Promotora Litia Cavalcante é vítima de perseguição no Ministério Público |
A promotora Litia Cavalcanti declarou guerra a setores do
Ministério Público (MP) do Maranhão, ao afirmar que é vítima de assédio moral
no exercício das suas funções, atingindo o centro nervoso dos ficais da lei.
De agora em diante, ambos os lados terão de se explicar. Ela
é desafiada a provar o que disse nas redes sociais. A cúpula do MP, por sua
vez, vai se defender.
O mais importante de tudo isso é a revelação do que haveria
de obscuro nos bastidores das promotorias.
A sociedade precisa saber, sem meias palavras, o que ocorre
de tão grave no MP, a ponto de uma promotora desabafar com veemência nas redes
sociais.
Atuante em causas delicadas, Litia Cavalcanti já litigou em temas
relevantes no espectro de poder do Maranhão, onde sempre há interesses privados
sobrepondo-se aos difusos e coletivos.
Suas batalhas pelos direitos do consumidor já provocaram
atritos com peixes grandes da política, a exemplo do esquema bilionário do
transporte coletivo e da poderosa Cemar (Companhia Energética do Maranhão).
Apenas esses dois exemplos são suficientes para colocá-la
como persona non grata entre os controladores de setores estratégicos na
economia e na política maranhense.
Suas revelações na internet acabaram requentando as
denúncias sobre desvios de conduta na CPI da Euromar, que investigava corrupção
no mercado de compra e venda de automóveis em uma das maiores concessionárias
do Maranhão.
Se forem fundo, as denúncias da promotora podem
remontar ainda ao que há de mais contraditório no MP – as obras de reforma no
prédio sede das Promotorias de Justiça da Capital, o “espeto de pau”, onde há
suspeitas de malversação de recursos.
Por essa obra suntuosa, o MP passou a ser conhecido como “espeto
de pau”, em alusão irônica ao fato de que o MP não poderia nem deveria ficar
sob suspeita de malversar dinheiro público, visto que uma das suas principais
funções é justamente fiscalizar o bom uso do erário.
De tudo que a promotora disse, o que mais preocupa é a
situação dos cidadãos comuns, desprotegidos, que depositavam no Ministério
Público suas últimas esperanças.
Se os promotores mais atuantes, como Litia Cavalcanti, são
tolhidos, com quem a população vai contar?
O que se pode esperar de uma instituição que, em vez de
estimular e promover as suas funções, inibe e persegue seus melhores quadros?
Definitivamente, o MP do Maranhão vive sua pior crise.
E precisa se livrar do estigma do "espeto de pau".
Um dos grandes problemas do Maranhão - embora não seja exclusividade do estado - é justamente o hábito de não se questionarem os poderosos. O governo, o MP, a justiça, a Assembleia...são pouco analisados, pois o corporativismo entre os "donos do poder" faz com que se defendam mutuamente.
ResponderExcluirHá exceções, claro, mas pouco se vê de prático acontecer. A coragem da promotora Lítia talvez amenize o quadro.
Carlos Agostinho, só espero que a promotora abra o jogo inteiro e dê nomes, mostre provas sobre tudo que falou nas redes sociais.
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