Terminada a eleição para prefeito em 2008, o PCdoB saiu da
campanha com um saldo positivo, apesar da derrota de Flavio Dino para João
Castelo (PSDB).
Os comunistas “perderam
ganhando”, porque projetaram um nome para as futuras disputas em cargos
majoritários.
Candidato ao governo em 2010, Dino estadualizou o nome e
colocou-se na “fila” para assumir o Palácio dos Leões. Derrotado novamente,
ganhou a condição de principal liderança de um campo heterogêneo da oposição à
oligarquia Sarney.
Mas, nem todos os comunistas tinham o mesmo entendimento
sobre o caminho a seguir depois de 2010.
Parte do PCdoB preferia Dino candidato à Prefeitura de São
Luís novamente em 2012. Os entusiastas dessa proposta alimentavam os seguintes
argumentos: Flavio precisava de uma experiência administrativa bem sucedida e,
principalmente, necessitava comandar um núcleo político progressista a partir da capital.
Essa seria a longa caminhada, conjugando uma boa gestão na
capital com a formação de um pólo democrático-popular em aliança com os
movimentos sociais, sob a hegemonia de um viés de centro-esquerda.
A longa caminhada daria tempo ao tempo e condições de
formatar uma plataforma política e administrativa consistente para o Maranhão, que
de fato conseguisse romper com os vícios oligárquicos.
Por esse viés, as questões programáticas teriam preponderância
sobre o pragmatismo eleitoral.
Outros comunistas advogavam o caminho mais rápido, ou seja,
o atalho. Flavio deveria seguir direto para disputar o Palácio dos Leões,
liderando a oposição heterogênea e agregando toda e qualquer dissidência conservadora
da oligarquia.
E assim foi feito. Dino chegou em 2013 ladeado por Weverton
Rocha, Waldir Maranhão, Raimundo Cutrim e Zé Vieira, entre outros.
Ele sabe que, se fizer as alianças apenas com os puros, não
ganha a eleição! O pragmatismo eleitoral fala mais alto para quem já sofreu
duas derrotas consecutivas.
O caminho pelo atalho empodera a máquina da campanha, amplia
as condições materiais de vitória e amedronta o adversário maior. Com todas as
armas necessárias para ganhar a guerra, Dino vai para o campo de batalha
disposto a tudo para vencer.
O
atalho venceu a longa caminhada. Flavio larga na frente, mas o jogo só começou.
O inimigo é perigoso. Eleição às vezes é atravessada por aquela máxima
perturbadora: o imponderável da política.
Respeito a sua visão sobre o jogo político como novela de interesses, que só pode ter um "final feliz" quando difíceis, mas importantes alianças políticas derem condições para a vitória. Mas falemos francamente: essa união de Flávio Dino com Zé Vieira e com Raimundo Cutrim é similar a do ex-presidente Lula à família Sarney. E mais: Cutrim suja o nome do PC do B, põe em crise o sentido comunista do partido e solidifica a falta de fidelidade partidária por ideologia política maranhense. Flávio Dino pode até ser competente como gestor no futuro, mas dá todos os indícios de que segue antigos e inescrupulosos paradigmas políticos. Tudo em nome do poder, e não da causa.
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