sábado, 2 de agosto de 2014

ALÉM DO FORRÓ, O MARANHÃO TEM JAZZ, BLUES E OUTROS SONS

Ainda é pouco, mas animador, ver iniciativas como o Lençóis Jazz e Blues Festival, sediado em Barreirinhas e São Luis. O Maranhão merece muitas outras iniciativas desse tipo, em diversos municípios.

Precisamos democratizar as opções musicais, incluindo em nossos ouvidos algo além do forró dos "safadões" e "aviões".  

A maioria das cidades maranhenses ainda está dominada pelas micaretas fora de época e shows de forró eletrônico o ano todo, desprezando os nossos talentosos sanfoneiros e zabumbeiros do tradicional pé-de-serra.

Além de tocar o dia inteiro em quase todas as rádios, o forró dos "safadões" e "aviões" extrapola os decibéis nas caminhonetes luxuosas que desfilam nas ruas esburacadas e lambuzadas de esgoto da capital.

Esses carrões com as músicas dos "aviões" transformaram a cidade em uma espécie de eldorado, algum lugar da corrida do ouro, sem lei nem ordem.

Trata-se de uma dominação quase total dos nossos ouvidos, como se houvesse apenas um tipo de música no mundo.

Poucas rádios tocam outro som que não seja forró, configurando um cenário anti-democrático no dial. Ou seja: as pessoas são obrigadas a ouvir apenas um estilo de música, quando há outras.

Esse forró cresceu de tal forma que passou a ser o hit preferido nos jingles dos candidatos a vereador, deputado e até de prefeito.

Ainda bem, há múltiplas sonoridades, mesmo sem o necessário reconhecimento na maioria das rádios.

O Lençóis Jazz e Blues Festival soma-se a outras iniciativas, como os shows organizados pela Satchmo Produções, sempre com ótimas iniciativas e repertório de cantores e compositores de primeira linha, selecionados por Celijon Ramos e Fafá Lago.

Recentemente, um grupo de artistas vem realizando performances poético-musicais em territórios abandonados de São Luís, com o tema "Cidade Ocupada". Outra iniciativa que merece aplausos.

Estas ações lançam alguma luz na cidade.

Afinal, precisamos entender esse lugar que fechou quase todas as livrarias, não tem árvores nem calçadas e abriu pelo menos uma dezena de concessionárias de carros de luxo e condomínios caríssimos.

Isso tudo acontece em um estado pobre, sem indústrias nem arranjos produtivos que gerem empregos e renda alta para consumo luxuoso.

Por que será? De onde vem tanto dinheiro?

Algo de muito estranho acontece no Maranhão. Se você ouvir e ver as ruas, perceberá.

Que venham mais jazz, blues e MPB. Ninguém é obrigado a ouvir forró dos aviões safadões, todos os dias, o ano inteiro.

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