terça-feira, 12 de junho de 2012

CONSELHEIROS TUTELARES DENUNCIAM CAOS NO ATENDIMENTO ÀS CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Em carta aberta à sociedade maranhense, conselheiros reunidos na 9ª Conferência Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente deram visibilidade à precária situação dos Conselhos Tutelares.
Veja o documento:

CARTA ABERTA

Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei. (Lei 8.069, de 13.7.1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente).

Os conselhos tutelares de São Luis, entre suas atribuições legais, estão: noticiar fatos que constitui infração administrativa e penal, atender crianças e adolescentes com direitos violados, fiscalizar a implementação das políticas públicas voltadas para a infância e adolescência bem como  zelar pela prevenção dos direitos desta população.

O complexo de proteção à criança e ao adolescente se constitui como um espaço articulado de diversos poderes, onde sua missão principal se efetiva no atendimento as vitimas e a responsabilização dos violadores dos direitos humanos de crianças e adolescentes no Estado do Maranhão.

A concepção deste espaço se deu por intermédio e articulação direta da sociedade civil organizada em resposta à penalização que o Estado do Maranhão e o Estado Brasileiro sofreram pela emasculação de dezenas de crianças e adolescentes que ao longo de quase uma década tiveram suas vidas interrompidas por falta da efetivação e garantia de políticas publicas dos direitos fundamentais preconizados no Estatuto da Criança e do Adolescente.

Embora esse compromisso esteja expressamente definido nos mecanismos legais e documentos oficiais, o Estado do Maranhão, por incompetência, inoperância e por não considerar o que estabelece a constituição Federal em seu artigo 227, que crianças e adolescentes são prioridade absoluta, na prática a atuação desse COMPLEXO encontra-se em total fragilidade e abandono tendo em vista a persistência de inúmeros problemas e dificuldades tais como:

1 - Insuficiência de profissionais para atender as demandas;

2 - Estrutura física comprometida por falta de reforma e ampliação;

3 - O não funcionamento em regime de plantão principalmente da delegacia de proteção e do centro de pericias técnicas para crianças e adolescentes vitimizados;

4 - Revitimização das crianças e adolescentes atendidas;

5 - Demora nos atendimentos de pericia psicossocial pré-agendados;

6 - Inoperância do fluxo de atendimento e informação;

7 - Falta de articulação, organização funcional e administrativa entre os órgãos membros do complexo de proteção a crianças e adolescente;

8 - Carência de espaço lúdico de acolhida para as crianças e adolescentes.

Após vários meses de conversas, intermináveis reuniões, inúmeros ofícios protocolados, pesquisas sistematizadas ficando assim esgotadas as possibilidades atuais de entendimento entre a Sociedade Civil organizada, os conselheiros tutelares e o Governo do Estado do Maranhão, este colegiado composto pelos Conselheiros (as) Titulares dos sete Conselhos Tutelares de São Luis, torna público sua indignação e descontentamento ao Governo do Estado do Maranhão em não garantir o adequado funcionamento do complexo de proteção a crianças e adolescentes vitimas de violência.

Conclamamos os delegados, militantes, adolescentes, convidados e autoridades presentes nesta 9ª conferencia Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente que reflitam sobre o papel preponderante deste relevante espaço  no Sistema de Garantia de Direito.

Solicitamos ao poderes: executivo, legislativo, judiciário e ministério público a urgência na resolução dos problemas mencionados, tendo em vista a importância e singularidade deste espaço, que ao longo dos anos, tornou-se referência nacional pela especialidade do serviço que presta a população infanto-juvenil maranhense.

São Luís, 11 de junho de 2012.

Assinam os conselheiros tutelares de São Luis.

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