O cenário de uma disputa acirrada entre os candidatos à
Presidência da República aponta duas certezas a partir de segunda-feira:
1)
Quem ganhar a eleição terá oposição forte;
2)
O PSDB voltou a sonhar com o governo;
Desde a reeleição de Lula, em 2006, todas as previsões dos
tucanos apontavam o cenário de um jejum prolongado, que se confirmou na eleição
de Dilma Roussef (PT) em 2010.
Tudo estava tranquilo para renovar o mandato petista, até a
queda do avião que matou Eduardo Campos (PSB).
Esse fato inusitado mudou todo o panorama eleitoral. Marina
Silva (PSB) disparou e desidratou rapidamente, sob intenso bombardeio do PT,
que esqueceu Aécio Neves (PSDB).
Contrariando as pesquisas, o tucano ultrapassou Marina e
ameaça Dilma no segundo turno.
Ibope e DataFolha dão vitória a Dilma. As pesquisas do PSDB
indicam o contrário.
Antes da queda do avião Dilma tinha larga vantagem. Os números
de hoje apontam vitória apertada.
Aécio Neves, se for derrotado, vai “perder ganhando” porque
enfrentou dois candidatos: Lula e Dilma, turbinados pela máquina do governo.
Esse é o ponto central da análise. No dia seguinte à
eleição, o PSDB começa a campanha de 2018, liderando a oposição a Dilma.
Resultado: o Brasil ficará quatro anos refém da polaridade
entre petistas e tucanos. Teremos, durante esse período, o replay dos insossos
debates da campanha eleitoral.
GOVERNABILIDADE
No cenário da disputa eleitoral acirrada, o vencedor terá de
construir a maioria com base nos velhos métodos pragmáticos do balcão de
negócios no Congresso Nacional.
O “preço” dos partidos para aderir ao governo tende a
crescer, estimulando a corrupção, animada com a eleição do Congresso mais
conservador desde 1964 (veja aqui).
O perfil do Congresso Nacional é de maioria conservadora e
eleita por esquemas de corrupção. Nessa fauna de maioria bandida, dificilmente vinga
qualquer proposta séria de reforma política.
No seu projeto de manutenção do poder, o PT vai ampliar os
métodos e programas eleitoreiros, de olho em 2018, quando o PSDB virá com mais
força.
ALTERNATIVA
O PT e o PSDB precisam de um concorrente. Marina Silva seria
a alternativa, mas foi um projeto fracassado. Será, no máximo, um anexo dos
tucanos na próxima eleição.
A Rede Sustentabilidade tem apenas um bordão - “nova
política” – mas é a velha direita.
Há espaço e oportunidades para um novo partido, capaz de
colocar-se como alternativa ao assistencialismo petista e à meritocracia tucana.
Os debates na TV entre Aécio e Dilma ficaram nesse lugar
comum, de onde não pretendem sair, sob pena de prejudicarem seus projetos
eleitorais.
PT e PSDB não são esquerda nem direita. Transformaram-se no
velho “Centrão” do espectro partidário brasileiro, alimentados pelo do PMDB, o
parceiro de todas as governabilidades.
Petistas aliam-se a José Sarney e Collor de Melo. Tucanos abraçam Silas Malafaia e Jair Bolsonaro.
Essa polaridade entre semelhantes definha nossa democracia. Eu voto 13, mas sem esperança.
Professor Ed Wilson
ResponderExcluirLeia esse texto interessante sobre "onda conservadora" nessa eleição.
Marizélia Ribeiro
Professora Marizélia Ribeiro, não veio oo link do texto. Mande novamente, por gentileza.
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