No manifesto “O PROCESSO DE DEGENERAÇÃO DO PSOL”, 49 integrantes do partido expõem os motivos da debandada. Sobraram críticas a Heloísa Helena, à direção nacional e às tendências internas da legenda.
A filiação dos ex-petistas Haroldo Sabóia e Franklin Douglas foi a gota d'água para um processo de insatisfação dos psolistas maranhenses com a direção nacional do partido, expressa o manifesto.
De acordo com o advogado Nonato Masson, os novos filiados asseguraram o ingresso no partido com apoio da maioria da direção estadual. Ainda segundo Masson, apenas 8 integrantes do diretório pediram desfiliação, do total de 25.
Saíram os ex-candidatos a prefeito (2008) e governador (2010) Paulo Rios e Saulo Argangeli, o presidente do diretório estadual Rogério Costa, o presidente do Sindicato dos Bancários David Sá Barros, o presidente do diretório de Imperatriz Wilson Leite, o professor Saturnino Moreira e outros.
Ficaram no PSOL Nonato Masson, o professor Carlos Leen (Imperatriz) e militantes que pretendem ampliar o partido, sem sectarismo. O sindicalista Valdeny Barros, atual secretário geral, vai assumir interinamente a presidência do PSOL no Maranhão.
O grupo formado por Masson, Leen e Barros criticava o método centralizador do grupo de Paulo Rios. Um dos atritos ocorreu na eleição de 2010, quando a candidata ao Senado, professora Socorro, de Paço do Lumiar, teve de entrar na Justiça para participar da propaganda eleitoral do PSOL na televisão. A maior parte da propaganda foi exclusiva de Paulo Rios.
Veja a íntegra do MANIFESTO:
“É preciso sonhar, mas com a condição de crer em nosso sonho, de observar com atenção a vida real, de confrontar a observação com nosso sonho, de realizar escrupulosamente nossas fantasias. Sonhos: acredite neles”. [Vladimir Ilich Ulyanov, Lenin]
Os que subscrevem este documento são os que construíram o PSOL em nosso Estado. Alguns, desde o primeiro instante; outros, engrossando nossas fileiras ao longo da caminhada; alguns, hipotecando vidas familiares, profissionais, carreiras; outros, trocando suas comodidades pessoais pelas agruras das nossas exigências partidárias.
Mas todos firmemente decididos a fazer triunfar não um projeto político qualquer, mas o projeto político do socialismo. Por isso, em 2004, quando do seu momento inicial, escolhemos um programa socialista e um estatuto que definiria o perfil de um partido de esquerda, autêntico e revolucionário, para superar a lógica perversa do capital e implantar o socialismo.
Nestes sete anos de trajetória, nos quais inúmeros militantes deram sua contribuição à construção do PSOL em vários municípios maranhenses, buscamos levar o partido à classe trabalhadora no campo e na cidade, cumprindo fielmente nosso papel pedagógico de instrumento de educação das massas, agregando-as conscientemente às lutas pelo socialismo.
Não nos esqueçamos que o Maranhão, historicamente, permanece no estado de pobreza extrema e por isso mesmo tem os piores indicadores sociais e econômicos do País.
Aqui, com o patrocínio escancarado do governo do PT, a mais longeva oligarquia regional não somente sobrevive, mas dá sinais de longa sobrevida. Por isso mesmo, é imperioso ser firme no caminho traçado e não se deixar confundir. Persistir no combate à oligarquia sarneísta, mas combater igualmente suas ramificações travestidas de “libertação”.
Infelizmente, o PSOL traiu o seu projeto original. Em menos de uma década, degenerou completamente. Não o dizemos por dizer. Basta olhar o que aconteceu nos congressos nacionais nesse período. Limitaram-se às disputas em torno do poder interno, pelo controle da direção, pelo aparato partidário e pelas definições eleitorais.
A discussão que de fato interessava, em torno da intervenção do Partido nas lutas sociais, passou longe e despercebida. De um partido de base, organizado em núcleos, transformou-se em um partido loteado entre chefetes que pensam ser donos das vontades e das inteligências dos seus militantes.
Organizado em tendências, é de fato uma federação de “potências soberanas”, na expressão de Lênin, incapaz de superar a eterna luta interna que o paralisa diante das exigências da luta concreta diária. Paralisado, reduziu-se ao papel de mero espectador.
Paralisado, assiste impotente ao recebimento de ajuda financeira em campanha eleitoral proveniente dos cofres de grandes empresas capitalistas tais como a Gerdau e a Taurus que financiaram a campanha de Luciana Genro no Rio Grande do Sul. Paralisado, vê estarrecido sua Presidente, à época, Heloisa Helena fazer campanha para candidato de outro partido.
Paralisado vê o Senador eleito pelo Amapá Randolfe Rodrigues ter recebido apoio político do grupo do Senador José Sarney. Os escândalos internos sucedem-se sem que nada aconteça.
Nada acontece porque, em primeiro lugar, a base partidária está excluída de toda participação concreta, efetiva, nos rumos do partido; e, depois, porque em razão dos acordos internos, os grupos ou outros nomes que lhes queiramos dar, num eterno traçar de alianças, evitam o necessário enfrentamento dessas questões.
O partido anulou-se. Não existe. Existem os grupos, as tendências, as subtendências, os chefes, os parlamentares, mas não o Partido. Existem as preocupações eleitorais, mas não a preocupação com a democracia interna, com a compreensão do País, com a construção da necessária autoridade moral sem a qual jamais será possível aspirar a, um dia, ajudar na revolução brasileira.
Em 7 anos o PSOL transformou-se numa caricatura do PT, uma vez que repete e aprofunda as práticas políticas daquele partido, práticas estas que o transformaram num partido corrupto e agente da ordem capitalista, destruidor dos direitos da classe trabalhadora e favorecedor dos interesses burgueses.
Ao contrário do que a classe trabalhadora esperava, o PSOL rebaixou o seu programa e rapidamente caducou, frustrando as enormes esperanças das massas e tornando-se um partido meramente eleitoral sem um conteúdo de classe ou de ferramenta de superação da ordem burguesa.
No Maranhão, da Direção Nacional jamais recebemos qualquer tipo de ajuda. De nenhuma natureza. Para tornar este ponto claro: do fundo partidário, por exemplo, nunca um único centavo ajudou a luta do PSOL no Estado. Talvez porque sempre nos recusamos a participar da política rasteira, conservadora e autoritária que hoje domina o Partido.
Não bastasse isso, temos sofrido, na prática, intervenções sucessivas, não apenas nas nossas instâncias estaduais, mas, sobretudo, nas decisões democráticas dos nossos filiados, como no caso da escolha dos candidatos ao Senado, agora repetida com filiações decididas sem sequer uma consulta.
Querem empurrar-nos goela abaixo figuras como Haroldo Saboia e Franklin Douglas, que, conforme documentos públicos, há menos de 5 meses, defendiam o governo Lula e todas as suas políticas de ataque aos trabalhadores, sucateamento dos serviços e órgãos públicos, privatizações, pagamento exorbitante da dívida pública, reforma da previdência em desfavor dos aposentados e assalariados e aliança com a burguesia (aliás, ao amparo de recente Resolução da própria Executiva Nacional do Partido).
Mais ainda: essas pessoas legitimaram e participaram do corrupto governo Jackson Lago que atacou violentamente os trabalhadores e professores com a chamada Lei do Cão, além de inúmeros casos de improbidade e nepotismo amplamente divulgados.
Querem desmoralizar-nos. Não o conseguirão. Ao tomar essa atitude vertical, antidemocrática e desrespeitosa com toda a construção e compromisso que firmamos nesses 7 anos de muito trabalho em todo o Maranhão, a executiva nacional do PSOL mostra a cara de um partido que já pode ser chamado de “novo PT” pelas práticas e conteúdo que passa a tomar na cena política do Brasil e do Maranhão.
Por tudo isso e coerentes com a nossa posição política, decidimos, coletivamente, sair do PSOL. Esta última intervenção foi a gota que fez transbordar o copo. Sair representa manter a nossa coerência e não nos tornar cúmplices dessa virada ideológica, como faz a CST que, entre nós, omitindo-se sempre, apóia, na prática, a política intervencionista e antidemocrática da Direção Nacional; ou como a APS que, desde sua entrada no Partido, jamais moveu uma palha na luta cotidiana dos trabalhadores maranhenses, limitando-se à já conhecida política cupulista em que busca substituir sua absoluta falta de identidade com um projeto revolucionário-socialista por tentativas de alianças eleitorais à margem do projeto partidário; ou ainda como o MES e ENLACE , eternos ausentes da vida partidária do Estado.
O PSOL, já a partir de algum tempo, desprezando a luta social e política, privilegia o mero pragmatismo eleitoreiro. O nosso combate é outro: ele está nas trincheiras e nos embates, o verdadeiro ambiente de constructo de um projeto revolucionário.
Não deixaremos de fazer a luta social e política permanentemente em defesa da classe trabalhadora, através das entidades sindicais e organizações sociais em que cada um de nós atua. No momento certo debateremos e decidiremos qual rumo partidário será tomado por nós.
Aproveitamos para convidar todos aqueles que, ainda no PSOL, possam erguer suas vozes e dizer não a esse processo acelerado de degeneração para que nos juntemos para continuar sonhando com um futuro socialista e libertário.
VIVA O SOCIALISMO!
São Luís, 31 de março de 2011
01) Aldecy Moraes Ribeiro - Previdenciário e do Núcleo Mário Alves
02) Antônia de Jesus Santos Soares - Professora e Municipal de Caxias
03) Antônia Raimunda Alves dos Santos - Professora e Municipal de Caxias
04) Antonísio Furtado – Diretório municipal de São Luís e oposição de professores
05) Carlos Lopes - Profissional liberal e do Diretório Municipal de Imperatriz
06) Claudio Lopes - Marceneiro e do Núcleo Tecendo o Socialismo
07) Cordeiro Marques - Diretório Municipal de São Luís e do Sintes/MA
08) David Sá Barros – Bancário e Presidente do Sindicato dos Bancários
09) Diogo Cabral – Advogado popular e membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA
10) Emanoel Chaves – Comerciante e do Municipal de Imperatriz
11) Felix Lima e Silva - Pedreiro
12) Francinete Soares da Silva - Professor e Municipal de Caxias
13) Heliomar Barreto - Estudante e do Diretório Estadual do PSOL
14) Irmão Walter – marceneiro e do Núcleo Tecendo o Socialismo
15) Irisnete Galeno da Silva – dona de casa
16) Joel Silva Costa - Previdenciário e do Núcleo Mário Alves
17) Jorge Luis Pinheiro Ferreira – Previdenciário e do Núcleo Mário Alves
18) José Cláudio Siqueira Mendes – Previdenciário e do Núcleo Mário Alves
19) José de Ribamar Novaes – Médico, previdenciário e do Núcleo Mário Alves
20) Kátia Ribeiro - Oposição dos professores e advogada
21) Lailton Nunes – autônomo e do Núcleo Tecendo o Socialismo
22) Lenilson filho – estudante e do Núcleo Tecendo o Socialismo
23) Luis Carlos - Diretor do Sindicato dos Bancários
24) Luis Fernando Teixeira Coqueiro – Previdenciário e do Núcleo Mário Alves
25) Márcio André – Advogado e militante dos movimentos de pessoas com deficiência
26) Marco Aurélio - Urbanitário e oposição Urbanitária
27) Marcos(cabelo fino) – marceneiro e do Núcleo Tecendo o Socialismo
28) Maria da Conceição Dias Carneiro – Professora e Municipal de Caxias
29) Maria de Nazaré Almeida Lima – Professora, Diretora do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Caxias Professora e Municipal de Caxias
30) Maria do Carmo Alves Avelino – Professora e Municipal de Caxias
31) Maria dos Santos Gomes de Freitas – Professora e Municipal de Caxias
32) Maria Honorina – Dona de casa e do Núcleo Tecendo o Socialismo
33) Marlon Câmara Freire – Diretor do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal-Sintrajufe/MA
34) Maria Dolores da Silva – Diretório Estadual do PSOL e oposição dos professores
35) Naziel silva – Autonomo e do Núcleo Tecendo o Socialismo
36) Nemeziano Carvalho Loura – Servidor Federal e oposição dos federais
37) Paulo Rios - Ex-candidato a Prefeito de São Luís em 2008, Diretor do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal/MA, Membro suplente do Diretório Nacional do PSOL e Professor Universitário
38) Rezzo Júnior - Diretório Estadual do PSOL e oposição de professores
39) Ribamar Arouche – Vigilante e do Núcleo Tecendo o Socialismo
40) Ricardo de Aguiar – Pedreiro e do Núcleo Tecendo o Socialismo
41) Rogério Costa - Presidente do Diretório Estadual do PSOL, Professor Universitário e do Núcleo Tecendo o Socialismo
42) Saturnino Moreira - Ex-candidato a Governador pelo PSOL em 2006, Diretório Estadual do PSOL, Professor Universitário e do Núcleo Tecendo o Socialismo
43) Saulo Arcangeli - Ex-candidato a Governador pelo PSOL em 2010, Presidente do Diretório Municipal de São Luís, Coordenador Geral do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal e MPU-Sintrajufe/MA e da Fenajufe, Membro da Executiva Nacional da CSP CONLUTAS- Central Sindical e Popular
44) Silvana Maria de Oliveira Moura – Professora, Dirigente Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Caxias e Diretório Municipal de Caxias
45) Sonia Maria Silva Santos – Previdenciária e do Núcleo Mário Alves
46) Wagner Sabóia – autônomo e do Núcleo Tecendo o Socialismo
47) Zé Pombo – Funcionário público municipal de São Luís
48) Wellyngton Chaves – Office-Boy e Diretório Municipal de Imperatriz
49) Wilson Leite - Trabalhador assalariado e Presidente do Diretório Municipal de Imperatriz
Há fervor de ambas as partes... Espero que todos esses... que aí estão em peregrinação... encontrem a terra prometida do socialismo puro,autêntico e incorruptível.
ResponderExcluirSANCHO E DOM QUIXOTE
- CAVALEIRO QUE LOUCURA TE FAZ CORRER TANTO ASSIM?
- CORRO ATRÁS DE VENTURA QUE VELOZ CORRE DE MIM!
- LOUCO, APENAS O AZEDUME DA DOR
ENCONTRARÁS NA SORTE
QUE A VENTURA DA VIDA SE RESUME
NA PAZ ETERNA DA MORTE!
- CHAMAR-ME DE LOUCO OUSAS?
LOUCOS SOMOS TODOS EM SUMA!
UNS, LOUCOS POR MUITAS COISAS,
OUTROS POR COISA NENHUMA!
E O LOUCO SAIU A TROTE,
EM SEU CORCEL DE ILUSÃO…
ERA UM NOVO DOM QUIXOTE
DE NOVO SONHANDO EM VÃO!
(Ferreira Gullar, 1947)
Francisco,
ResponderExcluirBoa poética para tentarmos entender esses tempos quixotescos da política.
Ed
Francisco,
ResponderExcluirBoa poética para tentarmos entender esses tempos quixotescos da política.
Ed
Olá professor Edwilson boa tarde.
ResponderExcluirEstou produzindo uma série de reportagens sobre o "Rádio Caipira ou Caboclo", em que pretendo abordar sobre os programas voltados para o homem do campo. A linguaguem peculiar do programa será o carro chefe.
Sobre isso estou precisando ouvir um pesquisador em rádio, mas voltado para a programação artistica, a linguagem. Ainda conversei com a professora Roseane, mas ela disse que faz pesquisa só na área de jornalismo.
Gostaria de saber se você não teria como colaborar com esse material que estou fazendo, se fez alguma pesquisa ou conhece alguém que fez aí em SaoLuis ou indica algum livro sobre o tema.
Resumo: A ideia é mostrar o rádio caipira que está em transformação. O caboclo agora está mais antenado, os locutores se apesentam mais "atualizados" e o velho estilo matuto está desaparecendo. A morte de Clodomir Guimaraes, o Corró,aqui da Mirante AM deixou órfãos ouvintes de todo o inteiror do Estado que aprenderam a gostar do estilo próprio bem humorado e de duplo sentido empregado no programa "A Fazdenda do Corró".
Pensei em começar falando sobre a época do ouro do rádio de auditório com os programas de auditório (lembra dos CDs A História do Rpadio no Brasil?).
De já agradeço.
Aguardo resposta.
João Rodrigues