A ocupação da Prefeitura de São Luís pelos professores em
greve pode ter novos lances, após a decisão judicial que manda retirá-los da
sede do executivo municipal e impedi-los de ocupar outro imóvel público.
O prefeito Edivaldo Holanda Junior (PTC) já deveria ter
chamado os docentes ao diálogo, mas preferiu esticar a corda. Resultado: a
greve cresceu.
Desconheço a direção do sindicato e as forças políticas hegemônicas
na entidade. Portanto, não posso opinar sobre a existência ou não de interesses
partidários na mobilização.
Porém, conheço várias lideranças grevistas sem partido e
professores dedicados à Educação. Eles merecem bons salários e condições de
trabalho.
As escolas de São Luís estão em situação precária. É fato. Muitas
crianças estudam em anexos, casas alugadas nos bairros da periferia, onde se
improvisam salas de aula.
Esses anexos são desumanos, insalubres, sem água e
calorentos.
O estado lastimável das escolas não é culpa exclusiva do prefeito
atual. É uma herança antiga do mesmo grupo que domina a Prefeitura desde 1988.
Houve algumas melhoras, mas não mudou o essencial. Os anexos
atravessaram várias gestões e nunca foram extintos para construir novas
escolas.
É justa e digna a luta dos professores municipais por salários melhores
e boas escolas. Na rede estadual, a situação é parecida.
Enquanto malas de dinheiro deslizam nos carpetes
sofisticados dos hotéis de luxo, com a intenção de subornar o alto escalão do governo
Roseana Sarney (PMDB), não foi construída uma escola de ensino médio nos
últimos quatro anos.
O Maranhão transpira corrupção. A oligarquia Sarney conspira
24 horas por dia para alimentar a fortuna e a ganância dos seus protegidos. O
resto, é lixo. Inclusive professores e estudantes.
Na Prefeitura de São Luís, o mesmo grupo político, com
algumas adaptações, faz revezamento no poder. Agora é a vez da família Holanda.
A melhor saída é negociar com os professores, mas o prefeito
preferiu outro caminho. Enquanto isso, a greve ganha as ruas e se fortalece.
EM CAMPANHA
O vice-prefeito Roberto Rocha (PSB) é candidato a senador e
tem um filho vereador. Nenhum dos dois se mexeu para dialogar com os
professores.
O pai do prefeito, Edivaldo Holanda (PTC), figura central na
administração, está com a eleição de deputado estadual garantida, restando apenas
saber se vai extrapolar a votação para pleitear a presidência da Assembleia
Legislativa.
Roberto Rocha vai ao velório de Eduardo Campos, seu
correligionário no PSB, mas não se solidariza com milhares de crianças e
centenas de professores da cidade onde ele é cogestor.
Na Câmara dos Vereadores, a maioria dos edis pouco se
importa com a situação das escolas. É tempo de eleição. Estão todos em
campanha.
Como diz o ditado maranhense, “é tempo de murici: cada um
cuida de si”
Os professores estão dispostos a seguir na greve, até a abertura
das negociações. O desfecho é imprevisível.
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