A tensão entre o PT e o senador José Sarney (PMDB) provocou um novo adiamento na decisão sobre o controle do diretório do Maranhão.
Na reunião de ontem à noite, em São Paulo, a cúpula nacional do partido deixou em aberto a definição sobre o controle do cartório petista no Maranhão, disputado por Henrique Sousa e Raimundo Monteiro, que concorreram à presidência do diretório estadual no Processo de Eleição Direta (PED), realizado em outubro de 2013.
O resultado oficial do PED indicou segundo turno, mas Monteiro autoproclamou-se presidente com base em uma apuração paralela fajuta.
No segundo turno, Henrique saiu vencedor, mas Monteiro interpôs recursos e levou o litígio à direção nacional.
A decisão do politburo petista sobre o diretório maranhense não vai levar em conta a soma dos votos e sim a incômoda situação de apoiar o candidato de José Sarney (PMDB) ao governo em 2014.
SARNEY SEM A ESTRELA
Raimundo Monteiro é o preferido de José Sarney, porque garantiria o PT na aliança com o PMDB no Maranhão, atraindo forçadamente a presidente Dilma Roussef para o palanque da oligarquia.
O controle do PT é, portanto, uma peça fundamental no jogo da eleição de 2014 no Maranhão.
Henrique Sousa defende candidatura própria do PT e um possível apoio a Flavio Dino (PCdoB) no segundo turno.
Parte interessada no litígio, Sarney vinha pressionando Lula e Dilma por uma nova intervenção no PT maranhense, a exemplo do ocorrido em 2010, quando Washington Oliveira (WO) liderou o golpe e entregou a estrela ao PMDB.
À época, Lula encarregou José Dirceu de operar a intervenção. Agora, Sarney exigiu novamente de Lula o comando petista no Maranhão, mas não está sendo fácil dar a vitória a Monteiro.
Se o diretório nacional do PT homologar a fraude para entregar o partido a Sarney no Maranhão, será mais um escândalo de repercussão nacional e atingirá em cheio a imagem de Dilma.
VOZ DAS RUAS
Conselheiros da presidente já alertaram para o desgaste da convivência com Sarney, denunciado em todas as cortes internacionais pelos maus tratos ao Maranhão e à República do Brasil.
O PT precisa do PMDB para a reeleição de Dilma, mas vai dar um jeito de descartar Sarney do banquete. Em 2014, ele não sentará na mesa.
Dilma teme que os desgastes com os protestos da Copa do Mundo estendam-se até depois dos jogos, durante a campanha eleitoral, prejudicando a imagem dela caso esteja aliada aos símbolos da degradação política como José Sarney.
REDE DE INTRIGAS
A chantagem de Sarney sobre o PT é grande. Até o presidente nacional do partido, Rui Falcão, já queixou-se das agressividades da governadora Roseana Sarney (PMDB) no trato da aliança no Maranhão.
Acostumada a ter todos os seus desejos satisfeitos, Roseana exige que o amigo Lula e a colega Dilma ordenem a intervenção para garantir o PT na aliança.
No Rio de Janeiro, o PT e o PMDB já estão rompidos. Onde parecia haver condições razoáveis, o acordo não pode ser cumprido.
No Maranhão, terra arrasada pelos desmandos da oligarquia, Dilma parece não querer a má companhia de Sarney.
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