quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A ROUPA NOVA DO PALÁCIO CRISTO REI

Marizélia Ribeiro – Departamento de Medicina III/UFMA
Doutora em Políticas Públicas
Professora Associada 1
Obra abandonada de restauração do Palácio Cristo Rei, orçada em R$ 1,4 milhão

Embalada pelo conto infantil “A roupa nova do imperador”, do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, e pelo texto “Do ‘Planalto’ ao condomínio “Cristo Rei”: a greve docente de 2105 na UFMA”, do professor Bartolomeu Mendonça (COLUN/UFMA), retrato uma impressão do Palácio Cristo Rei nos oito últimos anos.

Para quem não conhece ou lembra, um pequeno resumo do conto “A roupa nova do imperador”: havia um imperador que gastava todo o dinheiro do seu reino com roupas novas. Sabedora dessa vaidade imperial, uma dupla de espertalhões prometeu ao soberano uma vestimenta de inigualável beleza, cujo tecido era invisível a quem não estivesse à altura do cargo que ocupava. O imperador, com receio de não conseguir ver o tecido, enviou dois súditos para avaliarem o trabalho dos “tecelões”. Os enviados, para não se mostrarem incapazes para os cargos que ocupavam, fizeram os maiores elogios à nova roupa. O soberano, entusiasmado com os elogios de seus ministros, fez uma visita ao atelier. Para a exibição da magnífica roupagem, foi organizada uma procissão. Nem o imperador nem seus súditos próximos ousavam admitir a nudez do soberano. Enquanto alguns fiéis temerosos diziam: “Essa roupa nova é maravilhosa!” e “Como ele está magnífico!”, uma criança soltou a máxima: “Ele não está vestindo nada!”. Logo todos murmuravam: “Ele está nu!”. O imperador achou que eles poderiam estar certos, mas em sua vaidade, refletiu: “Se eu parar agora, vou estragar a procissão e isso não pode acontecer”. Então ele continuou caminhando com os cortesãos carregando a cauda do manto que não existia.

Como a roupa nova do imperador, se encontra o Palácio Cristo Rei do REUNI: escondido em sua decadência, abrigando vez por outra, em reuniões colegiadas, uma maioria de conselheiros fiéis ao imperador que teima em parecer magnífico.

Ocorre que a procissão começa a acreditar na criança e já enxerga a realidade dos prédios inacabados, o mau funcionamento do restaurante universitário, a crise no HUUFMA pós-EBSERH, as demissões dos terceirizados, as promessas não concretizadas, os privilégios para poucos e o desejo de manutenção do poder.

Acertou o professor Bartolomeu Mendonça quando comparou o Palácio Cristo Rei de agora a um condomínio de intrigas, má gestão e mandonismo.

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