segunda-feira, 30 de março de 2015

O ROTEIRO DO AUMENTO DA PASSAGEM DE ÔNIBUS EM SÃO LUÍS

Presidente da SMTT, Canindé Barros, ao centro, dirige o filme repetido: o SET sempre ganha
O reajuste de 16% na tarifa de transporte coletivo de São Luís já estava anunciada. Era só questão de tempo e cumprimento do ritual.

Com o realinhamento de preço, as passagens passam de R$ 1,60 para R$1,90, a de R$ 1,90 para R$ 2,20 e a de R$ 2,40 para R$ 2,80, o que dá uma média tarifária de R$ 2,66.

O roteiro do aumento é o seguinte:

Primeiro, o Sindicato das Empresas de Transporte (SET) faz um acordo com o Sindicato dos Rodoviários para ameaçar uma “greve”.

A “greve”, na verdade, é um boicote dos donos de ônibus, que trancam os veículos nas garagens tendo a conivência do Sindicato dos Rodoviários.

Nesta aliança entre capital e sindicato pelego, a ameaça de "greve" passa a ser o instrumento de barganha do SET.

Diante do clima de tensão, a “greve” é suspensa e os empresários asseguram o aumento das tarifas, repassando sempre a menor parte dos seus lucros para os trabalhadores rodoviários.

Nesta trama, há dois perdedores: os usuários e os próprios rodoviários, reféns de dois sindicatos que operam contra os interesses da categoria e da população.

NEGÓCIO LUCRATIVO

A Prefeitura de São Luís, através da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT), também é refém dos interesses do SET, uma poderosa organização historicamente beneficiada com monopólio de linhas e total falta de transparência nos contratos e serviços.

O SET também controla a Câmara de Vereadores, onde quase nenhum parlamentar se manifesta sobre a gravidade do sistema de transporte, menos ainda sobre o aumento de tarifa.

A Taguatur, por exemplo, monopoliza as linhas da Área Itaqui-Bacanga desde a década de 80, mantendo péssimo serviço e lucrando muito.

Basta observar a diversificação dos negócios da Taguatur nos setores de turismo, revenda de automóveis e eventos.

Ser empresário de ônibus em São Luís é o melhor negócio do mundo.

Quando não obtêm aumentos das tarifas com as greves manipuladas, os empresários são beneficiados com subsídios da Prefeitura.

LICITAÇÃO

Após infinitas protelações e cobranças do Ministério Público, a Prefeitura anunciou a esperada licitação do sistema de transporte para abril de 2015.

Abril começa quarta-feira. Haverá licitação?! Em quais condições?

Enquanto a licitação não sai, os movimentos sociais e usuários se mobilizam nas redes sociais, convocando um protesto para esta segunda-feira, dia 30, às 17h, na praça Deodoro. 

Se a Prefeitura não enfrentar o esquema do SET, com uma licitação transparente e quebra de monopólio, nunca haverá mudança no sistema de transporte de São Luís.

A entrega de novos ônibus, diminuindo o número de sucatas nas ruas, é um paliativo.

Solução mesmo só virá com uma licitação transparente, acompanhada de amplo debate sobre mobilidade urbana em São Luís, envolvendo empresários, usuários, Ministério Público e Prefeitura.

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