segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O CUSTO DO VOTO

Carlos Agostinho Couto *

Os dados divulgados no período anterior às eleições, e também durante, chamam a atenção dos eleitores e analistas políticos. Fala-se nas deficiências da área educacional, falta de vagas nos hospitais, quantidade de ruas por asfaltar, qualidade dos serviços públicos etc.

Muito se fala também nos recursos possivelmente investidos pelos diversos candidatos, seja ao cargo majoritário de prefeito ou aos proporcionais de vereador.

Nas eleições para a Prefeitura de São Luís de 2012 não foi diferente.

Mas chama mais a atenção ainda, com o cenário eleitoral já definido neste ano, os dados divulgados no período pós-eleitoral. Oficiais, devemos admitir, mas dados apresentados aos tribunais eleitorais, portanto, dignos de nota. Eles mostram o valor que cada candidato alegou ter gasto nas eleições, com destaque aqui para os custos de campanha dos candidatos a prefeito mais bem colocados na eleição.

Eles nos mostram, entre tantas outras coisas, o poder econômico de cada candidato ou grupo. E, por extensão, o ímpeto financeiro com que cada um enfrentou a campanha. Podemos, inclusive, deduzir quanto custou cada voto conquistado pelos candidatos. Antes que se criem dúvidas, não nos referimos à compra de votos, algo que – insistem os tribunais e políticos – é hábito ultrapassado. Não o é, a meu ver, mas não é o objeto desta análise.

Voltando ao mundo dos dados oficias, e fazendo uma simples comparação dos valores declarados pelos candidatos e o seu resultado eleitoral, perceberemos qual a relação entre os valores investidos e o que disseram as urnas.

Vejamos:

O candidato que mais investiu, oficialmente, foi o prefeito João Castelo. Foram R$ 4.697.991,79. Se considerarmos que ele participou dos dois turnos e o gasto informado refere-se a ambos, e dividindo-se o valor gasto pelos votos alcançados nos dois pleitos, que somaram 376.405 votos (156.320, no primeiro e 220.085 no segundo turno), temos que cada voto custou o valor de R$ 12,48.

O que declarou ter o segundo maior gasto, Washington Luiz, disponibilizou R$ 4.421.085,46. Como ele teve 56.328 votos (4º colocado no primeiro turno), significa que cada voto seu lhe custou R$ 78,48.

O que teve o terceiro investimento, em dados oficiais, foi o candidato eleito Edivaldo Holanda Jr. Ele gastou R$ 2.164.279,82. Como teve 466.993 votos nos dois turnos (186.184 no primeiro e 280.809 no segundo turno), cada voto saiu por R$ 4,63.

Eliziane Gama, terceira colocada no primeiro turno, com 70.582 votos, declarou ter gasto R$ 304.440. O que dá uma média de R$ 4,31 por voto.

Ficando por aqui, pois os demais candidatos tiveram um número bem menos significativo de votos, deduzimos que Eliziane Gama gastou pouco e ganhou muito. Com um baixo investimento financeiro e uma campanha que enfatizava um discurso humanitário pela cidade, ficou em terceiro lugar no primeiro turno.

Washington Luiz gastou muito e ganhou pouco. O poder do seu dinheiro e o discurso propagandístico de que também teria o poder de conseguir os apoios federal e estadual pouco lhe renderam nas urnas. Um fiasco político e econômico-financeiro.

Pragmaticamente, João Castelo perdeu mais porque não conseguiu a reeleição e Holanda Jr ganhou mais porque, mesmo com um investimento por voto dezesseis vezes menor que o candidato que mais gastou proporcionalmente por voto (Washington Luiz), venceu as eleições.

Resta sabermos de onde veio tanto dinheiro e o que justifica o gasto de fortunas para chegar ao poder.

* Carlos Agostinho A. de M. Couto é professor da UFMA e doutor em Políticas Públicas.

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