Ilustrações desenvolvidas no estudo mapeiam áreas de utilização do aterro |
Tudo isso é possível realizar bem no centro de São Luís, no
Aterro do Bacanga, uma área abandonada com grandes potencialidades para a
economia, mobilidade urbana, cultura, ciência e tecnologia.
As possibilidades de aproveitamento do aterro foram
sistematizadas no estudo de urbanismo da margem esquerda do rio Bacanga, de
autoria da doutora em Urbanismo pela UFRJ e professora do curso de Arquitetura da UEMA, Barbara Prado.
Mudanças na paisagem da cidade podem dar novo visual à área abandonada |
Graduada em Arquitetura, Prado é doutora em Urbanismo (UFRJ, 2011), mestre em Desenvolvimento
Urbano e tem especialização em Arquitetura Paisagística, no qual desenvolveu o estudo sobre a margem do rio Bacanga e o aterro.
O estudo de urbanismo prevê pelo menos quatro dimensões, a
seguir:
Contenção de sedimentos:
Professora doutora Bárbara Prado destaca os potenciais da margem esquerda do Bacanga |
A orla já serviria, também, como pista de caminhada,
ciclovia e via exclusiva para cadeirantes.
Além disso, a contenção de sedimentos do aterro do Bacanga é
fundamental para evitar o assoreamento de uma área estratégica para a economia
do Maranhão – o Porto do Itaqui.
Com a pista na borda do aterro, evita-se o depósito de
sedimentos que podem atrapalhar a navegabilidade. A pista facilitaria ainda o
atracamento das embarcações de pescadores e passageiros.
Criação de um sistema de transporte modal, integrando os
barcos, ônibus, bicicletas em ciclovias, vans, táxi e VLT.
A integração dos transportes facilitaria o fluxo de pessoas
por dentro do aterro, otimizando a mobilidade urbana.
Turismo e Lazer
A orla na margem do aterro estimularia a prática da
navegação turística, com passeios de contemplação, gastronomia e música pelo
rio, apreciando o centro histórico de São Luís.
Além dos passeios de barco, o projeto da professora Barbara
Prado cria uma arena para shows, aproveitando a estrutura do Papódromo, que
atualmente só serve para usuários de drogas.
A professora critica a utilização da Lagoa da Jansen para a
realização de shows, visto que é uma área de preservação ambiental e o
constante uso de música alta, poluição e excesso de gente afasta as aves que
habitavam a lagoa.
O aterro urbanizado seria o lugar ideal para shows, porque
está distante das moradias, pode congregar os transportes público e
disponibilizar grandes áreas para estacionamento.
Na parte de lazer podem ser implantados vários parques e
academias, atendendo pessoas com deficiência e idosos.
Ciência e Tecnologia
O estudo da professora Barbara Prado prevê ainda a
implantação de uma universidade focada em cursos de ciências insulares, como
Bilogia, Hidrologia etc
Na visão da professora, uma universidade com cursos nestas
áreas serviria também para o estímulo ao turismo de interesse científico, visto
que a cidade já agrega o valor de patrimônio histórico.
Economia
Melhoria significativa nas instalações do Mercado de Peixe,
tornando-o mais higiênico e dotado de uma feira permanente, inclusive à noite,
potencializada pelo sistema de transporte integrado que facilitaria o fluxo de
pessoas.
O aterro é viável para múltiplas atividades, modificando a
infra-estrutura, os serviços, o tratamento de esgoto, banheiros públicos e a melhoria
dos espaços para as feiras livres, já tradicionais em vários bairros da cidade.
Estética
A professora Barbara Prado vê, ainda, a dimensão estética na
organização da margem esquerda do rio Bacanga. Ela concebe a paisagem como algo
que vai além da obviedade da visão. “Meu entendimento de paisagem é sensual, eu
sinto, cheiro, toco, eu sou parte dela. Não é só o que a vista alcança.
Paisagem é uma coisa muito complexa na qual estamos inseridos e temos de olhar
com distanciamento. Olhar no sentido não da visão, mas da percepção com
distanciamento. Então é um conjunto”, explica.
O estudo de Prado prevê ganho estético com o paisagismo do
aterro e modificação da cidade em uma área estratégica para a geração de
empregos, dinamização da economia, ganhos com mobilidade, higienização dos
ambientes onde se comercializam alimentos e controle social sobre a organização
e utilização dos vários espaços integrados na margem esquerda do rio Bacanga.
“Minha proposição é um plano diretor que guiaria uma
transformação para o aterro”, detalha. Apesar da importância do estudo, o
projeto nunca foi apresentado ao poder público. Ela até que tentou, mas não
conseguiu.
Se a governadora Roseana Sarney (PMDB) e o prefeito Edivaldo
Holanda Junior (PTC) quisessem dar as mãos para fazer uma grande obra por São
Luís, o projeto está pronto. Só falta vontade política.
Veja abaixo a síntese do trabalho científico da professora Barbara Prado:
PLANO PAISAGÍSTICO NO RIO BACANGA:
resgate das relações espaciais entre a cidade e o rio.
Autora: Barbara Irene Wasinski Prado
Trabalho de conclusão do Programa de
Capacitação de Professores de Arquitetura Paisagística apresentado à Fundação
para Pesquisa Ambiental (Fupam) como parte dos requisitos para obtenção do
título de especialista em Arquitetura Paisagística (USP)
Resumo
Apresenta-se neste estudo um plano
paisagístico para o, assim chamado “aterro do Bacanga”. Trata-se de uma
proposta com diretrizes gerais para a constituição de um “lugar” urbano sobre
um solo criado a partir de aterros sucessivos produzidos na margem esquerda do
Rio Bacanga, próximo a sua foz, na Ilha de São Luis do Maranhão. Para a
formulação desse plano, objetivo geral deste estudo realizou-se um inventário
da ambiência urbana, reconstituindo histórica e morfologicamente a formação
desse suporte biofísico, localizado ao longo do Centro Histórico de São Luis -
CHSL. Por estar situado junto a uma área tombada (tombamentos Federal, Estadual
e Municipal) e titulado como Cidade Patrimônio da Humanidade, enquadra-se em
todas as caracterizações relacionadas no Plano de Preservação de Sítio
Histórico Urbano. Está em área protegida, é área de entorno e é área de
influência do CHSL. Buscou-se identificar as transformações morfológicas, as
potencialidades e as adversidades. O diagnóstico Paisagístico/ Ambiental teve
por base a análise morfológica da paisagem, o que permitiu a verificação das
possibilidades de integração física e social do Aterro com o Centro Histórico.
Atualmente estas duas áreas são recortadas pela Avenida Vitorino Freire, via
esta, que é um elemento estruturante da malha viária da cidade e também um
elemento de ruptura da continuidade sócio-espacial, um dos principais fatores
de impedimento da integração atual entre o CHSL e o Rio. A proposta do plano
paisagístico da margem esquerda do Rio Bacanga visou não apenas a formulação de
um lugar, mas do resgate da ligação rio/cidade, uma integração entre a paisagem
contemporânea e a paisagem “colonial”. A abrangência do estudo compreendeu uma
pequena parte da bacia deste rio e teve como base cartográfica, mapas e fotos
aéreas, além de dados bibliográficos e resultados de levantamentos e pesquisas
de campo, relacionadas aos estudos das transformações morfológicas da paisagem
da Ilha de São Luis.
Espero que o projeto vá adiante e se espalhe pelo resto da cidade.
ResponderExcluirUm local que deveria ser repensado neste mesmo sentido é a praça Maria Aragão. Trata-se, muito provavelmente, do sitio urbano mais inóspito de São Luís.
Quando foi feito o aterro, tudo isto constava do projeto, mas o dinheiro não deu.
ResponderExcluirAgora existe grandes possibilidades
e basta boa vontade e inteligência de povo e estado.
Como obter uma cópia deste projeto? Na primeira leitura encontrei algumas omissões e gostaria de me inteirar mais para poder opinar com base.
ResponderExcluirCaro Ed,
ResponderExcluirpertinente postagem. É bastante relevante e atraente o projeto da professora. Mas, há uma total e incontornável falta de vontade política, de sensibilidade e capacidade de gestão da coisa pública por parte desses senhores no poder.
Quero também deixar uma pequena sugestão... busque ver o projeto original, o da época do Cafeteira, pois é importante publicizar o que não foi feito.O aterro foi das diversas promessas-mentiras de grandes obras.
caramba, que projeto legal! iria revitalizar toda aquela área, deixar são luís mais bonita...ótimo projeto.
ResponderExcluirCompanheiro Ed só você para nos presentear com tão esperada e bela entrevista!! Obrigada meu amigo! Estou muito feliz com esse começo.
ResponderExcluir