Profª Marizélia Ribeiro
A reitora da UFMA, professora Nair Portela, começou bem
2016: chamou a comunidade acadêmica para uma audiência pública com a finalidade
de propor saídas para a crise que ameaça o funcionamento do Restaurante
Universitário (RU) do Campus do Bacanga.
A comunidade acadêmica interessada não se fez presente, em
sua grande maioria. Não havia mais que 60 participantes. Esperava ver o
auditório do Paulo Freire lotado. Alunos reclamaram da má divulgação, no que
concordo. Todavia, dos 20 inscritos, apenas eu me fiz presente (20ª da lista).
Terá sido boicote? Temos que dar crédito à iniciativa da Reitora e entender a
fala com um instrumento político de grande magnitude.
Os dados apresentados pela Administração sobre a situação da
UFMA não foram previamente divulgados, o que prejudicou a análise de entidades,
docentes, técnicos e discentes presentes. A Reitora ouviu críticas da APRUMA-SS
sobre falta de transparência e pelos seus elogios excessivos à gestão anterior
(esqueci de pontuar em minha apresentação que o índice de sucesso na graduação
foi de aproximadamente 40% em 2014, um péssimo resultado). Em que pese técnicos
terem calculado o custo atual de cada refeição, a ASPLAN preferiu não
apresentá-lo.
A Associação de Amigos da UFMA e o SINTEMA se fizeram
representar por uma técnica. Sugeriram a criação de uma Comissão para avaliação
de propostas e posterior discussão com a comunidade acadêmica.
O representante do SIND UFMA sugeriu que se cobrasse as
refeições dos alunos segundo estratos sociais. Recebeu críticas minhas por
sugerir a divisão de classes em uma universidade pública, o que poderia servir
para em outras situações.
Iniciei a minha apresentação, assim como todos os outros
inscritos,
parabenizando a iniciativa da Reitora Nair Portela. Lembrei
aos presentes que o ex-Reitor Fernando Ramos, quando no início de sua gestão,
ao saber que os moradores das residências estudantis não recebiam a primeira
refeição do dia, solicitou aos seus auxiliares que levantassem custos. Como
resultado, as casas passaram a receber diariamente pães e, semanalmente, outros
mantimentos. Também pontuei a falta de transparência de receitas e gastos da
UFMA. Os relatórios enviados ao TCU não estão publicados no Portal UFMA, exceto
o de 2010. Não é fácil encontrar informações sobre RU no Portal Transparência.
Critiquei a ASPLAN ter ocultado o custo da refeição
calculada para 2016. Também de a UFMA não priorizar despesas essenciais, como
alimentação: foram gastos cerca de 500 e 205 mil reais com publicidade e
propaganda, respectivamente, pela UFMA e HUUFMA, em 2014, quando a crise na
instituição já estava instalada. Sugeri que a comunidade acadêmica fosse
chamada a participar do planejamento das despesas de 2016, a fim de que
prioridades da comunidade acadêmica possam ser realizadas.
Chamei a atenção para a construção de restaurantes
terceirizados em Codó, São Bernardo, Grajaú, Pinheiro, Bacabal, Chapadinha e
São Luís. O de Chapadinha custou mais de 500 mil reais. Irão beneficiar o
privado em detrimento do público.
Disse que não entendia os Estagiários do HUUFMA terem que se
deslocar ao Campus do Bacanga ou pagar caro por refeições ou lanches em
lanchonetes próximas ao hospital, quando existe restaurante na unidade
Presidente Dutra. Outro participante da audiência propôs a descentralização da
entrega de refeições em diversos espaços da UFMA.
Por fim, com base no auxílio alimentação de dezembro de
2014, propus como valor de refeição para técnicos e docentes federais da UFMA:
R$ 9,32. Esse resultado foi calculado dividindo-se R$ 373 reais por 40
refeições mensais.
Ao final, pela solicitação dos presentes, a Reitora Nair
Portela, encerrou a audiência e se comprometeu a criar uma comissão composta
pelas entidades e gestores, avaliar as propostas e chamar nova audiência
pública.
A primeira audiência pública do RU não foi o ideal (que não
existe), mas certamente foi um bom começo da gestão Nair Portela.
(*) Marizélia
Rodrigues Costa Ribeiro – médica, professora de pediatria da UFMA, doutora em
Políticas Públicas ex diretora da APRUMA Seção Sindical do Andes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário