domingo, 16 de dezembro de 2012

GENOÍNO: MUITO MAIS QUE UM COMPANHEIRO

Augusto Lobato *

Conheço o ex-presidente do PT José Genoíno há mais de vinte anos. Sempre o admirei pela sua coragem e determinação. Com convicção, enfrentou o debate sobre os grandes tabus da esquerda, ao questionar o centralismo democrático e a ditadura do proletariado, ao propor a reforma política do Estado burguês e defender aliança ampla para o PT chegar ao centro do poder.

Genoíno foi um parlamentar sempre firme e sério, disputando os rumos do PT, interna e externamente; muitas vezes elogiado pela imprensa burguesa, esta mesma que o desqualifica e tenta lhe colocar na vala comum dos que saqueiam os cofres públicos.

Qual foi o crime do Genoíno? Ter presidido o PT, assinado as rubricas do partido, ter dialogado com os partidos aliados que deram sustentação ao governo Lula. Não podemos concordar com a execração de alguém que, ao longo da sua vida, dedicou suas forças na luta “por uma sociedade socialmente igual, humanamente distinta e totalmente livre”.

O STF, em minha opinião, errou. Fez um julgamento político. Cometeu o mesmo erro quando cassou o ex-governador Jackson Lago (PDT), alegando abuso de poder econômico, dando ganho de causa a uma oligarquia que comanda o Maranhão há 50 anos.

Não quero aqui fazer nenhum juízo de valor dos ministros do STF. Apenas gostaria que o julgamento do Genoíno tivesse critério mais plausível.

Genoíno, ao longo de toda a sua vida de militância, como parlamentar e dirigente partidário, nunca acumulou patrimônio incompatível com sua renda. Também não há qualquer gravação que o incrimine, revelando situações em que tenha se aproveitado do dinheiro público em benéfico próprio.

Quando parlamentar, Genoíno nunca se envolveu em corrupção. Pelo contrário, denunciava e questionava a forma de distribuição e o uso das emendas parlamentares. No seu gabinete tinha escrito “aqui não se vende e não se compra”, ou seja, o gabinete não é lugar de negócio.

Parlamentar exemplar e admirado tanto pela esquerda quanto pela direita, não tem no seu currículo e nem no seu DNA atos de desonestidade. Alguns discursos dele marcavam quem o ouvia por alguma frase. Uma delas me marcou muito: “o que não é público não pode ser ético”, resumindo a concepção e autoridade política de quem defende a transparência contra qualquer tipo de corrupção em nosso país.

Genoíno é pra mim e sempre será muito mais que um companheiro. É o símbolo de alguém que pagou e paga o preço por ter convicções e posições claras. Para mim, ele continua o mesmo Genoíno de sempre, cuja trajetória política inspirou o slogan de campanha: “Genoíno, firme e sério”.

* Augusto Lobato é vice-presidente do PT/MA

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