Se o governo Dilma tiver o mínimo de juízo, aciona uma ampla
campanha pela reforma política, radical e democrática.
Radical, no sentido de que precisa cortar o mal pela raiz: é
impossível manter o financiamento privado de campanhas, fonte do caixa 2 e dos
propinodutos.
A política não pode mais ser uma atividade do mercado, que
transformou o processo eleitoral em balcão de compra e venda de mandatos,
financiados pelo dinheiro sujo.
O Congresso Nacional virou um antro de interesses
corporativos, configurados nas bancadas “da bala”, “da bola”, “do agronegócio”,
“evangélica”, “das empreiteiras” etc.
Com raras exceções, o Congresso Nacional é a cara do crime
organizado e desorganizado no Brasil.
Nossos políticos não representam seus eleitores. São agentes
privados dos interesses das empreiteiras, do tráfico de drogas, das milícias,
dos mercadores da fé, da máfia do futebol e de todas as formas de pilhagem dos
recursos públicos.
Em vez de atender aos pleitos dos eleitores, os
parlamentares estão a serviço dos seus financiadores, geralmente oriundos do
dinheiro sujo.
Se esse cenário não mudar, o Brasil vai entrar no caos, sem
esperança de retorno.
MUDANÇA DE PAUTA
É preciso, portanto, que haja um esforço do governo para
puxar uma ampla mobilização pela reforma política.
No âmbito partidário, cabe à banda saudável do PT puxar a
mobilização junto aos movimentos sociais, agregando os partidos do chamado
campo democrático-popular.
É preciso, principalmente, envolver a sociedade no debate
sobre a reforma política.
Até agora só há um discurso predominante nas ruas – o
impeachment – alimentado pela maioria dos meios de comunicação.
Se o governo, o PT saudável, os partidos do campo
democrático e os movimentos sociais não disputarem as vozes das ruas, agendando
a reforma política, o impeachment vai predominar.
A reforma política é a única saída para inverter a pauta do
Brasil e conter a onda crescente de impeachment, movida por ódio e
fundamentalismo.
O Brasil vive um momento delicado e perigoso, podendo haver
um retrocesso nas conquistas democráticas.
Movida por afetos, a população se divide entre amor e ódio
ao PT e ao governo Dilma Roussef, como se fossem os únicos e primeiros
responsáveis pela corrupção no Brasil.
Há pouco debate ideológico e programático, condições
essenciais à democracia.
A divergência saudável foi substituída por insultos,
agressões e preconceitos.
Esse vazio político é propício a retrocessos. O impeachment
é um fantasma. A reforma política é real. Vamos a ela. É disso que o Brasil
precisa.
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