terça-feira, 22 de abril de 2014

PT E PCdoB: ALIANÇAS EXTREMAS SÃO ANTIGAS NO MARANHÃO

O tucano Aécio e o comunista Dino: namoro passageiro
A fotografia de Flavio Dino e Aécio Neves, amarrando a coligação entre o PCdoB e o PSDB, dá margem a reflexões sobre o comportamento dos partidos nos jogos eleitorais.

A imagem serve, também, para educar os militantes muito jovens e os maduros iludidos sobre uma suposta linha imaginária entre esquerda e direita.

Até onde a vista alcança e a memória recupera, as coligações no Maranhão nem sempre mantêm coerência com as supostas linhas ideológicas dos partidos.

Tomemos como exemplo duas legendas emblemáticas: o PT e o PCdoB.

Em diferentes momentos, os dois partidos transitaram por espectros distintos de um suposto enquadramento ideológico – o chamado campo democrático-popular. Vejamos:

PCdoB e a Força Total

Em 1985, grande parte do chamado campo da esquerda reunia-se em torno da candidatura de Haroldo Sabóia (PMDB), contra Jaime Santana (PFL), candidato da oligarquia Sarney, com o poderoso bordão de “Força Total.”

Santana tinha o apoio do então presidente da República José Sarney, do governador Luiz Rocha e do prefeito Mauro Fecury, todos do PDS, antiga Arena, base da ditadura militar.

Aos 45 minutos do segundo tempo, o PCdoB, que namorava a candidatura de Haroldo Saboia, desembarcou da canoa oposicionista e acoplou no foguete da “Força Total”.

Mesmo com o apoio do presidente, do governador e do prefeito, Santana perdeu a eleição para Gardênia Gonçalves, esposa do ex-governador João Castelo.

PCdoB com Roseana Sarney e FHC
A governadora Roseana na base do PSDB, inaugurando pólo falido de confecções

Os comunistas estiveram com Roseana Sarney nos dois mandatos de governadora, quando ela militava no PFL (ex-PDS) e tinha apoio do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Nesse período (1995-2002), o PCdoB ocupou cargos importantes no setor agrário, tendo como figuras destacadas o austero comunista Marcos Kowarick, no Incra; e o presidente do Iterma, Stefano Silva Nunes.

A lógica do PCdoB, concebida na estratégia partidária, era ocupar espaços no governo oligárquico para miná-lo por dentro, explorando as contradições internas do bloco hegemônico.

Algo parecido com o pensamento do PT, a partir de 2006, conforme abaixo.

PT com Sarney
Ex-dirigente do PCdoB, o líder do PT Washington Oliveira consolida a aliança com Sarney

Consolidado em 2010, o noivado entre o PT e a oligarquia Sarney no Maranhão começou em 2006, quando a candidatura de Lula selou uma aliança longa com o PMDB.

Ex-dirigente do PCdoB, o líder petista Washington Oliveira (WO), que viria a ser vice-governador de Roseana Sarney, raciocinava semelhante aos comunistas: precisamos minar a oligarquia por dentro, fazendo uma aliança com Sarney.

O PT entrou no barco da oligarquia em um momento muito propício à vitória das oposições, em 2010, quando as candidaturas de Jackson Lago (PDT) e Flavio Dino (PCdoB) quase derrotam Roseana Sarney (PMDB).

Foi decisiva, portanto, a aliança do PT para o prolongamento da oligarquia no Maranhão.

Novas novidades em 2014
Sarney e o último suspiro com Lula, que depende do PMDB para reeleger Dilma
Na política profissional, os movimentos dos partidos na formação das coligações visam a um acúmulo de forças no médio e longo prazo ou à vitória eleitoral imediata.

Flavio Dino tentou aliança com o PT para ter no seu palanque as presenças de Lula e Dilma, tentando convencê-los de descartar a oligarquia. Não foi possível.

O outro caminho era coligar-se ao adversário (momentâneo) de Sarney no plano nacional, formando um palanque estadual forte. E assim foi feito, objetivando a conquista imediata do poder.

Ao longo dos últimos 29 anos os comunistas e os petistas estiveram em vários lados, com e contra Sarney, a favor e distantes de Lula.

As táticas eleitorais oscilam a cada eleição, mas em todas elas há sempre uma retórica comum: renovação, mudança e liberdade. São três palavras mágicas que sempre funcionam e empolgam os militantes jovens e os maduros iludidos.

As palavras mágicas encaixam-se perfeitamente na imaginária linha divisória entre esquerda e direita, mesmo que a suposta esquerda esteja com os tucanos e com o PT/Sarney, simultaneamente.

Para o senso comum, uma frase explica tanta complicação: “os políticos são todos iguais.”

Mas, nem sempre é assim. Há governos melhores ou piores que outros, fruto de coligações, pessoas, ideias e projetos.

No Maranhão dos últimos 50 anos, tem sido sempre pior. Vamos ver se a aliança dos comunistas com os tucanos melhora nossos indicadores. O tempo dirá!

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