domingo, 19 de outubro de 2014

PT E PCdoB NO MARANHÃO: SUTIS DIFERENÇAS

Um release distribuído pela assessoria de imprensa do PCdoB destaca o feito dos comunistas nas eleições de 2014.

O partido elege o primeiro governador, Flávio Dino, garante três deputados estaduais (Marco Aurélio, Raimundo Cutrim e Othelino Neto, os dois últimos reeleitos), um federal (Rubens Junior) e mantém duas vagas na Câmara Municipal (Rose Sales e Prof. Lisboa).

Segundo o release do PCdoB, a “trajetória do partido no Maranhão acumula várias conquistas, expansão e reconhecimento político. Com protagonismo na luta pelo fim do modelo político oligárquico, a legenda esteve no centro do Partido do Maranhão – que representou a união de 9 partidos pela superação do modelo de política oligárquica que se instalou no Maranhão”.

ZIGUE ZAGUE

Os leitores e as leitoras deste blogue precisam saber que nem sempre foi assim. Vejamos:

Corria o ano de 1985. Todo o chamado “campo democrático-popular” engajava-se na consolidação de uma aliança liderada por Haroldo Saboia (MDB) para disputar a Prefeitura de São Luís.

Aos 45 minutos do segundo tempo, o PCdoB abandonou a esquerda para apoiar Jaime Santana (PFL), candidato da oligarquia Sarney.

Santana assustava a cidade com uma campanha milionária, turbinada pelo bordão “Força Total”.

Detalhe: Jaime Santana é filho de Pedro Neiva de Santana, governador biônico nomeado pelo ditador Garrastazu Médici e homem da pré-história da oligarquia.

Saboia e Santana perderam para Gardênia Gonçalves (PDS), esposa de João Castelo (PDS), fazendo uma das administrações mais desastrosas de São Luís.

Dez anos depois, em 1995, o PCdoB estava novamente nos braços da oligarquia, desta vez integrando a equipe da governadora Roseana Sarney, eleita em 1994 com o apoio dos comunistas.

Roseana entregou o Instituto de Terras (Iterma) ao PCdoB e o Incra a Marcos Kovarick. O mandato da filha de Sarney foi renovado em 98 e durou até 2002. Nesse período, a oligarquia esteve oito anos aliada aos tucanos, durante a era FHC.

PRAGMATISMO ELEITORAL
PCdoB aliou-se aos tucanos e obteve melhores resultados eleitorais.
Os comunistas foram pioneiros na aliança com Sarney. O PT chegou depois, em 2010, mas já namorava o coronel desde 2006.
A guinada eleitoral do PCdoB ocorreu a partir de 2008, com a primeira candidatura majoritária de Flavio Dino, concorrendo à Prefeitura de São Luís, coligado ao PT, que indicou o vice Rodrigo Comerciário.

O vencedor foi João Castelo (PSDB), esposo da ex-prefeita Gardênia Castelo, a vitoriosa em 1985.

Registro importante: Flávio Dino recebeu o apoio de Gastão Vieira (PMDB) no segundo turno de 2008.

Em 2010 Flavio Dino teve a primeira disputa ao governo, mas sem o PT, já entregue a José Sarney (PMDB), no acordo com Lula & José Dirceu.

Em 2014, o PCdoB aliou-se ao PSDB de João Castelo, que havia derrotado os comunistas em 1985 e 2008.

O PT seguiu oficialmente com Sarney, mas a Resistência Petista, dissidente da aliança com o PMDB, marchou com Dino.

NOVES FORA
WO, Roseana e Monteiro: aliança com Sarney só serviu para desmoralizar o PT
Petistas e comunistas associaram-se à oligarquia em momentos variados.

A diferença entre o PT e o PCdoB reside na eficácia eleitoral das alianças.

Em seis anos, de 2008 a 2014, os comunistas elegeram dois vereadores, três deputados estaduais e um federal.

Já o PT do Maranhão, tendo a presidência da República desde 2002, só conseguiu eleger em 2014 um deputado federal (Zé Carlos) e dois estaduais (Zé Inácio e Francisca Primo, reeleita).

Honorato Fernandes, vereador petista, já mudou tanto de lado que pode parar no PSTU ou no PCO.

O PT, além do péssimo desempenho eleitoral, ainda perdeu dois deputados, ameaçados de expulsão. O estadual Bira do Pindaré migrou para o PSB e Domingos Dutra filiou-se ao Solidariedade, mas não conseguiu a reeleição.

Péssimo estrategista, o ex-vice governador Washington Oliveira (WO) fatiou o PT em várias franquias e distribuiu em diversos balcões.

WO perdeu a liderança do partido e hoje administra um grupo de derrotados, moral e eleitoralmente.

Do ponto de vista do pragmatismo para a obtenção de mandatos, os comunistas jogaram melhor.

E o PT do Maranhão pode acabar virando uma tendência do PCdoB, sob a liderança de Flávio Dino.

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