quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

JUIZ BALDOCHI NÃO É O CORONEL BRADDOCK

Afastado de suas funções, o juiz Baldochi foi repudiado pelos magistrados
O ano de 2014 vai encerrando com as cenas do atraso, típicas de uma cultura coronelista enraizada nos três poderes do Maranhão. No geral, nossos prefeitos diante do espelho enxergam-se chefes de oligarquias municipais.

Essa cultura política, propícia à confusão entre autoridade e autoritarismo, extrapola aos outros poderes, inclusive em alguns membros do Judiciário.

Na terra arrasada, onde por mais de 50 anos imperou a lei do “quero, posso e mando!”, o juiz Marcelo Baldochi encarou o truculento Braddock, personagem do ator Chuck Norris, mandando prender funcionários da TAM, no aeroporto de Imperatriz.

Denunciado pela prática de trabalho escravo, Baldochi ainda vê o Maranhão como as republiquetas de bananas da América do Sul, invadidas por militares imperialistas que atropelam as leis da soberania, trucidam e incendeiam as aldeias latino-americanas.

Os filmes estrelados pelo coronel Braddock são a excelência do autoritarismo ianque, característico do heroísmo estadunidense, protagonizado por um brutamonte armado até os dentes, que sempre vence as guerrilhas rotuladas de narcotraficantes.

Ao mandar prender os funcionários da companhia aérea, depois de chegar atrasado para um embarque, o juiz Baldochi agiu como o coronel do filme hollywoodiano, ou como a filha do coronel José Sarney, a ex-governadora titular do bordão “quero, posso e mando!”

As primeiras providências contra as atitudes do juiz já foram devidamente tomadas. Ele foi afastado de suas funções e o Tribunal de Justiça pediu a instauração de procedimento administrativo disciplinar.

Baldochi também foi repudiado nas suas atitures pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e na sua própria entidade, a Associação dos Magistrados.

O juiz já chegou a ser incluído na lista nacional de fazendeiros acusados de usar trabalho escravo, divulgada pelo Ministério do Trabalho.

Está incluído ainda, na mídia nacional, na lista de fatos ofensivos à postura de um magistrado. E no rol das notícias desagradáveis sobre o Maranhão, sempre estigmatizado no noticiário como um lugar sem lei ou de autoridades acima da lei.

Ofender trabalhadores ou colocá-los em situação anĺáloga à escratidão atentam contra a cidadania.

Há outras denúncias arquivadas e latentes sobre as arbitrariedades de Baldochi. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tem a obrigação de apurar e agir.

O Maranhão precisa se livrar desses estigmas. A principal mudança, a partir de 1º de janeiro de 2015, quando o governador Flávio Dino (PCdoB) tomar posse, deve ser a transformação da cultura política oligárquica na prática democrática.

Juiz não é Deus e Balcochi não é Braddock.

O filme dos coronéis saiu de cartaz.

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