domingo, 30 de junho de 2013

MANIFESTO SONORO: A ORGANIZAÇÃO “DESORGANIZADA” NO BRASIL EM TRANSE


Ed Wilson Araujo, jornalista, blogueiro, professor da UFMA

Convergência!

Onipresença!

Palavras voadoras!

Flash Mobs!

Macunaíma tem celular conectado à Internet.

Pare de ouvir e comece a escutar. Quando você escuta, abre os seus sentidos para permitir a sensação do texto falado vibrar nos seus ouvidos, percorrer a sua pele, bater no seu coração e fazê-lo agir.

Atitude é o sentido da comunicação!

Esta madrugada, enquanto eu dormia, os espíritos dos meus heróis falaram para mim. Eu escutei as vozes de Luther King, Maria Aragão, Nietzsche, Bob Marley, Edgar Allan Poe, Tropicália, Ezra Pound, Bob Esponja, Raul Seixas, Titãs, Sítio do Pica-Pau Amarelo, Madre Teresa de Calcutá, Simone de Beauvoir, Karl Marx, Mikhail Bakunim, Raimundo Cabeça Branca e Pamogia de Pinom Pen.

Este manifesto é por eles e por outras tantas milhões de pessoas que ocupam as ruas do Brasil com suas palavras de ordem, suas cores, tambores, cartazes, apitos, skates, bikes, manifestos falados no grito que percute e repercute no peito e nas redes sociais.

Está em curso o colapso do sistema capitalista e novos modos de resistência são gerados. As antigas formas de organizar as pessoas em partidos e sindicatos entraram em declínio. Vivemos a era da organização desorganizada. A massa impulsiva, refém dos seus próprios instintos, das suas paixões, assumiu seu próprio destino e gera uma certeza assustadora: a incerteza!

Luta-se contra aquilo que foi gerado pelos ex-guerrilheiros e ex-presos políticos de esquerda que chegaram ao poder e aliaram-se a José Sarney, Collor de Melo, Renan Calheiros e Marco Feliciano.

E os líderes de hoje que contestam os rebeldes de outrora, o que serão amanhã?
Vivemos a era da incerteza no terreno fértil adubado pela destruição criativa e pelas novas formas de participação. Estamos na era dos Flash Mobs!

Agora é o imperativo tecnológico no comando das redes que mobilizam as pessoas por meio de bits, bilhões de bits por segundo, voando no espaço para conectar as pessoas e as coisas.

Não tem plenária para decidir, não tem comando tripartite nem panfleto unificado, impresso depois de dezenas de mãos mexerem no texto. Só as palavras aladas conectam as pessoas.

Cada qual faz seu protesto grafado nos cartazes criativos. Quanta beleza na anarquia das frases, nos dizeres irônicos, na crítica feroz, no brado retumbante das palavras de ordem improvisadas e incorporadas na multidão.

Há uma nova estética nos protestos. As ruas dos Brasil transformaram-se em palcos das óperas do povo, com seus cantos, gritos de guerra, tintas na cara, grafismos, movimentos corporais, fantasias, discursos, desejos manifestos.

Se as outras gerações contestatórias articulavam-se na luta comum pelo socialismo, a falta de um objetivo estratégico é o que caracteriza os protestos de 2013. Ninguém sabe onde vai parar a multidão em catarse coletiva.

Em meio aos protestos pacíficos e democráticos, a turba desordenada ataca, quebra, vandaliza, deixa transpirar os instintos primitivos do saque e da violência.

Mas, qual é a violência maior:

O desvio de verbas públicas da merenda escolar, que deixa crianças com fome?

O roubo do dinheiro dos hospitais públicos, que mata pessoas?

O investimento de bilhões de reais em estádios de futebol?

Ou a destruição de uma agência bancária, símbolo do capitalismo selvagem?

Os vândalos infiltrados nos protestos agem como iconoclastas que deletaram todos os ídolos. Não acreditam em nada nem ninguém. Só os instintos primitivos da violência os movem para destruir o patrimônio público e privado. Para eles, não ficará pedra sobre pedra.

A política e a guerra de todos contra todos estão nas ruas. A democracia e a intolerância conflitam dentro do conflito. Quem vai hegemonizar os protestos?

O povo nas ruas fabrica uma nova cultura política, já vista em outras épocas (Diretas Já, Impeachment de Collor), mas todas elas controladas pela institucionalidade dos partidos, sindicatos e outras entidades da sociedade civil.

Agora está tudo descentralizado e pulverizado, mas é proibido proibir, como diria Caetano Veloso. Toda liberdade aos partidos e organizações que comungam das pautas de reivindicações dispostas nas ruas.

Estamos todos indignados, partidários ou não!

É proibido ficar parado e aceitar calado a desonestidade, a injustiça, a pilhagem e a corrupção.

Vem pra rua você também!

Queremos punição aos corruptos, repatriação do dinheiro usurpado, escolas e hospitais decentes, transporte de qualidade, ciclovias, parques ambientais, alimentação saudável, praias limpas, menos shoppings e mais áreas de convivência, calçadas, rampas, ônibus adaptados, mais árvores na cidade, paisagismo, beleza nas ruas.  Chega de açoite nos olhos. Queremos infra-estrutura e revolução estética.

A contradição que move o mundo é a boa e velha luta de classes. O império do consumo e do fetiche da mercadoria não traz felicidade!

Lutamos por um Brasil livre da corrupção, plural, com respeito à diversidade sexual e religiosa. O Estado é laico! Democracia na comunicação. Liberdade para as rádios comunitárias e populares. Viva o povo brasileiro, guerreiro, acordado e atento. Viva a revolução!

Encerramos este manifesto com um dos mais belos poemas da literatura universal. Chama-se “E então, que quereis?...”, de Vladimir Maiakóvski:

“Fiz ranger as folhas de jornal
 
abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
 
E logo
 
de cada fronteira distante
 
subiu um cheiro de pólvora
 
perseguindo-me até em casa.
 
Nestes últimos vinte anos
 
nada de novo há
 
no rugir das tempestades.
 
Não estamos alegres,
 
é certo,
 
mas também por que razão
 
haveríamos de ficar tristes?
 
O mar da história
 
é agitado.
 
As ameaças
 
e as guerras
 
havemos de atravessá-las,
 
rompê-las ao meio,
 
cortando-as
 
como uma quilha corta
 
as ondas."

sábado, 29 de junho de 2013

LIGAÇÕES INTERBAIRROS PODEM ALIVIAR ENGARRAFAMENTOS EM SÃO LUÍS


Placa colocada por moradores pede estrada na reserva do Itapiracó

Antes que a reserva do Itapiracó seja transformada em um grande lixeiro, como é de praxe em São Luís, um cidadão colocou uma placa reivindicando a abertura de uma estrada ligando o Cohatrac ao Parque Vitória.

A sugestão procede e deve ser analisada pela Prefeitura de São Luís. Atualmente, quem mora na área do grande Cohatrac e precisa chegar ao Parque Vitória é obrigado a enfrentar a avenida Jerônimo de Albuquerque e o conturbado retorno da Cohab.
Via improvisada aguarda pavimentação e sinalização
Outra opção é acessar a Estrada da Maioba, fazendo um percurso muito mais longo, até alcançar uma vicinal que leva ao Parque Vitória.

Se a Prefeitura abrir uma estrada por dentro da reserva do Itapiracó, sem prejuízos ambientais, vai ligar a avenida Joaquim Mochel à principal via de acesso ao Parque Vitória.

Dentro da reserva já existe uma picada improvisada, mas falta pavimentação e sinalização.

A ligação beneficiaria milhares de moradores do conglomerado Cohab-Cohatrac e desafogaria o trânsito na avenida Jerônimo de Albuquerque.
Às margens da Joaquim Mochel, da Cohab ao fim do Cohatrac, sempre há lixeiros na reserva do Itapiracó
Enquanto a estrada não sai, a reserva do Itapiracó, um dos últimos espaços verdes de São Luís, sofre uma devastação intensa com as margens transformadas em lixões improvisados.

A cena é tão comum em São Luís que já não causa qualquer estranheza.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

MORADORES DO PIQUIÁ PRESSIONAM A PREFEITURA DE AÇAILÂNDIA PARA AGILIZAR ASSENTAMENTO

Subscreva o Apelo: Piquiá quer viver!

Pedimos sua ajuda: envie o texto para a prefeita de Açailândia e para o Governo do Estado do Maranhão. Chega de poluição matando os 1.100 moradores de Piquiá de Baixo, chega de desculpas para atrasar o reassentamento deles!

Piquiá de Baixo é o bairro industrial de Açailândia, poluído há 25 anos por cinco siderúrgicas e a empresa mineradora Vale. 350 famílias sofrem por terem as indústrias “no quintal de sua casa”.

Febre, falta de ar, coceira, alergias, câncer: o lucro vai para poucos, mas esses danos são para todos.

Piquiá luta há sete anos para fugir da poluição. Não conseguindo tirar as empresas, a única solução foi um processo coletivo de reassentamento, numa área livre e digna.

A luta do povo avançou muito, conseguiu parceiros e apoios no Brasil e no mundo. Uma equipe de arquitetos já terminou o projeto habitacional. A equipe de suporte jurídico já articulou o apoio econômico do Governo Federal.

Agora, é só a pequena prefeitura de Açailândia que está atrasando o processo todo.

Ajude os moradores de Piquiá de Baixo, manifeste sua indignação à prefeita de Açailândia e à governadora do Maranhão, peça conosco: “Piquiá: reassentamento já!”

Associação Comunitária dos Moradores do Pequiá
Apoio: Aliança Internacional de Habitantes



quinta-feira, 27 de junho de 2013

ANNA TORRES FAZ CLIP EM HOMENAGEM AOS PROTESTOS



Morando fora do Brasil, onde faz sucesso como cantora, Anna Torres soltou o canto para celebrar e motivar a luta do povo nas ruas.

FUTEBOL E PROTESTOS: SUTIS DIFERENÇAS



Protestos na ditadura militar eram reprimidos com pancadaria, tortura e assassinatos
De todas as novidades provocadas pelas manifestações de rua em 2013, uma se destaca: a Fifa e os gastos com os estádios estão entre os principais motivos dos protestos.

Na década de 1970, quando também havia protestos (porém sob censura da ditadura), o futebol cumpria outro papel: o de narcotizar o povo diante das atrocidades cometidas pelos militares.

A produção audiovisual brasileira está recheada de filmes sobre a ditadura militar, nos quais uma parte do roteiro se repete: cenas da euforia da copa do mundo de 1970 ofuscando o terror das torturas e dos assassinatos.

O sentimento nacional, sempre presente nas manifestações, desde os anos 1960

Os filmes sobre guerrilhas urbanas de resistência à ditadura sempre exploraram o futebol como algo que alienava o povo da luta revolucionária.

Enquanto as torturas e os assassinatos campeavam, o povo, indiferente aos revolucionários, lotava os estádios de futebol.

Os militares souberam cultivar bem a onda ufanista do milagre brasileiro na música que embalou os estádios na conquista do tri-campeaonato mundial (México, 1970) pela seleção canarinho: “noventa milhões em ação, pra frente Brasil, salve a seleção.”

Pelé e o povo nos estádios, enquanto a tortura corria solta nos porões da ditadura

Uma das produções mais expressivas é o filme “O que é isso, companheiro?”, dirigido por Bruno Barreto, baseado no livro homônimo de Fernando Gabeira, que narrou o sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, em 1969, por organizações armadas de esquerda.

Os seqüestradores queriam trocar o diplomata por 15 presos políticos brasileiros e reivindicavam também a publicação de um manifesto revolucionário nos principais jornais nacionais.

No filme, findo o seqüestro, Charles Elbrick foi solto na porta do Maracanã, ao final de um jogo, para facilitar a dispersão dos autores de uma das mais ousadas ações da esquerda brasileira no período ditatorial.

O momento é bom para pensar as relações entre a política e o futebol. Nos anos 1970, com os protestos sob censura, o futebol era o ópio do povo. Nos anos 2013, as manifestações ganham alta visibilidade na mídia, mas os gastos com os estádios são a ira do povo.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

APRUMA CONVOCA PARA ATO PÚBLICO

A APRUMA convida os professores da UFMA a participarem de um ato público marcado para 27 de junho, quinta-feira, com concentração na entrada do Campus do Bacanga, a partir das 16h.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

O PT NO BANCO DOS RÉUS: JÚRI POPULAR


Roseana Sarney com a estrela: retrato falado do PT que vai a juri popular
A democracia brasileira deve muito aos três afluentes que deram volume ao grande rio do PT: as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), o movimento sindical metalúrgico e os estudantes/intelectuais da Universidade.

O Lula sindicalista e a Dilma guerrilheira dedicaram bom tempo de suas vidas à militância na resistência à ditadura militar, nas lutas pela redemocratização e nas mobilizações que conquistaram as Diretas Já.

Pautado em uma visão gramsciana, o PT ajudou a construir um núcleo de forças democráticas e progressistas para a disputa de hegemonia contra os setores ultra conservadores.

O partido criou uma revista (Teoria e Debate), desenvolveu um programa de formação de quadros no Instituto Cajamar e organizou uma fundação (Perseu Abramo), voltada para pesquisa, educação e publicações.

As CEBs, sob orientação da Teologia da Libertação, prepararam milhares de militantes que pulverizaram organizações associativas urbanas e sindicatos de trabalhadores rurais. O Instituto Cajamar formou centenas de militantes e dirigentes com viés de esquerda. E a Fundação Perseu Abramo deu visibilidade aos textos e livros que disputaram no plano político uma visão programática do PT.

PT DE SONHOS

Esse conjunto de utopias desfraldou no Brasil a bandeira da esperança, levando à apaixonante campanha de 1989, embalada pelo jingle “Lula lá”, cantado nas vozes dos artistas globais e até por Chico Buarque de Holanda.

Nas campanhas subseqüentes (1994 e 1998) o PT flexionou ao centro, até chegar à aliança com o PL (Partido Liberal) em 2002. À medida que disputava eleições, a palavra “socialismo” ia desaparecendo dos textos compilados nas resoluções dos congressos nacionais do PT.

Eram as questões programáticas cedendo à pragmática da vitória eleitoral.

Inegável que a vitória de Lula em 2002 interrompeu um ciclo da aliança de extrema direita formada pelo PSDB/PFL (depois DEM). Se FHC tivesse feito seu sucessor por mais oito anos, o Brasil estaria pior.

Os mandatos de Lula, apesar de todas as contradições, foram fundamentais para atenuar a fome a miséria de milhões de brasileiros. Sobre o Bolsa Família, leia AQUI.

Lula também investiu na formação profissional, implantando centenas de Institutos Federais no Brasil inteiro, mas sofre críticas na academia sobre o viés adotado nos programas de qualificação de mão-de-obra.

O governo petista também ampliou o número de vagas para estudantes pobres nas universidades federais, simultaneamente à injeção de recursos nas instituições privadas através do ProUni, onde também há controvérsias.

No geral, a Era Lula foi um festival de oportunidades para quem nunca teve chance sequer de comer carne e beber leite. Gostemos ou não dos programas sociais, alimento é tudo.

PAI DOS POBRES E PADRINHO DOS RICOS

Mas, ao mesmo tempo em que atendeu à pobreza, o governo Lula e a sucessora Dilma fizeram a opção pelos ricos. Com dinheiro do BNDES, o governo financiou as faraônicas obras dos estádios das copas para atender à insaciável fome de lucro das empreiteiras, poderosas financiadoras de campanhas eleitorais.

Lula e Dilma foram generosos com os pobres e atenderam também ao apetite voraz dos grandes grupos econômicos representantes do capitalismo internacional. Os bancos privados e as empreiteiras foram privilegiados com a política econômica e as obras atravessadas dos governos petistas.

Uma delas, a transposição do rio São Francisco, está abandonada. E as usinas hidrelétricas (Belo Monte em destaque) têm uma péssima repercussão internacional devido às questões ambientais.

A mão invisível do mercado entrelaçou a política petista de tal maneira que ficou quase impossível dissociar a teia da corrupção dos avanços do governo. Para formar maioria, o PT recorreu aos expedientes do máximo pragmatismo e caiu nas garras do STF no julgamento do Mensalão.

Assim, os ex-presos políticos que ajudaram a construir o PT estão na iminência de outro tipo de prisão – por crime de corrupção.

Essa necessidade da maioria no Congresso Nacional tornou o petismo refém do PMDB.

MAIORIA CARA

A maior chaminé de São Luis na termelétrica de Eike Batista
Alianças com gente do tipo de José Sarney (PMDB) não correspondem apenas a apoio político-partidário. Tem negócios pelo meio que fizeram a burguesia brasileira empanturrar-se de dinheiro público financiado pelo governo do PT.

Basta ver, por exemplo, o multibilionário Eike Batista, beneficiário dos negócios das copas para administrar o Maracanã, paralelamente à voracidade com que compra hotéis no Rio de Janeiro.

Esse mesmo Eike Batista arremata leilões da Petrobras e enfia na ilha de São Luís uma termelétrica a carvão mineral, insumo altamente tóxico rejeitado no mundo inteiro.

 
Termelétrica vai queimar montanha de carvão mineral na ilha de São Luís
A termelétrica de Eike tem a maior chaminé da capital do Maranhão e vai produzir energia, área controlada pelo ministro Edison Lobão (PMDB), sócio político da oligarquia Sarney.

Quantos cartões do Bolsa Família valem um Eike Batista?

PAGANDO PARA VER

A fartura de dinheiro público do governo federal beneficiou também o império midiático, privilegiando as Organizações Globo. Nos 10 anos de governo petista, a família Marinho recebeu disparado a maior parcela da verba publicitária do petismo, que tanto falou em democratizar os meios de comunicação.

De 2000 a 2012, a Globo recebeu R$ 5 bilhões, 863 milhões de verbas publicitárias do governo federal. A Record, no mesmo período, ganhou R$ 1 bilhão, 571 milhões.

Os dados são da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, compilados e divulgados no blog de Fernando Rodrigues, do UOL.

 
Dinheiro farto do PT na Globo e quase nada para as emissoras públicas
INVERSÃO DE PRIORIDADES

No país necessitado de investimentos em estradas, ferrovias e portos, componentes indispensáveis para o desenvolvimento do país, o governo priorizou as obras faraônicas das copas, cujos resultados são questionáveis após os campeonatos internacionais.

O que fazer com um estádio em Manaus, onde sequer há times profissionais de futebol?

Enquanto os oligopólios midiáticos, os bancos privados e as empreiteiras alimentam-se dos esquemas petistas, muitos deles irrigados pela corrupção, o setor público segue quase falido. E as obras importantes, até mesmo do setor privado, foram colocadas em segundo plano.

É tudo uma questão de tempo. Investindo em ferrovias e estradas agora, o Brasil estaria colhendo resultados daqui a dez anos. Que colheita teremos na próxima década com os estádios de futebol?

QUE FAZER?

Com o povo nas ruas, os petistas estão relendo o clássico “Que fazer?”, de Lênin.

Os quadros do movimento sindical, os ex-líderes estudantis e parte dos intelectuais passaram a compor a base do governo, ocupando cargos burocráticos e mandatos, deixando um vazio na sociedade civil.

Os movimentos sociais antes controlados pela CUT dissiparam-se diante de novas frentes de luta com outras formas de organização: GLBTT, negros, mulheres, índios, juventude, ambientalistas, sem teto, sem terra, ativistas de direitos humanos, mídias livres etc.

Longe das bases e priorizando as novas amizades, Lula fez rasgados elogios a José Sarney, abraçou-se com Maluf e vê em Collor um aliado.

Nesse vácuo, os protestos de rua de 2013 são, em parte, culpa do PT, que agora é julgado com palavras de ordem, cartazes, passeatas e vandalismo.

Depois do Mensalão no STF, o PT vai a novo júri – do povo!

domingo, 23 de junho de 2013

IMPORTAR MÉDICOS NÃO RESOLVE O PROBLEMA DA SAÚDE

No pronunciamento em rede nacional de rádio e TV, a presidente Dilma Roussef (PT) anunciou a importação imediata de "milhares de médicos do exterior para ampliar o atendimento". A promessa foi feita no calor das manifestações gigantescas que ocupam as ruas do Brasil reivindicando melhoria dos serviços públicos.

Dilma disse estar ouvindo a voz das ruas, mas parece não ter entendido. A população não está pedindo medidas atropeladas para atenuar os problemas. A voz das ruas está reivindicando o funcionamento efetivo do Sistema Único de Saúde (SUS), uma conquista da sociedade civil brasileira.

De que adianta contratar milhares de médicos se os hospitais públicos e toda a rede de serviços laboratoriais encontram-se em precárias condições de funcionamento?!

Se o governo foi generoso e célere com as empreiteiras para investir dezenas de bilhões de reais nos estádios da Copa das Confederações e da Copa do Mundo, porque não investe no SUS?

O governo do PT deveria também fazer uma força-tarefa para combater a corrupção na área de Saúde, onde as quadrilhas organizadas desviam até sangue dos hemocentros.

A população deseja investimentos concretos nos hospitais públicos e combate à corrupção. Como dizem os cartazes nas ruas, queremos hospitais públicos "padrão Fifa".

Importar "milhares de médicos", como prometeu a presidente, pode até piorar a situação, por incrível que pareça.

sábado, 22 de junho de 2013

MULTIDÃO VOLTA ÀS RUAS EM SÃO LUIS, MAS O PROTESTO TEVE PELEGAGEM DO PMDB

Nem a chuva segurou a multidão na ponte José Sarney. Foto: Murilo Santos.
A chuva torrencial, os bloqueios da SMTT em vários pontos da cidade e a pelegagem da Juventude do PMDB não conseguiram impedir que milhares de pessoas voltassem às ruas de São Luís, neste sábado, para retomar a mobilização.

Além dos bloqueios da Prefeitura, todo o aparato repressivo da Secretaria de Segurança (soldados, viaturas, tropa de choque, cavalaria e helicópteros do GTA) foi colocado nas ruas para reprimir os protestos. A polícia concentrou maior força nos acessos ao Palácio dos Leões, sede do governo estadual, para onde os manifestantes dirigiram-se no início, sem conseguir furar o bloqueio.
SMTT bloqueou os acessos em vários pontos da cidade
Parte da multidão atravessou a ponte José Sarney, mas foi contida pela polícia no retorno do São Francisco, onde a manifestação se dispersou e um grupo seguiu para a Assembleia Legislativa, na avenida Jerônimo de Albuquerque.
 
Manifestantes a caminho da praça Maria Aragão. Foto: Israel de Napoli
Desde ontem, o governo Roseana Sarney (PMDB) vinha espalhando um clima de terror na cidade, que culminou com o anúncio de fechamento dos arraiais dos festejos juninos, na tentativa de desarticular a mobilização.

Mesmo assim, milhares de pessoas compareceram ao protesto e mais uma vez demonstraram disposição de seguir lutando por mobilidade, mais recursos para a saúde e a educação, por reforma política, contra a PEC 37 (que reduz o poder de investigação do Ministério Público) e repúdio às atrocidades cometidas pelo deputado pastor Marco Feliciano (PSC) na Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal.
 
Multidão atravessou a ponte São Francisco e marchou na avenida Castelo Branco
Os gastos abusivos de recursos públicos com as obras faraônicas de construção dos estádios para as copas também voltaram a ser criticados nos cartazes, faixas, banners e nas palavras de ordem.

PMDB TENTA ESVAZIAR NO FINAL

Parecia coisa de amador, mas era profissional. No fim da tarde, o carro de som da Juventude do PMDB protagonizou uma das cenas mais repugnantes da manifestação.

A ponte do São Francisco e parte da avenida Beira-Mar estavam tomadas por milhares de pessoas, aguardando uma decisão sobre o roteiro final do protesto.

Os "militantes" peemedebistas revezavam-se ao microfone explicitando em alto e bom som um suposto desentendimento sobre qual destino seguir. Enquanto a massa gritava "palácio, palácio", sugerindo a marcha rumo à sede do governo estadual, a Juventude do PMDB empacava na cabeceira da ponte, sem tomar uma posição diante dos manifestantes.

Mas o absurdo ainda estava por vir, quando um dos oradores pediu uma vaia nas pessoas que estavam sentadas, supostamente impedindo a retomada da passeata. Detalhe: não havia ninguém sentado. Todas as pessoas estavam de pé, na ponte e espalhadas na avenida Beira-Mar.
Manifestantes permaneceram na rua após a debandada do PMDB
Jornalistas que acompanhavam de perto o carro de som ficaram revoltados com o pedido de vaia, feito pelo menino peemedebista, contra os próprios manifestantes que aguardavam o deslocamento do veículo.

Sem apoio dos manifestantes, só restou ao carro de som do PMDB bater em retirada, pegando uma sonora vaia da multidão.

Para brindar o sucesso da luta e o ocaso dos pelegos, um arco-íris pintou no céu da ilha rebelde.
O colorido da manifestação repercutiu no céu. Foto: Ed Wilson Araújo
E assim terminou mais um dia de protestos em São Luís.