sábado, 26 de maio de 2012

UM ESFORÇO PELO TURISMO EM ALCÂNTARA

Com dois ministros do Turismo do Maranhão, Pedro Novais e Gastão Vieira, a Festa do Divino não teve sequer folder em 2012.

Encerra neste domingo 27 a tradicional Festa do Divino, em Alcântara, uma das manifestações religiosas mais expressivas do Maranhão e influente no Brasil.

Desde 2009 os estudantes (foto acima) de Turismo do Instituto Federal (IFMA) vêm desenvolvendo o projeto Divina Hospitalidade. No prédio da instituição foi montado um centro de recepção aos turistas, onde acadêmicos de vários períodos atendem os visitantes.



Especificamente sobre a Festa do Divino, os estudantes de Turismo montaram vários banners (foto) sobre os bastidores do evento. Pesquisaram e expuseram o trabalho das doceiras, licozeiras, cozinheiras, decoradores e o ritual do mastro, entre outros.

Pessoas simples da sede e dos povoados de Alcântara ganharam reconhecimento pelo trabalho digno em prol da Festa do Divino.

Os estudantes destacaram ainda o trabalho do estilista Fabio Serejo, exímio costureiro, responsável por boa parte da indumentária da corte, representada pelo imperador ou imperatriz, vassalo, mordomos e caixeiras etc.

Eles produziram também um folder com o roteiro gastronômico de Alcântara, mapeando restaurantes e lanchonetes, como se faz na maioria dos destinos turísticos do Brasil.

A iniciativa dos estudantes de Turismo contrasta com a falta de políticas públicas que dotem Alcântara de infra-estrutura para receber os visitantes.

Em 2012, nem o folder oficial da Festa do Divino ficou pronto a tempo. Os hotéis e pousadas, além de algumas casas particulares, foram alugadas para os trabalhadores da base ucraniana do projeto aeroespacial.

Esse ano não houve nenhuma divulgação oficial da festa pelo Governo do Estado. O folder disponível no centro de recepção aos turistas ainda é de 2011.

Em Alcântara o sistema de telefonia é péssimo. As operadoras OI e TIM não funcionam. E, para completar, na volta para São Luís, o catamarã atraca próximo ao Iate Clube, na lama, forçando os passageiros a manobras arriscadas para descer da embarcação.

Com os pés sujos, um casal francês da terceira idade e dois jovens alemães encararam no final da tarde de sábado 26 a lama e a caminhada pela areia fofa até pegar um microônibus que leva à Praia Grande.

Esse é o Maranhão que tem até ministros do Turismo. Dois seguidos do bolso de José Sarney.

Apesar de tudo, a festa é feita pelo desprendimento e religiosidade dos moradores de Alcântara. Durante a véspera do encerramento, pela manhã, após a alvorada de foguetes, as bandinhas tomam conta da cidade, acompanhando mordomas e mordomos nos rituais de esmoleiro.


É bonito de ver a criatividade dos moradores e até o sacrifício para cumprir as obrigações religiosas. Como tanta coisa no Maranhão, o povo vai fazendo por conta própria, sem contar com ninguém do poder público, ausente na quase totalidade das vezes.

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