Ana Maria Marques *
O encontro aconteceu de forma inusitada, pouco convencional, resultado de um trato do tempo com a sorte; um acerto da busca com a intuição.
Virtualmente. Contato, sem tato. Fragmentos de histórias vividas entrelaçavam-se aos planos não experimentados, ao desejo, aos poucos, construído.
Num átimo, toda a história foi se desenhando.
A cada palavra escrita, a cada imagem trocada.
Confidências ditas, emoções sentidas e a ideia do porvir.
Vozes e gestos, tudo então desconhecido. Sabia de sua gargalhada, que imaginada, não emitia som.
Nem lhe conhecia o rosto, a cor dos cabelos... nada sabia sobre seu cheiro, seu tato. Não lhe conhecia a tez.
Ambos, no entanto, compactuavam do mesmo anseio, alimentavam-se, reciprocamente, da esperança do encontro, da realidade do encanto, da possibilidade “de”.
Alternavam-se entre a inquietação da espera e a paz do sonho. Acreditavam na verdade do encontro, inicialmente, de almas, de anseios, de (des)continuidades habilmente desenhadas pelo capricho do tempo; intuitivamente acalentadas nos desejos dos dois...e depois?
Realidade. Vaidades de terno e batom... Encontro.
Suores, desejos, sussurros. Tudo se esculpia na unicidade dos corpos, se enfeitava da leveza das almas, se materializava no silêncio de dois, a contar o mesmo sonho. Só um.
Caminhos. Sonhos trocados com ausência de culpa.
Essa menina é de um talento comovente. Escreve no limite do objetivo e do figurado, naquela fronteira em que apenas a alma consegue transitar com leveza. "Alternavam-se entre a inquietação da espera e a paz do sonho. Acreditavam na verdade do encontro, inicialmente, de almas, de anseios, de (des)continuidades habilmente desenhadas pelo capricho do tempo; intuitivamente acalentadas nos desejos dos dois...e depois?". É coisa para se ler e reler, lentamente. Como quem degusta um vinho especial.
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