-bomba.
O volume 1 é a festa, a explosão de diversidade, da alma multicolor e miscigenada a qualquer custo do brasileiro, tudo ao sabor do homem contemporâneo que é aquele nascido em Arari.
O volume 2 é a ressaca, ou melhor, a tempestade de uma tempo suicida, o olhar sobre o terror de uma era muito estranha, mas como falaria o próprio Zeca, não sem ironia.
A aparente despretensão do Baleiro se mostra logo na simplória vinheta que abre o volume 1: “O coração do homem-bomba faz tum tum / até o dia em que ele fizer bum”.
Estamos mais uma vez diante de uma das marcas da sua poética musical: a metalinguagem da arte contemporânea, explorada desde os primórdios de Por Onde Andara Stephen Fry? (1997), tão bem intensificada em Pet Shop Mundo Cão (2003), que rendeu temas de músicas inteiras como as emocionantes “Muzak”, “Telegrama” e “Mundo dos Negócios” e cuja síntese se extrai dos versos de “Fiz esta Canção” (2003): “Pra que que eu vou cantar / se você não vai escutar / a voz do coração deste compositor popular?”.
O problema da obra de Zeca parece sintetizar o anseio do artista de nossa era: em meio a tantas possibilidades midiáticas, cantar o quê, onde e para quem. O clichê de que o artista tem que ir aonde o povo está, ao menos aqui parece ter sido contrariado.
É um compositor, auto-intitulado popular, inquieto, sempre disposto a transpor as barreiras do público segmentado que a armadilha da comunicação de massas lhe impôs, e que a certa altura se denominou de forma bela e mórbida como a “um artista de balas perdidas que nunca encontrou seu público-alvo”.
O Coração do Homem-Bomba é essa esperança mais uma vez assumidamente fracassada de atingir as grandes multidões, o que justifica o mote de criação da saga que dá nome ao trabalho, algo parecido com o que Baleiro fizera no seu primeiro disco.
O músico-poeta, embora negue a forma conceitual, tem sua trama sintetizada a partir do questionamento presente no conto-release disponível em seu sítio “A saga do homem-bomba”.
O que faria um homem-bomba que, fracassado em sua razão existencial, envelhecesse e não pudesse cumprir sua vocação? Aqui a leitura é imediata: o que faria um compositor popular que tem a vocação para cair na boca do povo, se não conseguisse nunca atingir ao seu público-alvo, “explodir”? É ele, Zeca, o próprio homem-bomba, o próprio Stephen Fry. Esse o leitmotiv de toda a discografia do Baleiro, obviamente a ser discutida num futuro póstumo.
Em o Coração do Homem-Bomba encontramos o artista popular pronto pra mais uma vez alargar o alcance de sua música, para além do público universitário que sempre lota os seus shows frenéticos em São Paulo.
Por isso ele declara, cheio de auto-deboche, a um certo público inatingível: “Vou fazer canções de amor pra vender... Você não liga pra mim, mas eu ligo...:”. O que parece uma canção de amor boba aos moldes tribalistas de composição, acaba incorporando o modo genial de dizer o mundo nas entrelinhas cheias de intenções, resquício de uma música popular dita de resistência de épocas duras.
Mas livre de qualquer complexo de Caetano Veloso, as referências do compositor maranhense vão do escracho da Bossa Nova misturado ao auto-deboche d´Os Mutantes e Pato Fu, como em “Pastiche” e “Samba de um Janota Só”, a momentos solenes que exaltam personagens obscuros do cancioneiro popular como Odair José e Geraldo Vandré.
“Toca Raul”, uma das pérolas do cancioneiro popular da década atual, é bem figurativa da forma sutilíssima de expressão agora adotada pelo compositor.
É uma canção que tem mais a dizer no contexto, do que na própria letra: “Mal eu subo no palco, um mala um maluco já grita de lá: - Toca Raul”. Inserida após uma vinheta aparentemente sem nexo (Aí Beethoven! Será que ninguém me ouve?), que funciona na verdade como prelúdio, a música pode ser lida como um fracasso assumido da veia autoral de um compositor que se quer verdadeiramente popular.
Ciente dessa impossibilidade, só lhe resta reverenciar àquele que por último, carregado de idéias e ideologias, ao lado de Cazuza e Renato Russo, teve sua música alçada a índices indiscutíveis de popularidade. São reflexos do tempo fragmentado, sólido que se desmancha no ar, que angustia o artista contemporâneo e que já não comporta as mesmas concepções de vilão, herói ou gênio.
Ainda assim, “O Coração do Homem Bomba” não poderia se encerrar apenas em inflexões melancólicas e/ou devaneios existenciais de um mundo que nem sequer se dá conta disso. Não! Definitivamente, paremos por aqui.
“Tome uma atitude sua besta, seja uma besta com atitude, pode ser uma atitude besta, mas que seja uma atitude” são os versos de auto-ajuda que encerram o intervalo de propagandas recheado de vinhetas geniais do poeta-publicitário. Como fã inveterado que sou, só tenho a agradecer: Obrigado Zeca Baleiro, pela besta que você é.
Samuel Carvalho Marinho, Belém-PA, outubro de 2009
Parabéns pela besta que é você, Samuel! Um texto confuso, onde o pretenso elogio se mistura ao equívoco que é denominar o Zeca de "poeta-publicitário". Um insulto para o compositor ser tachado de publicitário, ainda que o poeta sirva de anteparo. Conheço o Baleiro e sua obra o suficiente para saber que ele nunca "se propôs a reinventar a música popular brasileira". Esse absurdo fica por conta dos delírios dos críticos, como você aqui se pretende.
ResponderExcluirPrezada Lúcia Santos,
ResponderExcluirConfesso que fiquei espantado com sua interpretação ortodoxa sobre o termo poeta-publicitário.
Foi uma licença poética.
Apenas me reportei ao encarte de Pet Shop Mundo Cão onde no libreto que acompanhava o CD, Zeca Baleiro disparava: “O poeta cansou de ser otário deixou de ser maldito virou publicitário”. Algo mais ou menos assim.
O seu comentário desconsidera o fenômeno da cultura de massas e da pop art com a qual flerta o trabalho de Zeca Baleiro.
Posso estar falando besteira, não entendo muito bem de história da arte, falo com minha intuição, mas me parece ser uma condição do artista hoje se reconhecer como publicitário. Nada demais, portanto.
Devo esclarecer que não me pretendo crítico, o texto é apenas um apanhado dos meus sentimentos pela obra do Zeca, com a qual me identifico profundamente.
Por fim, registro que sou apenas fã de longa data do seu irmão.
Talvez por esse motivo e por tantos outros eu seja realmente uma besta. Mas, como não me canso de parafraseá-lo, me considero uma besta com atitude!
“uma canção é só uma canção
um uivo na noite deste mundo cão
a raiva e a calma no rádio da alma
na palma da mão palavra silêncio
ruído quimera quem dera eu fosse
o cantor infame dessa multidão”
Zeca Baleiro, encarte do DVD PetShopMundoCão – A Ópera Infame
Um abço
Samuel Marinho
Lucia,
ResponderExcluirNão vi ofensa no texto de Samuel. No comentário acima ele explica a utilização do termo "poeta-publicitário".
Ocorrre que esse Maranhão é uma província onde a crítica só é resumida a elogio.
E olhe que Samuel é fã adorador de Zeca. Imagine se fosse só um admirador.
Ed Wilson
Sou um artista de hoje, mas acho que me falta esse quantun publicitário...
ResponderExcluirUm abraço Ao Ed, ao Samu e à Lucia
Wilson, o Maranhão é mesmo uma província, concordo, onde Lúcia Santos é irmã do Zeca Baleiro, e não uma pessoa com liberdade de expressão que pode emitir suas opiniões, assim como o Samuel emitiu a sua. Não acho que a crítica tenha que ser resumida ao elogio, não subestime a minha inteligência, por favor! Falei que o texto é confuso, pretensioso e equivocado, e reafirmo o que disse. A ironia, que é recorrente na obra do Zeca, às vezes pode ter uma "interpretação ortodoxa", pra utilizar um termo do próprio crítico. Que ele é fã eu percebi,
ResponderExcluirmas o que ele quis dizer com esse texto rebuscado... Isso seria provinciano, eu achar bacana o que ele disse só porque é fã!
Quem escreve se expõe, e assim como o Samuel tem o direito de dizer o que pensa e sente, eu também tenho. Como diz ZB, "quem teme um tapa não põe a cara na tela".
eu não sou irmã de fulano de tal
ResponderExcluireu sou filha da mãe
ponto final
LS
Tudo bem, tudo bem meu povo... Zeca Baleiro enfim é apenas aquele que em tempos de faculdade distribuia balas para os seus amigos...vem daí o apelido "Baleiro" sacaram? (dãnh...)
ResponderExcluirReticências....
Samuel, eu também sou grande admiradora do trabalho do Zeca, fã mesmo!! o Zeca instiga, faz a gente ter vontade de querer saber sempre mais e mais, e por isso me considero conhecedora de boa parte da obra dele (isso vai de entrevistas à gravações em apresentações e shows raros). Porém, isso não me dá o direito de passar por cima da proposta do trabalho dele e imprimir a minha interpretação como sendo a verdadeira. O próprio Zeca não tenta definir o seu trabalho quando é encurralado em entrevistas. E ele assim o faz, prá justamente dar a liberdade para que cada um tenha sua propria interpretação. Afinal o papel da arte é esse, não é?
ResponderExcluirVocê talvez não tenha se dado conta, mas a forma que vc escreveu o teu texto, violentaria a obra de qualquer artista. Já que vc diz que, o que o cara falou é mero despiste, e logo imprime a tua interpretação como sendo a mais verdadeira. Um pouco pretensioso, não? Faça uma análise disso que vc escreveu aqui:
"Nas entrevistas que antecederam o lançamento do seu mais recente trabalho, O Coração do Homem-Bomba, Zeca Baleiro costumava resumir: “É apenas mais um disco da boa e velha música popular brasileira. Espero que isso baste!”. Mero despiste do poeta-publicitário. É, na verdade, o disco mais pretensioso e conceitual (com o perdão da palavra) de um dos artistas que se propôs a reinventar a música popular brasileira na última década."
O Zeca não tem toda essa pretensão que querem lhe imprimir. Confesso prá ti que eu li o teu texto no mesmo dia que vc escreveu, pois tudo que se refere á obra do Zeca me interessa e por isso me cai às mãos facilmente. Ao ler o teu texto, logo me veio a mente os olhos tristes do Zeca lendo isso e desejei muito que não chegasse às mãos dele. Tanto que não divulguei o texto prá ninguém. As pessoas acham que o artista é inatingível e vão disparando tudo que lhe vem a mente. Esquecem que a sua obra é o seu bem mais precioso, a sua alma está inserida alí. Se gostamos ou não gostamos precisamos respeitar.
Quando a crítica é responsavel é sempre muito bem vinda, o próprio Zeca diz, que as vezes a crítica contribui mais do que o elogio.
O problema é que a pessoa se acha toda poderosa tendo a Internet como aliada.
Como o próprio Zeca diria: " De todas as ilusões que a internet alimenta, a que julgo mais grave é a terrível onipotência que seu uso desperta. Todos se acham capazes de tudo, com direito a tudo, opinar, julgar, sugerir, depreciar, mas sempre à sombra da marquise, no confortável "anonimato público" que o mundo paralelo da rede propicia." (**)
Há de se tem bom senso,devemos usá-la com mais responsabilidade, para que ela haja à favor da humanidade, não?? [Cont...]
Ah, e gostaria de lembra-lo que o Zeca encontrou o seu público, sim, e faz tempo, e se a musica dele é muito mais difundida por mídias alternativas, do que pelos meios de comunicação de massa é por conta da segmentação dos meios de comunicação que só fazem empobrecer nossa cultura resumindo-a à mesmice, o rádio e a televisão estão aí e não me deixam mentir.
ResponderExcluirE Samuel, sinceramente, só vi um momento de lucidez em todo teu texto. Que o texto é uma bomba e quando vc diz: "me considero uma besta com atitude!" aqui finalmente vc conseguiu compreender um pouco da mensagem que o Zeca passa na canção.
Mas também,não acho que vc tenha sido mau intencionado ao escrever o texto. Afinal, quantas vezes erramos tentando acertar? se vc ler o teu texto e fizer uma autocrítica honesta, não egóica, de repente até poderá ver que realmente pisou na bola. Vamos lá, aproveita a oportunidade que a vida tá dando e faça isso.
Talvez assim, não serei mais uma vez obrigada a reverênciar o Zeca por essas palavras:
"No livro "A Marca Humana", de Philip Roth, um personagem fala: "As pessoas estão cada vez mais idiotas, mas cheias de opinião." Não sei o que vem por aí, é cedo para vaticínios sombrios, mas posso antever um mundo povoado por covardes anônimos e cheios de opiniões. O sujeito se sente participando da "vida coletiva", integrado ao mundo, quando dá sua opinião sobre o que quer que seja: a cantora que errou o "Hino Nacional", o discurso do presidente, a contratação milionária do clube, o novo disco do velho artista, etc. Julga-se um homem de atitude se protesta contra tudo e todos em posts no blog de economia e comentários abaixo do vídeo no YouTube. Faz tudo isso no escuro, protegido por um nickname, um endereço de e-mail, uma máscara. Raivosa, mas covarde." (**)
é isso, um abraço!!!
Rita
(**) A REDE IDIOTA ( Texto de Zeca Baleiro para revista Isto é de 13/09/2009)
ah, e espero que vc poste meu comentário já que se mostrou tão cheio de atitude!!
ResponderExcluirah, desculpa, só agora percebi que o Blog não é do dono do texto. Bem, um mestre em educação com certeza concordará que quem escreve se expõe as mais diferentes opiniões. O que me dá a certeza de que meu comentário chegará ao destino e será aceito.
ResponderExcluirobrigada!!
RITA,
ResponderExcluirOBRIGADO PELA PARTICIPAÇÃO QUALIFICADA NO BLOGUE.
AQUI EU SÓ CENSURO INSULTOS E PALAVRAS DE BAIXO NÍVEL, QUE NÃO AJUDAM EM NADA O DEBATE.
ANÁLISES COM A TUA PERSPICÁCIA SÓ ENGRANDECEM O DEBATE.
COM A PALAVRA, SAMUEL.
ABRAÇOS,
ED WILSON
Obrigado Ed pela palavra
ResponderExcluirPrezada Rita de Cássia,
Obrigado pela sua contribuição.
Gostaria só de deixar o registro que não sou um anônimo na internet.
As minhas credenciais estão aqui descritas no blogue.
A minha vida é uma página aberta em (poucas) ocorrências no google pra quem quiser acessar.
Nesse sentido, sua citação final de Zeca Baleiro extraído do texto “Rede Idiota”, está completamente fora do eixo.
Desculpe-me, não sou um idiota escrevendo sobre algo que não conheço. Talvez por isso o texto tenha causado um certo incômodo. Porque os meus argumentos encontram respaldo na obra do artista e guarda, modéstia parte, alguma lógica.
Ei Rita, isso é apenas o meu ponto de vista, não é a verdade das coisas. Um texto não pode ser lido como a verdade das coisas, como você comenta. Isso é um problema de maturidade do leitor.
Resolvi assumir o risco de escrever o que escrevi porque queria fugir do óbvio que se fala sobre o Zeca Baleiro. Fui convidado pelo Ed Wilson que é meu amigo pessoal a postar esse texto que já tinha escrito já faz tempo por ocasião do lançamento do Coração do Homem-Bomba volume 2. Tenho textos com impressões sobre todos os discos de Zeca Baleiro, mas que nunca tive oportunidade de publicar, nem pretendo. Com esse foi diferente. Com o aval do Ed foi que o texto ganhou a rede.
Em nenhum momento fui áspero ou desrespeitoso com o estimado compositor. Os leitores mais atentos devem perceber que apenas imprimi um estilo diferente ao texto. Um tom provocativo, incorporando o espírito de auto-deboche muito presente na obra do Baleiro. Pretensioso sim. Porque na vida a gente tem que ser. Se não como já falaram aqui, não queiram aparecer na tela.
Registro oportunamente que já tive contato com o Zeca Baleiro em 2001 para uma bate papo em sua própria residência em São Luís, por ocasião do lançamento do CD “Líricas” quando eu participava de um grupo cultural no maranhão chamado “Grupo Carranca”. Ele com certeza notou que eu não era um jornalista ou um crítico entrevistando o artista, era apenas um garoto de 20 anos deslumbrado com a possibilidade de ver seu ídolo de perto.
Se ele guarda alguma lembrança dessa nossa conversa, com certeza eu sei que o Zeca não se sentiu atingido pelo texto e sabe que minha intenção não é de diminuir a sua obra. Até porque eu não tenho credenciais suficientes para impor qualquer idéia que se julgue "a verdadeira" sobre a obra do artista. Tudo que falo é com a minha intuição. É apenas a minha verdade, muito própria.
Não consigo compreender o alvoroço que criaram a partir de um texto que nem crítico se pretende.
Ele apenas tenta mexer com as intenções da obra do compositor maranhense. Apenas isso.
Se você reler atentamente o texto perceberá que o foco é: a presença da metalinguagem, com uma conotação muito própria, que está misteriosamente entranhada na obra do artista Zeca Baleiro.
“Tenho meu sonho como é de praxe: Um dia quero ser John Malkovich”
(Pastiche, O Coração do Homem-Bomba, volume II)
RITA E SAMUEL,
ResponderExcluirBOM DEBATE. COMO EU SOU QUASE UM ANALFABETO MUSICAL, DEIXO A PALAVRA PARA A TRÉPLICA DE RITA.
ABRAÇOS,
ED WILSON
Ed, agradecida pelo espaço.
ResponderExcluirSamuel, è Rita Cássia, ok?
"Não consigo compreender o alvoroço que criaram a partir de um texto que nem crítico se pretende"
talvez se vc deixasse um pouco de lado tantas certezas sobre o texto que vc escreveu e o relesse com um pouco menos de pretensão, compreenderia que o "alvoroço" que causou pode ter sido as idéias equivocadas inseridas nele e que o tornaram confuso e raso. Ao contrário da profundidade que vc tá enxergando ou atribuindo à ele.
Mas para isso, repito, é necessário esquecer um pouco o ego...só assim as idéias ganham maior clareza.
Talvez até se supreenda e veja que pode não ser "um problema de maturidade do leitor." mas sim de pretensão do autor.
Quanto a mim, tá dada a palavra e não tenho nenhuma intenção de polemizar, principalmente a respeito da obra de alguém que tanto admiro e respeito. Portanto, essa é a minha contribuição e reafirmo tudo o que eu disse. Espero que tire dela o proveito que melhor lhe convém!!
Sem mais, um abraço!!
Rita Cássia,
ResponderExcluirÉ preciso polemizar para não passar em brancas nuvens.
Acho que um pouco de autocrítica também ajudaria a perceber que você está sendo pretensiosa assim como a Lúcia (a irmão do Zeca Baleiro).
Ambas julgam conhecer tão a fundo a obra do compositor a ponto de não admitirem outro olhar, que não o seu próprio, sobre a obra do artista.
Daí o texto ganha a qualidade de "equivocado", "raso" e contraditoriamente outras vezes "rebuscado".
E haja metalinguagem:
"deus
me deixa ser guru dessa galera
vê que tá todo mundo à minha espera
para anunciar um novo fim
deus
quinze minutos de eternidade
mais que a glória da posteridade
às legiões e tribos desse mundo
é o que virei anunciar "
Zeca Baleiro, "Guru da Galera", PetShopMundoCão (2003)
Samuel
ResponderExcluirParabéns pelo texto
Como fã do Zeca e fã frenético que lota os seus shows em sampa (rs) devo reconhecer que foi uma das coisas mais inusitadas e inteligentes que já li sobre ele. O seu texto me faz refletir mais a fundo sobre o Baleiro.
Valeu
Por acaso você poderia mandar pro meu e-mail a entrevista com o Zeca e os seus outros textos sobre ele?
Cara parabéns aí e desde já agradeço
Grande Abraço
Rafael M. Santos
rsrafamsantos5@gmail.com
Rapaz o que é isso que vc escreveu??? É praticamente uma tese sobre o Zeca Baleiro....kkkk.... Mas gostei do tom provocativo... Na verdade parece o Zeca Baleiro escrevendo sua coluna na isto é... Quem sabe um dia você não faz par com ele lá na revista??? rs
ResponderExcluirParabéns e não liga pra quem ta criticando não... com certeza não entenderam ou andam assistindo só novela das oito...
Abraçao
Andrea
Por que você não publicou meu comentário?
ResponderExcluirLUCIA,
ResponderExcluirTODOS OS TRÊS COMENTÁRIOS QUE VOCÊ MANDOU ATÉ AGORA FORAM PUBLICADOS.
NÃO CENSUREI NENHUM.
MANDE MAIS QUE EU PUBLICO.
ED WILSON
Dizer o que para alguém que acredita que é preciso polemizar prá não passar em brancas nuvens???
ResponderExcluirQuanto a mim, creio que só não passará em brancas nuvens quem tem um ideal e trabalha com afinco na realização dele.
Então, só me resta agradecer a existência dos "Zecas Baleiros" que trabalham seriamente e vão criando suas pérolas pela vida a fora. Assim, quem sabe mais tarde,"outros", tenham o que fazer polemizando a sua obra, já que nada criaram. Para esses, realmente restará fazer algum barulho prá acreditar que aqueles cinco minutos de fama é "não passar em brancas nuvens".
Ah, Samuel, já que a sua "tese" é a Metalinguagem em Zeca Baleiro, gostaria de lembrá-lo de que a letra da musica "Guru da Galera", assim como de "Fiz essa Canção" não é do Zeca, tá?
Já tinha decidido não postar mais aqui. E quero deixar claro que caí de paraquedas aqui nesse "debate". Fui tomada pela emoção ao ler um texto que ao meu ver, cheio de duplos sentidos. Tem horas que simplesmente não dá prá se omitir. Se eu tivesse respirado fundo três vezes mais, certamente, teria chegado a conclusão de que não valia a pena. Temo que isso fique parecendo polêmica, oportonismo ou qualquer outra coisa que tanto abomino! e com isso acabar estragando coisas que prá mim são preciosas!
é isso, um abraço a todos!!
Prezados Rafael e Andréa
ResponderExcluirGrato pelo elogio da loucura...rs
Rafael, tenho o material da entrevista por ocasião do lançamento do Líricas (2001) que foi publicada no Tribuna do Nordeste, um jornal de pequena circulação do Maranhão, mas acho que é mais uma espécie de devoção do que propriamente uma entrevista, acho que me furtei muito naquela época a um olhar mais crítico mas vale a pena conferir.
Tenho um texto intitulado "O Mundo Cão da Música" sobre o PetShopMundoCão (2003) e outro sobre o Baladas do Asfalto e Outros Blues (2005), estes dois últimos reflexões pessoais sobre cada trabalho... Vou enviar para o seu e-mail....
Mas olha minha vida não é só escutar Zeca Baleiro rsrs. Sou um amante da música brasileira em todas as suas vertentes... Se o dono do blogue permitir a gente lança outros textos depois sobre outros artistas....abços a todos.
Samuel Marinho
Olá Rita,
ResponderExcluirLegal o debate
Por favor, sem pudores....
Quanto a ter um ideal, acho essa história muito romântica e presunçosa para os nossos tempos.
Quanto ao barulho, acho que o texto fez BUM...tá bom.. ta bom... vou me corrigir...um bumzinho só...
Enquanto isso o meu coração vai fazendo tum tum lá na minha repartição pública....assim vou dando, acredito piamente, minha contribuição minimalista para o futuro da nação...rs... E ainda gosto do que faço..
Um dia prometo gravar minha rotina de trabalho e postar no youtube para conseguir algum reconhecimento. Fico te devendo essa....
Sobre “Fiz esta canção” e “Guru da Galera” é falta de perspicácia da sua parte não entender como as músicas se encaixam na concepção do CD PetShoPMundoCão o que, na proposta do artista, independe de a letra ter sido assinada ou não por ele. A música foi encampada na proposta do trabalho como um todo e pronto. Não sei se estou sendo “rebuscado” demais...
“Alma não tem cor”, por exemplo, não é uma música do Zeca Baleiro mas é talvez uma de suas (tantas) auto-definições mais eficientes....
“Não creio em santos e poetas...Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu...”
ZB, Cigarro, 2005
Abços e balas pra todos
Samuel Marinho
Rita e Lúcia
ResponderExcluireu sou fã do zeca mas reconheço que a popularidade dele é restrita a um certo público sim...Devemos reconhecer que não é uma popularidade como a de Raul Seixas, Renato Russo ou Cazuza,... sejamos sinceros... O samuel expressou bem essa idéia.... e o interessante que eu ainda não tinha percebido é que a obra do Baleiro aponta pra isso, pra esse incômodo... e o artigo parece desvendar algumas passagens muito consistentes dentro dos discos e canções dele sobre isso....Nesse sentido o artigo ganha mesmo um caráter revelador, surpreendente, e tudo o que surpreende causa impressões das mais diversas como estamos vendo aqui.
As pessoas que estão mais próximas a ele devem se sentir incomodadas com essa idéia.... Mas mesmo assim não consigo ver o texto como uma agressão, pelo contrário está mais em tom de reverência mesmo. O Zeca Baleiro mesmo é muito polêmico e pretensioso na coluna dele na isto é.... Acho que o Samuel está apenas seguindo os passos do seu ídolo...rssssss
Samuel eu gostaria também, se possível que vc remetesse os textos que vc enviou acima para o rafael para o meu e-mail: andreiap1975@gmail.com e para o de uma amiga ivana_soares78@hotmail.com
... desde já muito grata e parabéns mais uma vez...
Aguardo pelos próximos artigos...
P.s: Vc tem algo sobre o Lenine???
Akle abço
Andréa
ola andrea...parece que vc atingiu mesmo o texto em cheio, no alvo... estou enviando os outros que vc pediu... quanto ao lenine... bem curto demais o trabalho dele...se eu for falar mais que isso vc já sabe... vira uma tese kkk... então deixa pra uma proxima oportunidade tá bom? abço tb
ResponderExcluir"Eu só ponho o be-pop no meu samba quando o TIO SAM pegar no tamborim..." (Lenine, 1999)
"Só ponho reebok no meu samba quando a sola do meu bamba chegar ao fim" (ZB, 2008)
Eu gosto do trabalho do Zeca, tanto quanto do Lenine. Acho inclusíve, que vocês estão exatamente onde eles querem, na discussão, na dúvida e no campo das idéias, duvído muito que existisse esse embate intelectual se as preferências fossem "de plástico". Como algumas produções musicais recentes, nas quais "falta opinião". A propósito Samuel, é comum ser chacoteado pela massa quando temos opinião! As vezes me sinto como um daqueles soldados do incrível exército de Brancaleone... vlw
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