quarta-feira, 2 de outubro de 2013

“NÃO HOUVE ACORDO ALGUM”, ESCLARECEU BIRA DO PINDARÉ SOBRE A EXPULSÃO DO PT

O deputado estadual Bira do Pindaré descartou as insinuações de que teria feito acordo com o vice-governador Washington Oliveira (WO) para sair do PT. “O conteúdo do documento assinado por Monteiro é de sua inteira responsabilidade e corresponde rigorosamente aos fatos e ao que ele pensa a nosso respeito”, declarou Bira em entrevista exclusiva ao blogue. 

O parlamentar despediu-se do PT após mais de duas décadas de militância, depois de ter sofrido perseguições e retaliações dentro e fora do partido.
Veja a entrevista:
Bira, na oposição a Roseana, incomodou os interesses do Palácio dos Leões e do PT sarneísta
Blogue - Houve algum tipo de acordo ou negociação com o grupo do vice-governador Washington Oliveira para que você saísse do PT?

Bira do Pindaré - Não houve acordo algum. Esse discurso serve apenas para desviar o assunto dos fatos incontestáveis que forçaram nossa saída. Intervenção em 2010, supressão das minhas prerrogativas como secretário de organização do partido, convite público do vice-governador, exclusão da propaganda partidária e a subserviência total à oligarquia. O conteúdo do documento assinado por Monteiro é de sua inteira responsabilidade e corresponde rigorosamente aos fatos e ao que ele pensa a nosso respeito. 

BlogueQual é o sentimento ao ser “convidado a se retirar” do PT e para qual partido pretende ir?

Bira do Pindaré – Fiquei muito triste, afinal de contas dediquei a maior parte da minha vida para construção desse partido, com toda convicção do mundo, e de repente sou obrigado a sair porque o partido foi tomado pela oligarquia no Maranhão. É extremamente doloroso. Recebi convite de seis partidos: PCdoB, PSB, PDT, Rede, Solidariedade e PPS. Estou analisando e devo decidir nas próximas horas devido ao prazo que se encerra dia 5 de outubro. Certamente será um partido do campo democrático e comprometido com a luta da oposição no Maranhão.

Blogue – Como será a vida fora do partido no qual sempre militou?

Bira do Pindaré - Sinceramente não sei. Tudo que eu penso agora é em continuar trabalhando pelo povo, fortalecer a oposição e virar a página da história no Maranhão.

BlogueA quem você atribui as manobras para expulsá-lo do PT?

Bira do Pindaré – Isso é coisa da oligarquia. Esse pessoal me persegue de todas as formas. Não suportam a ideia de alguém que não se vende e não se rende.

BlogueO PT está totalmente dominado pela oligarquia Sarney ou ainda tem jeito?

Bira do Pindaré - Como diz o povo, tá tudo dominado. Confesso minha descrença total de que algo de diferente possa ocorrer no PT do Maranhão, pelo menos até 2014 vai continuar do mesmo jeito, infelizmente. Mesmo assim, desejo sorte à Resistência Petista no PED e torço para ser surpreendido.

Blogue – Você fez uma série de denúncias sobre convênios irregulares no governo Roseana Sarney. Esse posicionamento interferiu na manobra para expulsá-lo?

Bira do Pindaré - Evidente que sim. Nosso mandato tem servido rigorosamente como um instrumento de defesa do povo e isso incomoda muito, sobretudo num Estado como nosso onde predomina o autoritarismo.

Blogue – Quais foram as principais denúncias? Elas tiveram algum desdobramento ou investigação por parte dos órgãos fiscalizadores?

Bira do Pindaré - Estradas fantasmas, convênios fantasmas, conselhão, Detran... Até agora o desdobramento mais importante foi a extinção do conselhão. Importante dizer que fazemos isso ao lado da oposição e em nome da transparência e da democracia. O governo não deve se comportar como se fosse um comitê eleitoral permanente, destinando dinheiro e favores para cabos eleitorais de luxo.

Blogue – Recentemente foi noticiado que você teria sido condenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em processo relacionado à sua gestão da Delegacia Regional do Trabalho (DRT). O que tem a dizer sobre esse episódio?

Bira do Pindaré - Essa perseguição é o preço que eu pago por defender o povo. A verdade é que existe um processo, mas ainda pendente de julgamento final. Não existia nada contra mim, nem sequer acusação, mesmo porque trata-se de um contrato licitado na gestão anterior. Logo, se houve irregularidades a responsabilidade não é minha. De modo que esse papo de que estou inelegível é uma canalhice. Mas, graças a Deus, que mentira tem perna curta e quem me conhece sabe da minha índole. Isso não cola.

Blogue – Como você analisa o cenário eleitoral de 2014?

Bira do Pindaré - Será uma eleição plebiscitária. De um lado a oposição, sintonizada com o desejo de mudança do povo, e de outro a oligarquia com seu candidato. Como a oposição nunca largou com tanta força, pode se preparar que vai ser "chumbo grosso". Perseguições, mentira, abuso de poder... Mesmo assim estou confiante de que a oposição vai vencer.

Blogue – Qual a sua avaliação da composição partidária liderada por Flavio Dino? É progressista ou conservadora?

Bira do Pindaré - É uma composição ampla, mas liderada por um pensamento progressista. Aposto muito no Flávio. Ele está consciente de que não queremos trocar apenas um nome por outro. O que nós queremos é a mudança real desse modelo político dominante que é concentrador de poder e concentrador de riqueza. Se o compromisso é esse, há pouco espaço para pensamentos conservadores.

Blogue – Qual o balanço do seu mandato e como pretende atuar caso seja reeleito?

Bira do Pindaré - Faço um balanço positivo dentro da perspectiva daquilo que a gente se propôs. Um mandato atuante, comprometido com os movimentos sociais, alinhado com a oposição e firme na defesa do povo. Se eu for reeleito pretendo seguir o mesmo caminho.

Blogue – O que é fundamental para uma mudança consistente no Maranhão?

Bira do Pindaré - É impossível pensarmos em mudança sem mexer na estrutura fundiária, sem apoiar a economia real e na estruturação de cadeias produtivas, sem universalizar direitos básicos, a exemplo da água e da moradia, e sem investir fortemente na qualidade dos serviços públicos de educação e saúde. Creio que a superação desse quadro de pobreza e a melhoria dos indicadores sociais passam por aí.

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