segunda-feira, 9 de julho de 2012

CASO DE WELLINGTON DO CURSO AGRAVA A CARTORIALIZAÇÃO DOS PARTIDOS

Desde 2010, quando o PT do Maranhão virou legenda de aluguel da oligarquia Sarney, acentuaram-se os vetos e intervenções em diversos partidos, atropelando as instâncias decisórias e os direitos dos filiados.

Uma das situações de maior repercussão foi o veto à candidatura de Wellington do Curso a vereador no PSL. Por ordem do cacique Chico Carvalho, Wellington foi decapitado e teve de recorrer à Justiça para assegurar o direito de disputar a eleição.

Mas antes de Wellington do Curso ser vetado pelo PSL, outros partidos até mais representativos também passaram por atos demolidores.

Os “históricos” do PDT, vinculados a Clay Lago, viúva do ex-governador Jackson Lago, travaram uma luta ferrenha contra o grupo de Weverton Rocha, menino prodígio criado pelo próprio Jackson Lago e tido como seu sucessor no PDT.

Weverton Rocha venceu a guerra interna e apropriou-se do PDT, restando a Clay Lago o consolo de um grupo de resistência democrática operante na internet.  

No PSB, a pacificação da guerra interna veio por ordem do comando nacional (leia-se Eduardo Campos, governador de Pernambuco), entregando o partido em São Luís para Roberto Rocha.

O PPS virou caso de Polícia. A deputada estadual Eliziane Gama denunciou que foi mantida em cárcere privado por integrantes do próprio partido, que pretendiam inviabilizar a candidatura dela à Prefeitura de São Luís.

As disputas internas com seus agravantes chegaram rapidamente até aos novos partidos de esquerda como o PSOL.

No Maranhão, os pioneiros militantes e dirigentes do PSOL foram substituídos por novos integrantes, após sucessivas batalhas internas que culminaram na destituição do grupo de Paulo Rios e ascensão de Haroldo Sabóia, candidato a prefeito de São Luís.

A situação piora nos pequenos municípios, onde os partidos são reduzidos a pessoas, que fazem das siglas balcão de negócio.

Nas tenebrosas transações eleitorais, o partido-pessoa faz um leilão para ver quem oferece mais dinheiro no negócio, vendendo a sigla para contemplar interesses próprios.

Cada partido é um pequeno cartório, onde um presidente manda e desmanda, acoitado pelos vereadores negociantes de apoios e mandatos.

Alguns partidos, até com maquiagem de esquerdistas, são franquias negociadas nas mesmas regras das grifes no shopping eleitoral.

Observam-se aí duas situações: a judicialização e a mercantilização da política.

Quando as instâncias partidárias perdem o poder de decisão, atropelando as regras estatutárias, os prejudicados recorrem à Justiça para garantir determinados direitos.

É a situação de Wellington do Curso. Acionando os tribunais, conseguiu uma liminar, que logo foi derrubada, enredando o pré-candidato em uma teia kafkiana.

A segunda situação é agravante porque trata-se da intervenção de um agente mais determinante – o capital – comprando pessoas, mandatos e decisões.

A maioria dos partidos perdeu o sentido de organização da luta política, esvaziaram-se do recheio ideológico, capitularam diante das forças escusas que fazem da política um negócio, entregaram-se à vida fácil do pragmatismo.

Nesse cenário há um ganhador – a corrupção – e uma grande perdedora – a coletividade.

Uma reforma política é necessária para recompor a democracia no Brasil. Os partidos são peças fundamentais na disputa de poder, na difusão de idéias, na formatação de estratégias e na governabilidade.

Na forma atual, os partidos perderam-se no pragmatismo. É preciso reinventar o espectro partidário brasileiro.

Nivelados por baixo, iguais em quase tudo, os partidos desconfiguram a democracia brasileira.

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