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sexta-feira, 1 de julho de 2011

VLADIMIR PALMEIRA DEIXA O PT

Cada vez mais parecido com qualquer outro partido, o PT vai perdendo seus fundadores e melhores quadros. Houve um tempo em que filiação ao PT tinha tempo de espera e sabatina.


Hoje os filiados são capturados em arrastões na periferia ou em setores antes criticados no petismo: madeireiros, latifundiários, empresários enrolados com o fisco, lobistas e até bandidos de colarinho branco.


Vladimir Palmeira, um quadro da esquerda brasileira, é forçado a sair. Delúbio Soares, protagonista do maior escândalo de corrupção no partido, é recebido com festa na refiliação. Veja a carta de Palmeira:


Ao Diretório Muncipal do PT-R.J.

Venho, por meio desta, me desfilar do PT. Não o faço por divergências políticas fundamentais, embora minha carreira minoritária seja de todos conhecida. Sempre me coloquei mais à esquerda da linha oficial, mas nada que, nas circunstâncias brasileiras, me levasse a deixar o partido.


No entanto, a volta ao partido de Delúbio Soares, justamente expulso no ano de 2005, me impede de continuar nele. Pela questão moral, pela questão política, pela questão orgânica. Pela questão moral porque é evidente que houve corrupção: não se pode acreditar que um empresário qualquer começasse a distribuir dinheiro grátis para o partido. Exigiria retribuição, em que esfera fosse.


O procurador federal alega que são recursos oriundos de empresas públicas, sendo matéria agora do STF. Mas alguma retribuição seria, ou a ordem do sistema capitalista estaria virada pelo avesso.


Pela questão política porque o PT assumiu um compromisso com a sociedade, quando apareceram as denúncias: o compromisso de punir. E sustentamos que punimos. Punição limitada, na opinião dos petistas do Rio de Janeiro, que por seu DR pediram mais dureza, ao mesmo tempo que apontavam o caminho da Constituinte exclusiva para a reforma política imprescindível. Punição limitada, repito, mas efetiva.


Pela questão orgânica, porque o ex-tesoureiro não só agiu ilegalmente com relação à sociedade, mas violou todas as normas de convivência partidária, ao agir à revelia da Executiva Nacional e do Diretório Nacional.


A volta de Delúbio faz com que todos se pareçam iguais e que, absolvendo-o, o DN esteja, de fato, se absolvendo. Ou, mais propriamente, se condenando, ao deixar transparecer que são todos iguais. Não creio que o sejam.


Já tinha definido que sairia caso o ex-tesoureiro voltasse. Mas, em primeiro lugar, tive que advertir amigos e companheiros mais próximos, sob pena de lhes causar embaraços. Por outro lado, o governo Dilma entrou em crise, em função das acusações contra Palocci. Sanada a crise, comunicados os companheiros, posso, afinal, lhe entregar esta carta.


Mando um abraço para você e para todos os que, dentro do PT, lutam por uma sociedade mais justa.


Rio de Janeiro, 27 de junho de 2011.


Vladimir Palmeira

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