Prof. de Filosofia do IFMA
O amor nos toca a alma. É o único
termômetro capaz de medir a temperatura do coração. Ao iniciar a sua jornada,
ele nos convida ao toque mais sutil que podemos receber: a entrega gratuita.
Não incita à culpa, muito menos
ao abandono. É aconchegante o seu ritmo, e suave o seu olhar. Quem se nutre com
o tempero do amor, sabe que a vida não passa em vão. Todo mínimo movimento faz
sentido, pois penetra fundo no vazio deixado pela noite mal dormida.
Como nos traços do artista, sua
tela se renova a cada contorno. Sente-se bem por partilhar os momentos simples
da vida: um abraço, uma palavra oportuna, um aperto de mão. Procura sintonia na melodia
do silêncio, e confessa sua chegada como um beija-flor, discreto e belo.
Nada o afasta de seus sonhos. Alimenta-se
com o néctar das flores do tempo. Sabe que precisa acalmar a tempestade do
vazio deixado pela inconstância das marés. A todo o momento permanece atento
aos tormentos das enchentes, e sabe o momento de recuar para dar vazão à
solitude.
Percebe-se aprendiz na escalada
da vida e da morte. Encontra seu deleite no dar-se incondicional. Não receia
esquecimento, pois sabe que a memória lembra o que desde o começo é eterno.
Ele toca a alma, e por isso nos
conecta com a morada do que não pode caber em nenhum espaço. Pois morar é ser,
e ser é um modo de respirar. Conforme a tua respiração, lá é a tua morada.
Rever o toque a cada dia é também
aprender novamente a amar. E amar é não perder a magia da reconquista. Quem se
permite rever seus passos, anda com mais serenidade na estrada da vida. Não há
fim para quem inicia novos caminhos.
Há no reino do amor apenas uma
perda: a entrega. Mas, quando se entrega por amor, nada se perde, pois a dádiva
do amor é tocar o outro sem esperar retribuição. Por isso, a entrega amorosa,
na verdade, não significa perda alguma. A não ser que chamemos de amor alguma
coisa que precisa ser recompensada, o que já não seria mais amor.
Amar é, portanto, tocar além da medida. É andar
com segurança sem precisar dizer que chegou. Amar é segredar ao outro o que
mora no espaço da entrega. Amar é entregar o tesouro da alma, que não se mede, não
se possui, apenas se dá, sem nada pedir em troca. Amar é sorrir com os lábios
de Deus.
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