terça-feira, 17 de julho de 2012

IMPERATRIZ 160 ANOS: CRESCER MENOS, DESENVOLVER MAIS

Marcos Fábio Belo Matos – prof. dr. do Curso de Comunicação Social – Jornalismo da UFMA - Imperatriz

Imperatriz cresce a olhos vistos. Aumenta todos os seus índices urbanos dia a dia: quantidade de prédios altos, de carros e motos nas ruas, de faculdades e universidades, de profissionais liberais, de indústrias e casas comerciais, de shoppings, de casas noturnas etc. Isso se vê por aí, basta andar pela cidade e nem precisa ter um olhar tão perspicaz para notar. Mas e o desenvolvimento, como anda? Penso que, nesse momento em que estamos apagando velinhas de 160 anos, é bastante providente discutir até que ponto a cidade vem aliando crescimento e desenvolvimento. Para mim, o que parece é que o desenvolvimento está perdendo a disputa para o crescimento.

Por isso, como morador dessa cidade há seis anos, proponho que ela cresça menos e se desenvolva mais.

Crescer menos, por esse prisma, significa ter mais cuidado com a verticalização e a “condominionalização” desenfreadas, por exemplo. É racionalizar a abertura de bairros ou vilas em locais que não estão preparados para recebê-los – ou pior: que se sabe, de antemão, que não há condições de chegar, em breves dias, beneficiamentos públicos – água, esgoto, escola, posto policial, posto de saúde. É administrar melhor, com mais controle e eficácia gerencial, a industrialização e a chegada de comércios – que muitas vezes, para se implantarem, exigem um preço altíssimo, em termos de degradação ambiental e exploração de mão de obra e, em outras vezes, não passam de aventura capitalista, pura e simples. É não permitir que a cidade se espalhe sem planejamento urbano, arquitetônico, de paisagismo. É, enfim, criar estratégias inteligentes de gerenciamento das carências em todos os sentidos, para que a elas se aliem soluções também inteligentes.

Na outra face da moeda, desenvolver mais significa dotar as áreas da cidade de aparelhamentos urbanos: praças nos bairros, árvores pelos canteiros de casas e avenidas, embelezamento de áreas de recreio e lazer (um exemplo claro: sempre me perguntei por que a nossa Beira-Rio é tão feia e por que não aproveitar aquelas duas lagoas que lá estão para coisa mais útil que a pesca infrutífera...). É sanear os bairros que já existem, calçar ruas (não necessariamente com asfalto, que é quente...), levar escolas, postos médicos, postos policiais etc. É criar condições para que a cidade receba mais arte, mais cultura: mais música, mais cinema, mais literatura, mais teatro – costumamos nos gabar que estamos próximos a cinco capitais, mas quase não recebemos espetáculos de lá – a não ser o monofônico ritmo que todos conhecemos bem... Enfim, desenvolver mais é se preocupar com uma expressão que, de tão usada pelo poder público e não aplicada, está virando anedota: “qualidade de vida”.

E, antes que me chamem de quixotesco, advirto: muitas cidades Brasil afora, do tamanho de Imperatriz ou até menores, já fizeram ou vêm fazendo este dever de casa. A forma de administrar é a mesma. O que falta é vontade de fazer: do poder público, das entidades, da população. Considerando que estamos no aniversário de Imperatriz, mudar a maneira de encarar a cidade, de uma cidade que “cresce” para uma cidade que se “desenvolve” poderia ser um ótimo presente.

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