sábado, 6 de junho de 2015

A REFORMA CONTRA A POLÍTICA

A proposta de reforma política em andamento no Congresso Nacional tende a piorar o sistema eleitoral e gerar mais corrupção.

No centro da reforma está a tentativa de legalizar o financiamento empresarial das campanhas eleitorais e dos partidos.

Trocando em miúdos: aquilo que já existe, na forma de caixa 2 ou propina, deve ser institucionalizado.

Para ser mais claro: todo o mar de lama envolvendo desvio de dinheiro para os partidos e campanhas pode ficar dentro da lei.

De todos os males, esse é o pior, porque vai constitucionalizar as relações promíscuas entre as empresas e os políticos.

Dentro da lei, as doações empresariais tornarão mais eficiente o esquema do “é dando que se recebe”, ou seja: as empresas financiam as campanhas e em troca recebem as obras e serviços, geralmente viabilizados com propinas e aditivos sem fim.

A constitucionalização do esquema que vem colocando os partidos nas páginas policiais é o maior retrocesso já visto no Brasil, após a redemocratização iniciada nos anos 1980.

Quando todos pensavam que o mar de lama das máfias partidárias ia ser limpo, eis que a sujeira pode ficar ainda maior.

A reforma piorada é conduzida pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um evangélico de bíblia paraguaia e político asqueroso entre os piores ratos criados na República.

Com a legalização do financiamento empresarial, a política se perde no pior momento do Brasil.

A política, no sentido de construção épica da democracia, sofrerá o mais duro golpe se a reforma de Eduardo Cunha for aprovada.

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