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sexta-feira, 2 de outubro de 2015

LANÇAMENTO: UM LIVRO DE CRÍTICA

São Luís do Maranhão é reconhecida como a “Atenas brasileira”, em alusão à frondosa geração de intelectuais que por aqui viveu no séc. XIX, sempre saudada como excepcional e digna mesmo de um Panteão. Esse título foi e é repetido e reproduzido para dar ao estado ares de intelectualidade que contrastam com seu quase ¼ de população analfabeta.

Em 1878, um membro preterido da elite do Maranhão decidiu rechaçar a ideia de Atenas brasileira e o pessoalismo que reinava no campo literário de então. Tendo como alvo o livro Pantheon Maranhense, monumento de consagração dos ilustres letrados falecidos do estado, Um livro de crítica (que a Pitomba! Livros e discos lança neste domingo, dia 04, às 18h30, na Feira do Livro de São Luís), de Frederico José Correa é uma peça rara na historiografia brasileira. Nele, o autor expõe as feridas e deixa ver a fragilidade de um país “em formação”, envolto em autoconsagração e na “infâmia” da coterie. Esta é a segunda edição da obra, que foi lançada há 137 anos.

AUTOR PROSCRITO

Frederico José Correa (advogado que chegou a ser presidente da Província) e seu livro passaram, desde então, por um processo de encobrimento, tornaram-se envoltos em informações imprecisas, dados falsos e, principalmente, em silêncio, como uma mácula à ideia de uma Atenas brasileira letrada na ilha do Maranhão. Correa só é mencionado em notas de rodapé, como um “escritor menor”, eventualmente no mesmo cofo daqueles que tanto criticava, mas nunca reeditado ou estudado em profundidade ou, como disse Nascimento de Moraes em Vencidos e degenerados, “Procuravam, mesmo, abafá-la; a sua divulgação não era própria, não trazia vantagem às letras pátrias”. Não interessava aos mantenedores da Atenas a obra de Correa, como atesta o historiador Henrique Borralho em um dos ensaios que completa esta edição.

ENSAIOS E FORTUNA CRÍTICA

Além do texto integral de Um livro de crítica, esta edição contém ensaios de Ricardo Leão (autor do livro Os atenienses e a invenção do cânone nacional) e Henrique Borralho, (autor de Uma Athenas Equinocial: a literatura e a fundação de um Maranhão no império brasileiro), que analisam a obra de Correa no séc. XIX e seus usos e encobrimentos no séc. XX. O historiador Bruno Azevêdo, editor da obra, pesquisou a fortuna crítica do livro e a biografia de Correa, com artigos e resenhas de Um livro de crítica, ainda em 1878, até os obituários do autor. O volume, composto em tipografia inspirada na dos anos 1800, traz ainda um glossário montado como um Almanak de época. A capa é do designer Waldeilson Paixão, a partir dos impressos da Tipografia do Frias, que rodou a edição original. A preparação de texto é de Sebastião Moreira Duarte.

Leia um trecho

“Nada mais apreciável do que um bom livro de crítica. O seu autor, colocando-se acima de todas as considerações que fazem o espírito de roda, só olha ao mérito real, e com uma justa e acertada censura proclama os talentos de uns, confunde a mediocridade de outros, corrige erros onde não foram notados, descobre belezas que a outros escaparão, faz calar a opinião de tantos que se fizeram juízes, sem o poderem ser, e desmascara a petulante coterie, que se serve de meios industriosos para dar celebridade a quem a não merece, só porque pertence a certa família de privilegiados, só porque estudaram juntos ou os ligam outros laços e circunstâncias que geram a comunhão de interesses.”

UM LIVRO DE CRÍTICA
228 páginas, 15,5 x 22,5 cm
Preço sugerido R$ 50,00
Capa de Waldeilson Paixão

Serviço / Lançamento
Um livro de crítica,
de Frederico José Correa
Bruno Azevêdo (org.)
Ensaios de Ricardo Leão e
Henrique Borralho

Domingo, 04/out, 18h30
FEIRA DO LIVRO DE SÃO LUÍS
(Praia Grande, Centro)
Mesa com Ricardo Leão,
Henrique Borralho e
Sebastião Moreira Duarte
(mediação: Bruno Azevêdo)

Contatos:
Bruno Azevêdo
98-98159.0200
fb/pitombalivrosediscos

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